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João Engajador

Douglas Amorelli
Revista Simbiose
Published in
3 min readApr 3, 2017

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Pesquisa da Sprinklr mostra:

Em comparação com outros prefeitos estreantes no executivo, Dória tem um crescimento de 28,3 mil pessoas por dia no seu Facebook. Sua atividade bimestral (curtidas, comentários e compartilhamentos) chegou a incríveis 13 milhões - 15 vezes maior que a de Crivella, do Rio.

Para reforçar: 57% dos comentários transitam na parte positiva - interessante para páginas políticas. O João, que se chama de trabalhador, é também engajador. Sua receita conta com a imagem do gestor, uma pitada de populismo e grandes quantidades de materiais para as redes sociais.

GESTOR

João Dória é um exemplo do novo perfil de políticos que vêm por aí: os não-políticos.

Sim, o brand da política está tão ruim que os empresários, prestes a pleitearem um cargo público, se vendem como gestores, não como políticos (como se um prefeito não fosse político). E funciona! Trump (EUA) e Alexandre Kalil (Belo Horizonte) foram eleitos com este discurso - guardadas as devidas proporções.

POPULISTA

Nem sempre o Populismo pode ser associado a algo ruim. Dória conversa com a massa (no digital e no tete a tete). Não é à toa que ele se veste de operário para entregar obras de calçada, ou de gari para fazer um mutirão de limpeza. Doa seu salário de prefeito (como se precisasse) para instituições de caridade. Faz questão de conversar com instituições privadas (tão combatidas pela esquerda) para melhorar o serviço público a curto prazo. E, claro, tudo isso faz muito sucesso.

Cara, não importa se é de madrugada. O pobre, que tem como referência as filas do SUS, está sendo atendido no Hospital Sírio-Libanês. Você tem ideia do que isso representa para eles?

Dória não distingue seus feitos por importância. Se é para plantar uma árvore, ou lançar um mega pacote de obras, ele está lá - presencialmente e ‘digitalmente’.

DIGITAL

As redes sociais dele distribuem materiais - em grandes escalas - do gestor populista que tem 77% de aprovação da população aplicando a receita básica do Facebook: interação + bastidores. O prefeito de São Paulo conversa com os internautas após cada evento, dizendo aos cidadãos de São Paulo o que está fazendo. Sempre olhando muito perto da câmera (proximidade) e sem gravata (cidadão comum).

A maioria dos comentários são respondidos: os detratores sem argumento começam gradualmente a desistir dos ataques. Os apoiadores se sentem ouvidos e valorizados.

Uma das suas medidas utilizadas pela oposição para atacar a nova gestão virou, recentemente, um puta case digital. A gigante Amazon fez uma propaganda ironizando as paredes cinzas de São Paulo. João - que conta com o apoio de 97% da população contra as pichações - respondeu no seu Twitter, incentivando a empresa internacional - que se preocupa tanto com São Paulo - a doar livros e computadores para as bibliotecas e a rede de ensino do município. Foi a deixa para grandes marcas - como a Microsoft, Saraiva e KaBum, aproveitarem a oportunidade para fazer marketing social: deixa a Amazon pra lá, a gente doa.

O que o cidadão vê: computador novo na escola do meu filho;
Custo para a prefeitura: R$ 0,00;
Pontos para o Dória: muitos.

Num momento de emburrecimento da esquerda (que atua como nos anos 90) e crise na identidade política, ele, em apenas três meses de vida pública, já está sendo cotado como um nome forte para a presidência, ano que vem.

Parece fácil, né?

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