Muros

Bia Madruga
a terceira margem
Published in
1 min readDec 12, 2016

Colocando os muros em volta, as paredes intransponíveis, ininteligíveis, compreensíveis. Observo o sorriso simples vendo que ele diz um nada imenso, um sorriso que me diz abismos. Seus olhos pequenos e rasos me comunicam ambiguidades o tempo todo. A cada vislumbre deles penso que você se declara timidamente e diz bem certo que o que existe entre nós tá errado de ser assim, tá certo de ser de outro jeito. Eu confio e espero. A cada vislumbre deles penso que você quer os nadas, não se importa, não me gosta de nenhuma maneira, desconfio e desespero toda vez.

O abraço de encaixe tão certo decerto é seu paradoxo de muros perfeitos em volta de si. Tento ir por dentro do abraço, dos braços, de si, tento abrir meu espírito ainda mais para que seu abraço escute minhas perguntas e responda sem muros, sem guarda, sem paredes tão duras, quem você é e o que tanto quer de mim de nós de si.

Seus muros fortes me dizem que você está por aqui de passagem, fingindo-se ficar, deixando-se ficar, falando com os olhos que me ama e com o sorriso que me detesta um pouco, e com essa voz suave que quer tanto que eu fique mas que não faz a menor questão caso eu diga que vá.

Que vá.

--

--