Crítica — O Primeiro Homem
Um filme muito além da viagem à Lua, ele conta a história do mais famoso astronauta do mundo Neil Armstrong, com estilo próprio, e entrega um dos melhores longas já feitos.
Há 50 anos, a missão Apollo 11 levava os nortes-americanos, Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins para a Lua. Realizada com sucesso, a missão fez o astronauta Neil Armstrong ser o primeiro homem a pisar na Lua, no entanto, é difícil imaginar que depois de todos esses anos, esse seja o primeiro longa feito sobre esse fato. Inspirado no livro intitulado “O Primeiro Homem”, escrito por James R. Hansen, o longa foi adaptado para as telonas pelo roteirista Josh Singer.
Dirigido por Damien Chazelle, o jovem diretor conquistou Hollywood, se consagrou com Whiplash(2014) e La La La (2016), pelo qual levou o Oscar de Melhor Diretor, e agora com O Primeiro Homem, definitivamente assume o lugar de destaque entre os melhores. Aqui é possível vê-lo fora da cena de roteirista, ele apenas conduz a direção, o que é um grande desafio, pois, como retratar a biografia do astronauta mais importante da história sem os clichês hollywoodianos? Chazelle não faz um documentário, não vangloria os nortes-americanos e, sim dá uma aula de perspectiva visual, e nos entrega uma imersão na vida pessoal de Armstrong, que aguça nossos sentidos a todo o momento.
O Primeiro Homem é um filme estético, minimalista, artístico e extremamente contemplativo. A opção de Chazelle por trabalhar com a câmera em primeiro pessoa direcionada no protagonista, Ryan Gosling, nos proporciona múltiplos sentimentos, ficamos enjoados, tontos, nauseados, claustrofóbicos, enxergamos o espaço através de Neil. É fascinante como as transições das câmaras compõem as cenas, nos provocando e instigando um olhar prévio de como seria o ambiente em que o personagem está. Olhamos conforme ele vê, sentimos tudo o que ele sente, acompanhado de uma trilha arrepiante.
Música da Trilha Sonora — O Primeiro Homem “The Langing” por Justin Hurwitz
Mais uma vez, Chazelle se reúne com o compositor Justin Hurwitz, responsável pela trilha sonora de La La Land. Essa união não poderia ser melhor, Hurwitz acertou mais uma vez, agora no estilo mais clássico, ele traz nas composições as emoções de cada momento, transparecendo isso em “The Landing” e toda a jornada de Neil em “Quarentine”. A obra- prima ainda se sobressai com a impecável edição de som, fomos ao espaço por meio do filme, mesmo em momentos em que o silêncio é feito, as cenas transmitem expectativas e emoções.
O filme conta com um elenco de estrelas e vários nomes conhecidos, Ryan Gosling, que já havia trabalhado com o diretor em La La Land, interpreta o astronauta Neil Armstrong. Conhecido por ser uma pessoa reservada, Ryan capta com perfeição a introspectividade e o minimalismo de Neil. Finalmente consegui mudar minha opinião sobre Ryan, ainda que seja prematuro, acredito que ele figurará entre os candidatos a melhor ator, mais uma vez, no Oscar. O roteiro permite que Claire Foy de “The Crown”, brilhe com sua atuação, ela faz o papel de Janet Armstrong, a esposa. É admirável ver a presença dela em cena, embora não seja a peça central, em duas cenas específicas, Claire mostra todo o seu talento. Uma forte candidata ao Oscar. Além disso temos, Corey Stoll “The Strain” como, Buzz Aldrin, Lukas Haas como Michael Collins, Kyle Chandler “Super 8” como Deke Slayton, Jason Clarke “Planeta dos Macacos: O Confronto” como Edward White, todos cumprem com os seus respectivos papéis e fazem ótimas atuações.
Não pense que o filme trata somente de viagem ao espaço ou sobre a NASA, e não o ignore por isso. Em tempos onde o que importa não é mais a história e sim seu orçamento pós-produção, O Primeiro Homem, é um filme em equilíbrio, entre as cenas, atores e sons, uma verdadeira obra-prima digna de Oscar. Chazelle consegue evidenciar a vida de Neil, sem deixar a conquista norte-americana dominar a história. O longa é a prova de que a indústria cinematográfica ainda existe.
Ps: Assista O Primeiro Homem no cinema, e se possível em IMAX, a experiência será ainda maior.
