Crônica sobre dias atrasados
Tem dias que você perde a hora, e corre para o ponto de ônibus na esperança de encontrar alguém para perguntar “o número X já passou?”, mas não há ninguém lá, todos já pegaram suas conduções. A única coisa que você tem a fazer é olhar para o relógio pensando nos 15 minutos de tolerância, esta regra universal dos atrasos de tudo. Mas já se passaram 25 minutos e resta a você pensar que o seu compromisso pode ser adiado, na desculpa da dor de barriga, do ônibus que quebrou, da enxaqueca, da tia distante que faleceu. Tudo, menos o seu próprio atraso.
Mas quem não se importa com as horas, nunca está atrasado, nem precisa de desculpas para seus minutos a mais de sono ou preguiça de sair da cama. E às vezes a vida te deixa um livro de poemas esquecido propositalmente em uma parada de ônibus vazia. E ele pode ser uma boa desculpa para você justificar o seu atraso.