Crítica — American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace

A trágica morte do estilista Versace serve de desfecho para a verdadeira história de um assassino habilidoso guiado pelo prazer.

Andressa Mendes
Acabou em Pizza
3 min readMar 30, 2018

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A segunda temporada de American Crime Story, produzida por Ryan Murphy, produtor de sucessos como Glee e American Horror Story, traz uma história que chocou o mundo da moda, recheado de revelações aonde o principal personagem é a mente de um assassino.

Gianni Versace, nascido na Itália, se tornou uns dos estilista mais famosos, juntamente com sua irmã Donatella, ao mergulhar no mundo da moda. Assumido homossexual nos anos 90, continuou produzindo seu trabalho e crescendo ao redor das celebridades, até ser surpreendido em frente de sua mansão na Flórida com dois tiros por trás da cabeça acarretando emsua morte.

A série, no primeiro episódio tenta contextualizar o ocorrido: percorremos pela amorosa vida de Versace (Édgar Ramirez), sua paixão pela moda e a relação com sua irmã Donatella (Penélope Cruz). Contudo, ao longo dos episódios, olhamos tudo por meio de Andrew Cunanan (Darren Criss), o que de fato surpreende — e aqui vai o primeiro elogio a produção, que nos apresenta todos os fatos anteriores e o possível motivo da morte do estilista de uma maneira inovadora.

Cunanan, uns dos assassinos mais procurados pelo FBI na época, responsável pela morte de cinco homens ,é desvendado pelo fortíssimo roteiro. Jovem e promissor, era o destaque da família pelas excelentes notas e inteligência. Porém, o envolvimento de seu pai com esquemas corruptos levou Andrew a almejar algo maior para sua vida. Carismático, charmoso e habilidoso, virou garoto de programa: seu alvo era clientes ricos e mais velhos, aos quais conhecemos através do roteiro. É explorada a relação de amor e companheirismo entre Versace e Donatella. A série relata também o relacionamento dele com Antonio D’Amico, sobre o objetivo de entregar um Versace apaixonado e capaz de revelar seu romance em prol da felicidade.

Édgar Ramirez (A Hora Mais Escura),na figura do estilista, está em uma de suas melhores atuações. A semelhança física é incrível, um ponto para a equipe de maquiagem. Com a postura magistral diante das câmeras, podemos ver e sentir Gianni Versace. Outro destaque é Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona), que consegue esbanjar a personalidade forte de Donatella apenas com sua presença. O namorado Antonio D’Amico, interpretado por Ricky Martin, convence o público com a sinceridade e transparência de seu amor. Sem deixar de mencionar as cenas de Édgar e Penélope, que cada vez que aparecem juntos, é uma explosão de performance que se mescla fielmente na conexão que existe entre eles. Mas a grande atuação é de Darren Criss, que já trabalhou com o Ryan em Glee. Ele invoca perfeitamente o papel de um assassino hábil e impiedoso, carrega bem o peso do roteiro o que te faz querer saber sempre mais. Se transforma em uma obra teatral, a concepção e realidade que ele transmite em suas ações, com certeza, a melhor atuação de sua carreira.

Darren Criss (Andrew Cunanan)

A produção não mediu esforços para trazer o luxo dos anos 90. Com cores fortes, figurinos fiéis retratando os originais e a riqueza italiana em cena, aponta a direção de arte como uma das mais bem realizadas.A temática de tratar histórias que chocaram o mundo é a maneira de como Ryan Murphy viu para exercer seu talento de produzir, conduzindo um roteiro compatível ao real e enriquecê-lo com detalhes de qualidade. American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace é necessário para dar um contexto e mistificar o ocorrido, apresentando outro lado da história, aquela que certamente ficaria apagada.

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