Sorrir sem palavra

Bia Madruga
a terceira margem
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1 min readFeb 20, 2017

Sonhei com um caminho errado pelo centro da cidade, que terminava em policiais, fuzis, fila para quem não quisesse enfrentar e fugisse, fugi,

sonhei com um encontro errado de frente pro mar, alguém mais errado que eu, mais perdido, mais sem rumo, sem nenhum desespero e propondo acordos e encontros, o mar estava até feio e fazia barulhos baixos, disse não e fugi.

Acordei sem susto mas com uma tristeza participando de tudo, observando e sem sentir pena nenhuma de mim,

estive então mais frustrada, e sem desespero pedi que viessem as coisas boas, ou agora ou amanhã, ou a partir de amanhã, queria e ainda quero que as coisas boas venham com certa rapidez porque sofrer me traz certa pressa e às vezes uma desistência antecipada.

Sonhei com músicas e crianças, saxofone, piano de armário, dois saxofones em harmonia completa, crianças que se apareciam e se iam pelo sonho e sorriam mais, assim como a música sorria sem dizer palavra, e todos ao redor faziam igual: sorríamos sem dizer nada.

A música e a infância era tudo o que queríamos ser, era tudo o que precisávamos ser, ali,

então deixamo-nos ficar. E o sonho foi longo quase até de manhã.

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