Crônica sobre dias atrasados

Rodrigo Sérvulo
a terceira margem
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1 min readJun 30, 2016

Tem dias que você perde a hora, e corre para o ponto de ônibus na esperança de encontrar alguém para perguntar “o número X já passou?”, mas não há ninguém lá, todos já pegaram suas conduções. A única coisa que você tem a fazer é olhar para o relógio pensando nos 15 minutos de tolerância, esta regra universal dos atrasos de tudo. Mas já se passaram 25 minutos e resta a você pensar que o seu compromisso pode ser adiado, na desculpa da dor de barriga, do ônibus que quebrou, da enxaqueca, da tia distante que faleceu. Tudo, menos o seu próprio atraso.

Mas quem não se importa com as horas, nunca está atrasado, nem precisa de desculpas para seus minutos a mais de sono ou preguiça de sair da cama. E às vezes a vida te deixa um livro de poemas esquecido propositalmente em uma parada de ônibus vazia. E ele pode ser uma boa desculpa para você justificar o seu atraso.

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Rodrigo Sérvulo
a terceira margem

Potiguar, radicado em São Paulo. Autor d'O diário de âncoras (2015); Casa é o seu 2º livro, resultado de mudanças, viagens e experimentos na escrita e culinária