Crítica — Conquistar, Amar e Viver Intensamente, de Christophe Honoré

Lucas Boaventura
Acabou em Pizza
Published in
3 min readDec 20, 2018

Uma das estreias da semana nos cinemas nacionais, Conquistar, Amar e Viver Intensamente é dirigido e roteirizado por Christophe Honoré (Canções de Amor e A Bela Junie) e concorreu a Palma de Ouro nesse ano, no Festival de Cannes.

A história apresenta Arthur, um jovem de vinte e poucos anos vivendo as confusões emocionais da fase: é estudante, mas não estuda e não sabe muito bem o que quer fazer na vida. Ele mantém um relacionamento afetivo que vai de mal a pior com Nadine, enquanto se envolve sexualmente com diferentes homens, tentando descobrir se também é capaz de amá-los. Ao conhecer Jacques, um escritor de meia idade, Arthur encontra então esse amor que não sabia ser possível.

Copyright Jean-Louis Fernandez / LFP- Les Films Pelléas — Gaumont — France 3

No elenco, os excelentes Vincent Lacoste (“Lolo”) e Pierre Deladonchamps (“Um Estranho no Lago”), interpretando Arthur e Jacques, respectivamente, tem uma química que sustenta, principalmente, o interesse no filme.

Conhecemos um Jacques fragilizado pela AIDS, enquanto seus amigos e amantes morrem em consequência da doença. Ele sabe que não tem muito tempo de vida — e é o contraste de Arthur, que, no auge da sua juventude, enxerga a vida com outra perspectiva. Por vezes, parece que Arthur não tem objetivos ou responsabilidades, mas a ausência dessas questões dá espaço para analisarmos o relacionamento entre os personagens. Ainda que saiam com outras pessoas, um magnetismo os atrai, fazendo-os esquecer do resto, mesmo que em um espaço de tempo limitado.

Copyright Jean-Louis Fernandez / LFP- Les Films Pelléas — Gaumont — France 3

É interessante observar a relação da cor azul com os cenários e figurinos, sobretudo quando acompanhamos Jacques, quase como se a cor fosse um personagem representando sua melancolia. Mérito da direção de arte, que consegue captar a essência do início da década de 90 em todos esses elementos. Também chama atenção a fotografia, extremamente sensível e intimista, que ajuda na construção dessa estética.

Conquistar, Amar e Viver Intensamente traz uma nova perspectiva sobre filmes com temática LGBT+, abordando HIV/AIDS —assunto já explorado por Christophe Honoré em Tudo Contra Leo, de 2002 — em uma história de romance, sem se bastar aos horrores das mortes em consequência da doença. A questão está ali e é mostrada no filme, mas não é o foco. O fio condutor da narrativa é esse sentimento que norteia Arthur em experiências reais de afeto e dá à Jacques uma chance de acreditar que pode amar novamente. O filme é uma bonita história sobre encontros inesperados que mudam pessoas.

Trailer do Filme

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