Rio de Janeiro— "Caravanas são cachoeiras: no rio de história dos NEAs"

Ao sairmos de nosso território rumo a Oficina de Sistematização de Experiências Agroecológicas do Estado do Rio de Janeiro esperávamos compreender o território fluminense no que diz respeito às ações no campo da agroecologia. Entender e conhecer as especificidades da agroecologia fluminense como ciência, modo de vida, bandeira de luta e instrumento que une o campo e a cidade ao produzir alimento saudável cuidando de si próprio e do outro. Esperávamos interagir, reencontrar, conhecer, reconhecer e nos aproximarmos de pessoas, grupos e instituições que buscam fomentar, animar e viver a agroecologia, assim como a CPT.

Sabíamos que iríamos contribuir para a sistematização de experiências, mas ainda não compreendíamos como. Nos deparamos com uma metodologia participativa que deu vazão a um rio de memórias! Lembramos de quando a agroecologia chegou com esse nome no estado. Lembramos de quando nasceu a Articulação de Agroecologia no Rio de Janeiro (AARJ). Lembramos das pessoas que contribuíram nas várias experiências agroecológicas. Com muita emoção trouxemos a memória viva de cada agricultor, de cada agricultora, dos pesquisadores, estudantes, de pessoas, de amantes da agroecologia.

Lembramos dos encontros, dos trabalhos, das sementes plantadas, das colheitas, das feiras criadas, das noites mal dormidas em que eram elaborados projetos, artigos, monografias e dissertações. Lembramos das vozes das pessoas, das fogueiras acesas, das festas, do choro quando companheiros de luta foram tombados, das vitórias celebradas e de quando com muita dificuldade políticas públicas foram acessadas. A memória dos companheiros e companheiras “presentes” reafirmou que não começamos o debate da agroecologia agora. Também compreendemos que as políticas públicas fortalecem as experiências no estado, mas que nosso maior desafio ainda é acessá-las.

Conhecer, entender e vivenciar o comboio agroecológico nos abasteceu e nos animou! Não estamos sozinhos pois em cada canto desse país existe a agroecologia.

Através das experiências vislumbramos a existência e persistência da agricultura em todo território fluminense. Nos enxergamos nessas experiências agroecológicas, que fizeram germinar A Caravana Agroecológica no Sudeste. E como foi bom viver tudo isso!

A metodologia de sistematização de experiências agroecológicas proposta pelo Núcleo Interdisciplinar em Agroecologia (NIA) nos apresentou uma matriz que permite que todos participem, não há um protagonista no relato de uma experiência, todos falam dando sua contribuição para a sistematização.

A matriz pode ser usada como instrumento de sistematização mas também como metodologia organizativa. A ferramenta nos ajuda a delimitar nossas linhas prioritárias contribuindo nas nossas ações.

Como desdobramento da atividade fica a tarefa de divulgar o Caderno de Apoio da Oficina de Sistematização de Experiências dos Núcleos de Agroecologia. O material é muito apropriado para planejar ações de divulgação das nossas ações no campo agroecológico e também nas diversas formas de organização do povo do campo e da cidade.

Com a nossa cara, de um modo simples e eficiente os grupos poderão dar visibilidade às suas ações, evidenciando suas qualidades e pontos que devem ainda ser fortalecidos.

Alcimaro Honório Martins e Valéria B. Costa