Rachel, quase 32, gorda.

Terceira gestação.

Eu sempre fui gorda. Este corpo gordo, nos últimos 14 anos pariu duas crianças incríveis, pulou, dançou, trepou, viveu, comeu, trabalhou muito, fez academia, parou a academia, começou três faculdades, largou as três.

E então essa gravidez, 10 anos após a última.

Eu, que não sou dada ao desespero, no primeiro vacilo chorei. Meu primeiro questionamento foi: será que meu corpo aguenta? EU NÃO TENHO MAIS 18 ANOS. ZIKA. MEU FILHO MAIS NOVO TEM DEZ ANOS. EU CAÍ SEMANA PASSADA E TORCI O TORNOZELO. Assim mesmo, em caps lock. Minha mente gritava.

“É lógico que aguenta.” Veio num sussurro, e eu quase não percebi. Que sorte ter ouvido, que sorte.

Eu sempre quis, mas tinha medo. Medo financeiro, medo de não dar conta. Medo de, sei lá. As crianças estão grandes, eu voltei a ter vida social tem bem pouco tempo. É isso que eu quero então? Anos sem poder ir ao bar beber uma com os amigos. Sem poder ir ao cinema com meu marido. Terei que dar uma pausa nos meus trabalhos com a Umbanda. Pensar em outro jeito de trabalhar. Eu quero mesmo isso?

Quero.

Que doido. Eu quero.

“Mas você está imensa de gorda. Tem certeza?”

Tenho.

Vai ser uma aventura e tanto.