Dramas Coreanos Favoritos [parte 1]

Uma lista com os melhores doramas que já vi.

Adriana Silva
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12 min readMar 22, 2020

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A minha paixão pela cultura de entretenimento coreana já não é nova. Nos tempos da escola, quando ainda andava no ciclo, isto por volta de 2011, apareceu-me nas recomendações do YouTube um vídeo de Kpop de um grupo agora já considerado velhito, os Super Junior. A partir desse momento, foi um caminho sem volta. E orgulho-me de ter levado a minha irmã mais velha a fazer esse caminho comigo.

Nessa altura, comecei a ver alguns dramas por curiosidade, até porque alguns dos ídolos (nome dado aos integrantes dos grupos de Kpop) atuavam nessas séries. E gostei, como já referi numa publicação anterior: foi diferente de tudo o que já tinha visto.

Durante uns tempos, limitei-me a ver “school dramas” — dramas que retratavam romance entre adolescentes e abundavam em clichés. Mas à medida que amadureci, o meu gosto mudou e em vez de procurar por outro tipo de dramas, fiz uma pausa, já que tinha acabado de entrar na universidade.

Felizmente, em 2015, a minha irmã falou-me de um drama que ela estava a adorar (e que consta nesta lista): “She Was Pretty”. Bastou isso para reacender a minha paixão. Nesse ano, fartei-me de ver dramas e quase todos eles se tornaram-se nos meus favoritos. Ainda hoje consumo dramas coreanos com regularidade, mas nenhum conseguiu superar os de 2015, que para mim foi a época de ouro dos dramas.

Hoje venho aqui falar de alguns dos dramas que me marcaram irreversivelmente, para que eles não sejam esquecidos.

Healer (2015)

Ação, Suspense, Romance

Um dos dramas mais citados como sendo o favorito das pessoas. Já o devo ter visto umas cinco vezes. Sem exageros. Consegui até convencer algumas amigas a darem-lhe uma oportunidade.

Healer é o nome de código de Seo Jung Hoo que tem uma profissão um pouco inusitada. Ele é um “night courier”: não encontrei a tradução para o português, mas basicamente ele faz entregas de encomendas especiais, entre outros serviços ilegais, tudo isto à noite, com a ajuda de uma hacker muito habilidosa. O objetivo dele é ganhar muito dinheiro para poder comprar uma ilha e viver lá isolado o resto da vida. Mas os seus planos mudam, quando ele é contratado pelo famoso repórter Kim Moon Ho para procurar uma pessoa.

Chae Young Shin é uma repórter de tablóide que sonha em tornar-se famosa como Kim Moon Ho. A história das três personagens entrelaça-se quando se descobre a ligação do passado entre eles e os seus pais.

O enredo relaciona o presente e o passado de uma forma muito dinâmica, através dos chamados “flashbacks” que são essenciais para a compreensão da história. Em 1992 cinco amigos repórteres lutavam em favor da liberdade de expressão. Mas, um trágico acidente colocou um fim à sua luta. Durante o incidente, dois dos membros foram mortos e a filha do casal do grupo desapareceu.

As personagens principais (Seo Jung Hoo, Kim Moon Ho e Chae Young Shin) são os descendentes desses cinco amigos e vão levar a cabo a tarefa de consertar o passado.

Apesar de um drama com certa carga emocional, as personagens trazem bastante leveza para história com as suas personalidades fortes e vontade de vencer. No mesmo episódio, podemos ver um Healer armado em mestre de artes marciais à porrada com uns quantos capangas, um Healer crómo e inocente disfarçado de jornalista e um Healer cego de amores que derrete os corações até dos menos românticos.

No fim, não sei apontar a razão principal porque este é o drama que ficou (e acredito que vai ficar para sempre) no primeiro lugar da lista dos favoritos. Há uma vibe do Superhomem nesta história, que inclusive é referida no drama, e talvez possa explicar em parte a minha obsessão.

As várias facetas que o ator Ji Chang Wook nos mostrou ao longo da série fizeram-me ficar fã dele até hoje.

A dualidade de Seo Jung Hoo, que há noite se transforma no mensageiro Healer e de dia disfarça-se de Park Bong Soo para se poder aproximar de Chae Young Shin e reunir informações sobre ela, é semelhante à dualidade Superhomem/Clark Kent. E a própria Chae Young Shin é como a Louis que se apaixona simultaneamente por Clark e o Superhomem sem saber que ambos são a mesma pessoa.

Já me alonguei demais, mas só quero terminar dizendo que este é um drama que vale a pena ver pelo enredo original, pelo desenvolvimento das personagens e pela forma como a história é conduzido do princípio ao fim, fazendo-nos ansiar pelo próximo episódio assim que os créditos finais chegam. Um drama realmente muito bom.

Kill Me, Heal Me (2015)

Romance, Drama

Também outro drama bastante popular entre as dorameiras, onde o ator Ji Sung ficou conhecido pela sua prestação digna de um Óscar (na minha opinião e na de muitas outras pessoas). O drama ganhou inclusive o Grande Prémio de melhor k-drama no Seoul International Drama Awards 2015, entre outros 11 prémios.

Conta a história de Cha Do Hyun, um herdeiro de terceira geração que sofreu um trauma de infância e por conta disso desenvolveu um transtorno dissociativo de identidade. Dentro dele habitam sete personalidades, todas elas lutam para ter acesso ao corpo de Cha Do Hyun, especialmente Shin Se Gi, a primeira personalidade que se desenvolveu.

Oh Ri Jin, uma psiquiatra residente, torna-se a sua médica privada, ajudando Cha Do Hyun e as sete personalidades a conviverem harmoniosamente. À medida que um romance surge entre ela e o paciente problemático, segredos do passado começam a vir à tona.

À semelhança de Healer, este é um outro clássico com montes de flashbacks e uma ligeira vibe de novela. O mais incrível neste drama é a interpretação genial de Ji Sung. É impossível não nos apaixonarmos pelas suas sete personalidades, de tal modo que começamos a vê-las como personagens únicas. (Quem sabe Ji Sung não tenha sete gémeos?)

Mas Oh Ri Jin foi também uma personagem da qual gostei muito. Ao início ela age de forma histérica e exagerada, mas acaba por revelar uma faceta mais madura. É a primeira pessoa a conseguir relacionar-se com as sete personalidades de Cha Do Hyun. E tal como ele, viveu uma infância complicada, havendo certas peças do seu passado que faltam e que quando forem reveladas, irão dar origem a uma enorme reviravolta.

A razão por que este drama se tornou no meu segundo favorito e me fez revê-lo novamente? Um enredo único, evolvente e emocionante que nunca se torna cansativo. Personagens construídas e interpretadas de forma brilhante. E uma mensagem que é muito linda.

“Há um porão escuro no coração de todos. Se ignorada e apenas observada, a escuridão torna-se mais densa. Deve-se juntar coragem, descer as escadas e finalmente ligar as luzes. Se te sentires assustado, quando estás sozinho, alguém pode segurar a tua mão. Porque se estou contigo, não tenho medo.” Oh Ri Jin, Kill Me, Heal Me

Aprendi com as sete personalidades de Cha Do Hyun que todos temos facetas escondidas. Embora não fosse claro ao princípio, com a continuação, percebe-se que a atitude confiante de Shin Se Gi, a ousadia da Yo Na, a inteligência do Yo Sub e a animação de Perry Park também fazem parte da personalidade de Cha Do Hyun. Elas são as partes brilhantes do seu ser que ele reprimiu e que de vez em quando veem à superfície para o ajudar a lidar com a dor. A série ensina que podemos contactar com essas partes para nos sentirmos mais felizes e plenos.

Doctor Stranger (2014)

Drama, Romance

Dramas médicos não fazem o meu estilo, mas Doctor Stranger conquistou-me já no primeiro episódio. Além de abordar o género médico, tem um pouco de política à mistura e não se esquece do romance.

Podem esperar desde o início muita emoção, ação e suspense, com cenas de tiros, perseguições e separação de amantes.

A história passa-se entre as duas Coreias. Park Hoon é levado para a Coreia do Norte em criança, quando o seu pai é chamado para salvar a vida do líder norte-coreano. Depois de ver o pai realizar uma cirurgia torácica que poucos peritos conseguem fazer, resolve seguir as pisadas do pai. Os dois são obrigados a permanecer no país e aí Park Hoon recebe treinamento para se tornar num dos melhores cirurgiões cardiovasculares.

Quando Park Hoon consegue desertar para a Coreia do Sul, começa a trabalhar como médico no prestigiado Hospital Universitário Myungwoo, mas é descriminado quando descobrem as suas origens. Park Hoon fica, então, conhecido pelas suas técnicas poucos ortodoxas e a sua ganância por dinheiro, que se justifica com a sua motivação de reencontrar o seu amor de infância.

Esta história leva-nos pelo percurso dramático da vida de Park Hoon, um médico brilhante que é obrigado a fazer experiências ilegais em humanos para salvar a vida da sua amada e enfrenta como inimigos os norte-coreanos quando foge para a Coreia do Sul. A vida dele dá outra reviravolta quando vai trabalhar para o Hospital Universitário Myungwoo, onde chama a atenção pelas suas habilidades e faz outro inimigo, o ministro Jang An, responsável pelo pai de Park Hoon ter sido enviado para a Coreia do Norte.

Apesar do enredo pesado, a série não é só lágrimas. Há momentos de alívio cómico e as personagens mostram várias facetas. E há também um triângulo amoroso entre Park Hoon, Jae Hee (o seu amor de infância) e a sua colega do hospital Soo Hyun (ou “quack” como ele gosta de a chamar para a arreliar, que no contexto da história tem o significado de “charlatona”). Não nos podemos esquecer da personagem misteriosa que aparece já mais tarde, o doutor Jae Joon que, por sua vez, nutre sentimentos pela nossa “quack”. Mas a minha personagem favorita é mesmo Park Hoon. Houve alturas em que o admirei, vezes em que o odiei, e vezes em que o amei. Esta é uma das personagens que ficaram gravadas no meu coração.

Inspiring Generation (2014)

Ação, Drama, Histórico, Romance

Baseado na banda desenhada com o mesmo nome de Bang Hak Ki, o drama tem lugar nos anos 30 entre a Coreia, o Japão e a China e retrata um período tumultuoso da História, quando o exército japonês se retira dos territórios da Manchúria, Shangai e Coreia devido ao envolvimento da Liga das Nações na Guerra Sino-Japonesa.

Com cenários incríveis, um elenco caro, coreografias de lutas que vão conquistar os amantes de ação e um enredo quase tão espesso quanto o da bíblia (aqui estou a exagerar um pouco), é impossível não nos deixarmos cativar por este drama.

A trama conta a história de Shin Jung Tae, que perde o pai aos 15 anos, quando um soldado japonês dispara contra ele durante a ocupação japonesa em Shanghai. Jung Tae só encontra justiça ao usar os seus punhos pelos becos escuros de Shangai, e cresce com o objetivo de se tornar o melhor lutador do continente.

Uma história que se foca na luta pelo poder dos gangues e no confronto entre os ideias da época. À medida em que amadurece, Jung Tae vê-se dividido entre o sentimento de dever para com o seu país e o sentimento de lealdade para com o seu pai e o seu primeiro amor que se tornaram pró-japoneses e, por isso, traidores.

Já vi este drama há algum tempo e, além disso, o enredo é bastante denso, cheio de personagens complexas e reviravoltas, pelo que me falham alguns detalhes, mas a sensação que fiquei depois de vê-lo ainda permanece comigo. Muitos dizem que Inspiring Generation tem influências do cinema noir — um subgénero que reúne várias caraterísticas cinematográficas, narrativas e visuais, que geralmente envolvem histórias cheias de suspense e traição. Para mim faz certo sentido, porque o drama combina luta, história e romance de forma épica.

Foi o único drama inclusive que eu consegui convencer os meu pais a verem, e devo dizer que o meu pai ficou impressionado com as cenas de artes marciais. Mas a história também é muito boa. É daquelas que não dá tempo para respirar por um segundo sequer.

She Was Pretty (2015)

Comédia romântica

Um drama bastante colorido e vibrante com personagens leves e romance com fartura. Perfeito para assistir durante o fim-de-semana ou depois de um dia de trabalho cansativo, já que é fácil de digerir e não se torna aborrecido.

A história é sobre dois amigos de infância que se reencontram passados 20 anos, mas agora inverteram os papéis. O rapaz gordo e tímido tornou-se num empresário atraente e bem-sucedido que todas as mulheres querem. A rapariga popular transformou-se no patinho feio. Será que ao menos o coração dos dois permanece o mesmo?

Uma das razões por que me apaixonei por este drama é o enredo que trata de temáticas importantes, como a autoimagem e a vocação. A nossa protagonista, Kim Hye Jin, ganha um problema de pele devido a uma doença de família e por conta disso desleixa-se na sua aparência. Na Coreia do Sul, a beleza conta muito para tudo, não só para se ser admirado e respeitado, como também para se estabelecer conexões na vida social e no trabalho. E desde que ficou feia, Hye Jin sente que perdeu todos os privilégios a que sempre teve direito por ser bonita. Por outras palavras, ela sofre com a descriminação.

Nesta história não há vilões, os únicos obstáculos das personagens são as escolhas que as mesmas fazem. No início da trama, Hye Ja pede à amiga para se encontrar com Ji Sung Joon, o seu melhor amigo de infância que acabou de regressar da América, porque não quer que ele descubra que ela já não é bonita. Por conta dessa decisão, surgem uma série de mal-entendidos.

Mais tarde, ela descobre que ele é o seu chefe no seu novo trabalho. Sung Joon não sabe quem ela é e trata-a de forma dura, a forma de ele ser para todos os que se ousam aproximar demais. Ele criou esse escudo por causa do bullying que sofria quando era criança. Com o desenvolver de várias peripécias, eles acabam por se aproximar.

Para aqueles que apreciam um bom romance ao estilo corano, cheia de clichés e com risos e lágrimas à mistura, este é um drama que recomendo.

Não me posso esquecer das personagens secundárias do drama, que também têm uma papel fundamental para o enredo.

E fico por aqui com a lista. Se podia adicionar mais? Podia, mas por agora chega. Tive um bom momento a recordar os meus dramas favoritos e os sentimentos que eles despertaram e mim na altura. Talvez até volte a assisti-los. Só não sei por onde começar….

Se gostaram, deixem feedback :)

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