Crítica: Black Mirror — Quarta Temporada

Com foco na humanidade e como ela pode ser afetada, Black Mirror traz, em sua nova temporada, protagonistas femininas e aborda a questão de como as tecnologias podem se adaptar a realidade

Andressa Mendes
Acabou em Pizza
4 min readJan 25, 2018

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A tão aguardada nova temporada de Black Mirror, que conta com seis episódios, chegou, no final de dezembro de 2017, na Netflix. Criada por Charlie Brooker, a série traz como tema principal as relações humanas com as tecnologias e o que podemos esperar do futuro. Na nova temporada, mais do que nunca, a série tenta mostrar como a sociedade tem de conviver por igual com a modernidade.

Uss Callister

Baseado na famosa série de ficção cientifica Star Trek criada por Gene Roddenberry, o episódio vai além de uma singela homenagem. Aqui a direção consegue, por meios dos personagens e de ótimas atuações, passar para o público a ideia de que nem tudo o que acontece no mundo real é verdade no virtual. O sentimento de frustração e rancor cerca o episódio, centrado em um personagem que se vê agarrado à ideia de viver em um mundo perfeito, porém virtual. A nostalgia está presente, mesmo não sendo uma cópia da famosa série interestelar. A direção de arte faz um trabalho impecável ressaltando cada detalhe do figurino e da nave. De longe é o melhor episódio da temporada.

Arkangel

Dirigido pela também atriz Jodie Foster, esse episódio é o mais previsível. A questão de como os pais podem escolher o que é melhor ou não para os seus filhos por meio da tecnologia e as consequências dessa tecnologia formam a trama principal. A relação entre mãe e filha é levada ao extremo, o que nos faz questionar até que ponto os pais podem ter controle na vida de seus filhos. Mesmo com uma grande produção, Arkangel passa longe de ser memorável.

Crocodile

"Até que ponto se vai para manter nossas vidas?" é a grande questão do episódio. Dirigido por John Hillcoat (A Estrada), a frieza dos sentimentos são elementos fundamentais na construção da história. A atriz Andrea Riseborough (Oblivion) interpreta uma mulher de negócios marcada por um crime do passado. O fator surpresa faz parte da historia que toma um rumo diferente, porém já na metade do episódio é possível descobrir o final. Com um cenário mais frio e mais íntimo, resgata-se outro tipo de utilização de tecnologia que lê mentes e projeta sua memória em uma tela antiga de computador.

Hang The DJ

Como encontrar sua alma gêmea? Bom, um aplicativo ti diz. Titulado como o novo San Junipero aborda a temática dos relacionamentos em torno das tecnologias. O lado mais romântico e esperançoso está aqui, a dinâmica do episodio mantém o interesse nas cenas seguintes, mas com um final um pouco “alternativo” que ti deixa intrigado. Com uma simples historia de amor é possível deixar público entretido.

Metalhead

Primeiro episodio em preto e branco de Black Mirror chama a atenção por seus contrastes de tons e desperta um ar de curiosidade a historia. O tema pós- apocalíptico é o trama principal, robôs assassinos estão dispostos à aniquilação total, porém a população tenta conseguir recursos para sobreviver nesse mundo hostil. Com uma pegada diferente e apresentando um cenário de destruição o episodio tenta explorar a luta pela sobrevivência, entretanto, faltou explorar mais o motivo que levou a essa situação.

Black Museum

Com a temática de museu repleto de artefatos únicos, três historias são contadas pelo proprietário a uma visitante, até então, misteriosa. A primeira historia é sobre um médico que por meio da tecnologia consegue sentir os sintomas das vitimas. O segundo mostra a vida de uma mulher tendo sua consciência transferida para seu marido devido a um acidente, já o terceiro conta uma historia de vingança. Devo ressaltar que a reviravolta final é emocionante, e preste atenção nas referências de outros episódios da série ao longo do episódio. Uma clara homenagem à Black Mirror.

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