EP07 — A decisão

Carol Oliveira
A Oficina
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3 min readNov 12, 2018

Gustavo larga o velho amarrado e desacordado em seu apartamento e segue com seu plano. Ele dirige até a casa do velho, estaciona o carro um pouco longe e aguarda o momento em que a esposa sairá para trabalhar. Tinha tudo planejado, ele só queria que eles sentissem na pele o que era perder o amor da sua vida e não poder fazer nada. Ele queria vingança, mas algo não estava nos seus planos.

Quando a porta se abre, surge uma moça puxando com dificuldade uma cadeira de rodas para fora da porta da frente. Ela grita que já está indo embora, ajeita a pessoa que está na cadeira e então Gustavo vê que é uma adolescente, aparentemente com algum tipo de paralisia nas pernas.

Ele assiste a mulher sair com dificuldade pelo portão da frente e ir em direção à um carro estacionado. Seu instinto o faz perceber que ela precisa de ajuda para colocar a adolescente no carro, e logo se pega saindo do carro sem pensar muito no que está fazendo.

Nesse momento, o celular dela toca:

— Oi Pedro, porque você não veio buscar a gente? Tá, seu trabalho é sempre mais importante… Eu tô cansada Pedro, cansada de ter que pedir ajuda pra sua mãe, cansada de lidar com tudo isso sem você. Eu vou desligar, preciso levar a Juliana na fisioterapia.

A moça desliga o telefone, respira fundo e olha para a adolescente que está na cadeira de rodas, cabisbaixa e chorando:

— Tá tudo bem meu amor, você não tem culpa. Eu e seu pai brigamos mas tá tudo bem, agora vamos parando de chorar que hoje vai ser um dia muito bom e você vai conseguir, tá bom? — A adolescente só responde que sim com a cabeça e abraça a moça.

Gustavo está paralisado vendo toda a cena acontecer, e sua cabeça funcionando a um milhão por hora. Pedro era o filho do velho que armou tudo para que ele fosse o diretor do Hospital invés de Gustavo, aquela moça era sua esposa e Juliana, a menina da cadeira de rodas, era filha deles. Ele sente as lágrimas escorrerem quando se dá conta de que a adolescente aparenta ter a mesma idade que sua filha Luíza teria, se estivesse viva.

Suas pernas travam e ele não consegue chegar até a moça. Ele pensa em voltar para o carro e decidir o que fazer a partir de agora, mas ela o vê e grita de longe:

— Hei, você pode me ajudar aqui, por favor?

Oficina é um projeto constituído por oito escritores, que não realizam apenas troca de conhecimentos na área literária, mas também propõem contar uma história de forma compartilhada, ou seja, construir juntos uma mesma história, cada qual continuando-a em sua narrativa, assim sem previsão de como pode ser o final.

O texto que você acabou de ler faz parte da primeira temporada “Onde Tudo Começa”, que terá 8 episódios publicados toda Segunda e Quinta-feira.

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Leia o episódio anterior:

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Carol Oliveira
A Oficina

Diante de tudo, escrever ainda é a melhor solução.