Desespero: não posso viver os prédios

Deua Medeiros
a terceira margem
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1 min readMar 14, 2016

O amor esbarra no concreto

Na paisagem cinza-escuro

O seu efeito é indireto

E um tanto obscuro

Então pergunto: e o correto,

Fica em qual lado do muro?

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Escuridão de vários sóis

Enebriante odor de estrume

De longe, os mesmos faróis

De algum modo vagalumes

Com todas suas luzes-anzóis

Que fazem sangrar chorume

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Que atraem e que rasgam

Almas dormentes da cidade

Pessoas que vivem e que matam

Com toda essa tranquilidade

Em casas de vidro que esmagam

(Espelhos da verdade)

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Reluzentes por mãos negras

Que a essa hora já se têm ido

Viver sob outras regras

Em algum lugar esquecido

Que mesmo pobre ainda se nega

A fazer parte deste cristal partido

Foto: Pedro Andrade

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