A construção de grupos musicais: importância de ações educacionais

Nelson Rechdan

A Beleza do Som
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3 min readJul 9, 2023

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Foto de Sami TÜRK retirada do Pexels

Quando falamos sobre o processo de construção de grupos musicais, formados por alunos e alunas bolsistas, tais como orquestras, bandas, entre outros, dois pilares sustentam suas ações: o artístico e o educacional.

No artístico definimos as relações entre as peças do repertório, pensamos na plateia e na produção, como os elementos do palco, iluminação e outros materiais.

As ações educacionais que acontecem nos ensaios e concertos sustentam esta construção num processo de mediação da aprendizagem, que consiste na interação entre quem aprende (mediado) e quem ensina (mediador), “essa interação deve ser caracterizada por uma interposição intencional e planejada do mediador que age entre as fontes externas de estímulo e o aprendiz” (FEUERSTEIN, FALIK E FEUERSTEIN, 1998, p. 15).

O professor-músico deve selecionar, dar forma, focalizar, intensificar estímulos a fim de realizar mudanças no sujeito mediado. Ressalta-se que não basta termos um ambiente com estímulos é necessário que haja a intencionalidade de realizar mudanças cognitivas, numa sequência e tempo adequados, assim as informações são processadas e integradas pelos músicos-bolsistas

O mediador não se prende ao nível de maturação do aprendiz, existe uma antecipação do desenvolvimento, “essa crença é o fator energético que impulsiona a consecução dos trabalhos” (MEIER, GARCIA, 2007, p. 124). O entendimento de diferentes ritmos e contextos, ou seja, a heterogeneidade imprime ao cotidiano de ensaios a troca de repertórios, de visões, de confrontos e de ajudas gerando a ampliação de capacidades individuais (REGO, 1995).

Quando ocorre a melhoria cognitiva no mediado, este desenvolvimento também transforma o mediador, numa prática de enriquecimento mútuo, o mediado cresce quando cresce o mediador (DA FONSECA, 1998).

O sentimento de pertença, um dos 12 critérios de mediação, segundo Feuerstein (1994), acontece quando ao fazer parte de um grupo, o sujeito é provocado por uma força interior para lutar por seus ideais, o aluno ou aluna passa a ter acesso a outros pontos de vista, diferentes de seu núcleo de convívio pessoal, centrado em si mesmo, neste momento as ações supérfluas e descartáveis são combatidas para a construção de um projeto de vida, num “sentimento de coletividade, de não estar sozinho, de poder fazer parte da sociedade e de não ser marginalizada por ela” (MEIER, GARCIA, 2007, p. 163).

Desta forma construímos um grupo com identidade, pois de forma democrática é enraizado na população local, auxiliando a formação de plateia e gerando maior engajamento de políticas públicas que envolvam a música.

REFERÊNCIAS:

DA FONSECA, Vítor. Aprender a aprender: a educabilidade cognitiva. 1998.

FEUERSTEIN, Reuven. Inteligência se aprende. Revista Isto É, n. 1297, p. 5–6, 1994.

FEUERSTEIN, Reuven; FALIK, Louis H.; FEUERSTEIN, Rafi. Definitions of essential concepts and terms: A working glossary. Verlag nicht ermittelbar, 1998.

MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da Aprendizagem: contribuições de Feuerstein e Vygostky. Curitiba: Edição do Autor, 2007.

REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes. Revista sobre la infancia y la adolescencia, v. 24, p. 14–34, 1995.

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