Equívocos Comuns sobre a Teologia do Pacto
Ligon Duncan III
Por vezes, eu ouço as pessoas dizerem que a teologia do pacto impõe sobre o sobre o texto bíblico uma estrutura que não está ali. Por vezes, eu as ouço dizer que a teologia do pacto não interpreta a Bíblia literalmente. E, por vezes, eu as ouço dizer que a teologia do pacto é teologia da substituição. Deixe-me falar um pouco sobre cada uma dessas coisas.
A Teologia do Pacto reconhece a Estrutura das Escrituras
Antes de mais nada, quando as pessoas dizem que a teologia do pacto impõe uma estrutura sobre as Escrituras, elas muitas vezes não estão falando dos pactos bíblicos. Elas reconhecem que a Bíblia fala sobre um pacto com Noé, um pacto com Abraão, um pacto com Moisés, um pacto com Davi e um novo pacto que é estabelecido com Jesus Cristo. Mas quando leem a respeito de um Pacto de Obras, um Pacto da Graça e um pré-temporal Pacto da Redenção, elas ficam incomodadas com isso por acreditarem que isso é impor uma estrutura sobre as Escrituras.
Mas eis a questão: a histórica teologia do pacto está simplesmente tentando fazer justiça ao fato de que há um único plano de Deus que é revelado desde Gênesis a Apocalipse. Mostra-se muito claramente, especialmente no Novo Testamento e nos escritos do Apóstolo Paulo, que esse plano na verdade foi concebido antes da fundação do mundo. É disso que trata Efésios 1; o plano de Deus na criação e na redenção não é algo que ele fez de supetão; é algo que planejou antes do tempo em que havia um mundo.
Em terceiro lugar, os teólogos do pacto querem que você compreenda que a Bíblia faz uma enorme distinção entre o relacionamento do homem com Deus antes da queda de Adão e Eva e depois da queda de Adão e Eva. A ideia do Pacto da Redenção antes do tempo, do Pacto de Obras com Adão no Jardim e do Pacto da Graça desde Gênesis 3.15 até o final do Livro de Apocalipse, tudo provém dessas ideias bíblicas. Em outras palavras, a estrutura vem da teologia da própria Bíblia e nos ajuda a lê-la melhor.
A Teologia do Pacto interpreta a Bíblia como a Bíblia interpreta-se a Si Mesma
Mas e a ideia de que “a teologia do pacto não lê a Bíblia literalmente”? O que amiúde as pessoas querem dizer com isso é que, se as profecias do Antigo Testamento que dizem que Israel vai ser restaurado como nação não se cumprem com Israel sendo restaurado como nação, então você não está lendo essas profecias literalmente. Mas é isto o que os teólogos do pacto vão assinalar: você precisa observar a maneira como o Novo Testamento interpreta essas profecias. Amós 9 é uma passagem que C. I. Scofield disse ser a mais importante passagem em toda a Escritura para o sistema dispensacionalista. Fala da restauração do templo caído, da tenda caída de Davi. Atos 15 diz que essa passagem se cumpre na chegada dos gentios à Igreja; não na reconstrução do templo, mas na chegada dos gentios à Igreja. Assim, os teólogos do pacto dizem que você simplesmente tem que interpretar a profecia do Antigo Testamento através da exposição do Novo Testamento sobre como ela se cumpre.
Teologia do Cumprimento, não Teologia da Substituição
Com certeza, o mesmo acontece com a questão da teologia da substituição. Amiúde você ouvirá as pessoas dizerem, “A teologia do pacto é teologia da substituição porque diz que Israel foi substituído pela Igreja”. Bem, isso não é uma representação precisa da teologia do pacto. A teologia do pacto não é teologia da substituição; é teologia do cumprimento. Há promessa e cumprimento. As promessas de Deus a Israel cumprem-se em tanto os judeus como os gentios fazerem parte de um só povo de Deus nos propósitos redentivos de Deus.
Pense em quantas vezes os Salmos falam sobre todos os povos indo ao Monte Sião para adorar a Deus, como falam sobre todas as nações adorando o único e verdadeiro Deus. O povo de Deus no Antigo Testamento ansiava pelo dia em que todas as nações chegariam para adorar a Deus e fariam parte do povo de Deus. Isso está escrito no Pacto Abraâmico em Gênesis 12.3. A teologia do pacto crê nisso; não em que Israel foi substituído, mas em que há esse cumprimento em que os gentios são enxertados ao antigo povo de Deus, e que um só povo de Deus alcança um florescimento internacional e mundial além de qualquer coisa experimentada no Antigo Testamento. Não é uma substituição; é um cumprimento.
Texto Original: “What are some misconceptions about covenant theology?”, por Ligon Duncan III.
Todos os grifos são do tradutor.