Deus, você existe mesmo?

Douglas Amorelli
Revista Simbiose
Published in
2 min readJul 15, 2016

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Desculpe perguntar, mas é que até hoje não nos conhecemos. Pelo menos acredito que não.

Nosso primeiro contato foi no batismo, em igreja católica. Pena que eu era recém-nascido. Se hoje a minha memória não é lá essas coisas, imagina em 1992, não é mesmo.

Depois disso, em solo evangélico, tivemos uma outra oportunidade. E poderia ser um desse meet & greet com famoso, porque a minha mãe deu (muito) dinheiro à igreja - e não te conheci novamente.

Mas olha, eu não desisti.

Voltei ao catolicismo para fazer um combo Primeira Comunhão + Crisma de uma vez só. Tipo uma Maratona Cristã, dessas similares às dos seriados. Por mais gentil e carismática que fosse, minha catequista não sabia responder diversos questionamentos e dúvidas que tinha sobre você.

Continuei tentando.

Fui ao Segue-me, um encontro da igreja em que todos diziam ser esclarecedor e impactante. Ouvi boas palestras, mas você, Deus, não vi mais uma vez. E foi frustrante, porque milhares de pessoas desmaiavam à direita, outros milhares choravam à esquerda e, para mim, a melhor hora era a da refeição.

Além disso, vi palestra de ‘líder jovem’ pregando castidade, mas que faz sexo no carro. Nada contra fazer amor no estacionamento. Tudo contra a hipocrisia.

Então passei a frequentar a igreja por convenção. Porque minha família pede, porque alguém me convida, mas, no fundo, porque tenho - ou tinha - medo de desconfiar da existência de Deus.

Será que todas as coisas que conquistei na minha vida foram pelo meu esforço e determinação, ou simplesmente porque você me abençoou? Se eu der um dízimo, minhas conquistas serão ampliadas?

Por que as pessoas que pregam em seu nome são acusadas de pedofilia em vários lugares do mundo?

Por que as pessoas usam seu nome para entrar na vida política e assim denominar uma bancada no Congresso?

Por que as suas ‘casas’ não precisam pagar impostos e a minha precisa? Você prega a igualdade, mas é diferente de nós?

Por que pessoas usam seu nome para discriminar minorias?

“A igreja é feita por homens” - e esse é o pior argumento de todos. Por que, então, as comunidades aceitam esses homens? Por que pessoas como Silas Malafaia, Marco Feliciano e Eduardo Cunha têm o apoio de diversos fiéis? Todos entenderam errado as suas palavras?

Ou você precisa vir ao mundo para esclarecer tudo, ou trocar urgentemente os seus porta-vozes. Continuo esperando por uma oportunidade.

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