A vida prévia de Ash Cobalt
Parte 3 - Buffalo divisão
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Em 1939 eu completei 18 anos de idade e ingressei nas fileiras do Exército Americano. Realizava então, o sonho do meu pai. Por sorte, em Camp Funston ficava localizada a 92ª Divisão de Infantaria Americana, quartel onde eu me alistei sem precisar mudar de cidade. Lá eu aprendi tudo sobre a vida militar.
Não demorou muito para que eu conseguisse enxergar as vantagens de ter me alistado. Uma delas era que eu não precisava voltar pra casa todos os dias e a comida era bem melhor do que os Chapatis diários. A outra era que eu conseguia juntar uma grana, que na minha cabeça ainda serviriam pra reencontrar a Júlia. Eu sempre fui um cara egoísta. Percebe-se isso nos meses que passei sem gastar com itens pessoais ou ajudar em casa. Para minha mãe isso era um absurdo, pois ela esperava algum retorno financeiro da minha parte. Já meu pai não tinha nenhuma preocupação quanto a isso. Apenas pedia-me de presente algumas fardas de combate que não me serviam e fotos onde eu aparecia fardado ao lado de blindados e armamentos pesados. Para ele era satisfatório.
O 92º era um Batalhão que estava designado para a Segunda Guerra Mundial. A unidade era formada por negros americanos e afrodescendentes praticamente de todos os estados americanos. Eu era um dos poucos brancos, o que ás vezes era motivo de brincadeiras de mal gosto por parte de meus colegas. Isso nunca me incomodou de verdade, tirando o fato de eu acabar me sentindo especial naquela situação. O Batalhão foi presenteado com a insígnia dos “Buffalo Soldiers” em 1918, antes de partir para uma campanha na França. O termo “soldado búfalo” foi criado pelos índios que pensavam que os soldados negros, com sua pele escura e cabelos encarapinhados, pareciam búfalos. Com esta segregação, foi a única divisão de infantaria americana composta por negros.
Já eram passados 3 anos naquela unidade até que em 1942, sob o comando do General de divisão Edward Almond, a 92ª iniciou seu treinamento de combate para a guerra. Desde então passamos por um período de formação mais rigoroso, onde vários psicólogos nos acompanhavam antes de cada série de treinamento. Eles queriam comprovar que os militares que fossem enviados aos campos de batalha poderiam suportar as experiências vivenciadas.
Durante o treinamento, aprendemos a dirigir qualquer tipo de veículo. Todos os soldados eram obrigados a dirigir em caso de necessidade. Foi aí que nos foram apresentados todos os veículos que partiriam aos campos de batalha. Entre eles, um Jeep Willys, modelo utilitário leve 4x4 produzido pela Willys Overland e pela Ford. Era um veículo recentemente lançado e logo caiu na preferência dos oficiais. Não só na deles, é claro, mas os soldados designados para dirigir os Jeeps foram escolhidos a dedo. Não era pra qualquer um, apenas os melhores motoristas ficariam encarregados disso.
Como péssimo motorista, fui designado para a função de transportador de munições junto a outros dois Soldados e um Sargento chamado Jordan Stan, que era formado em História. Com ele, durante 2 anos de treinamento eu aprendi bastante coisa sobre o Batalhão e sobre a Primeira Guerra Mundial. Ele também era especialista na manutenção de viaturas operacionais e não demorou muito para que o mesmo enviasse uma carta ao comando solicitando um dos Jeep Willys para facilitar o transporte das munições. Pedido que foi rapidamente atendido e então, eu pude ter várias experiências naquela viatura que parecia imbatível.
Nosso trabalho em equipe era simples. Sempre que algum pelotão de Infantaria solicitava apoio de munição, o Sargento Jordan partia da base até o local de batalha com um ou dois soldados responsáveis por segurar as caixas de munição na traseira do veículo. Durante o treinamento nós encaramos terrenos difíceis que simulavam as áreas onde iríamos atuar. Eu nunca dirigi o Jeep, mas com certeza andar na parte traseira era mais emocionante. A viatura balançava bastante e em certos momentos parecia inclinar para o lado como se fosse capotar. Lembro que certo dia o Sargento Jordan nos ensinou que aquela viatura era indestrutível, até mais que os blindados operados pela Cavalaria.
Em 1944 deu-se por encerrado o treinamento e logo seríamos enviados aos campos da Itália, onde iniciaria nossa campanha na Segunda Guerra Mundial.
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