Crítica — Boy Erased: Uma Verdade Anulada

O longa é uma adaptação literária tocante e libertadora

Andressa Mendes
Acabou em Pizza
3 min readJan 21, 2019

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Divulgação: Reprodução

Baseado no livro Boy Erased: A Memoir, de Garrard Conley, o segundo filme do ator e diretor Joel Edgerton traz a jornada de Jared (Lucas Hedges) coagido pelo pai a frequentar uma escola de correção sexual. Com o objetivo de entender o que há de errado com os jovens, o programa pretende deixá-los normais novamente. Victor Sykes (Joel Edgerton) é o diretor da escola, um homem extremamente religioso que ajuda os outros a se curarem. Em contraponto da família de Jared, o pai (Russell Crowe) é um pastor de igreja e não economiza no preconceito, acreditando que o “anormal” é imperfeito. Já a mãe interpretada por (Nicole Kidman) é uma mulher prestativa e religiosa, mas capaz de compreender as diferentes formas da vida.

Jared um menino de 18 anos, atlético, escritor e educado, mas em conflito com sua sexualidade, vivendo com o medo de revelar-se para os pais. Entretanto, a mãe Nancy e o pai Marshall Eamons, apesar de conservadores não aparentam ser monstros, apenas tem de superar a ignorância. O programa ao olhos dos familiares é apenas educacional, não causa dano psicologicamente apenas transforma a personalidade. De fato um erro, pois modifica os atos e escolhas pessoais. É uma aula de tortura. Edgerton também assina o roteiro, através do qual ele explora a procura por aceitação em cada passo do personagem, sabendo aproveitar ao máximo os talentos dos atores.

Nancy vivida por Kidman é uma personagem sólida, gentil e compreensiva, mesmo que cega pela dificuldade de aceitar um filho gay, ela tenta sempre confortar Jared. Marshall é um ótimo pastor, devoto a bíblia, ele encara sua vida voltada a Deus e sua família perfeita, homem de poucas palavras e atitudes fortes. Quem brilha é o jovem Lucas Hedges, com uma atuação emocionante, ele passa a sensação de dor e conflito tentando se descobrir. Ao ponto de dar continuidade no programa, Jared enfrenta suas próprias mágoas e luta para voltar ao “normal”. Hedges está em sua melhor atuação. Outro papel de destaque é de Sykes, um homem ignorante que tortura os jovens por não entender seus gêneros, gostos e escolhas.

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Com bela fotografia e uma trilha sonora que expressa os sentimentos dos personagens, o longa personifica a procura por aceitação e as mudanças que a vida pode trazer. Na tentativa de agradar aos pais, Jared passa por várias mudanças reveladoras no seu cotidiano que o transformam. Seus pais acreditam levar uma vida normal, onde seu filho prodígio irá se curar, no entanto, o livro, assim como o roteiro adaptado, mostram a iminente intolerância e ignorância social que existe na sociedade. Embora não percebamos, todos fomos criados por um único pai, o mesmo que Marshall acredita ter feito pessoas anormais. Ele, como o Sykes, pregam a bíblia reescrevendo com suas próprias convicções. Cabe a mãe de Jared ver além da doutrinação.

Boy Erased: Uma Verdade Anulada é uma adaptação tocante e libertadora. Na tentativa de provar para os familiares a perfeição, Jared revela para si mesmo que ser gay é ser normal, basta apenas amar e abraçar o mundo sem crenças opostas.

Trailer do Filme

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