Crítica Tomb Raider: A Origem

As adaptações cinematográficas de jogos eletrônicos são sempre um assunto polêmico entre os fãs. Não é diferente com Tomb Raider: A Origem.

Lorenzo Duso
Acabou em Pizza
3 min readMar 20, 2018

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As adaptações cinematográficas de jogos eletrônicos são sempre um assunto polêmico entre os fãs. Seja com Warcraft, seja com Assasins Creed, a famigerada “maldição” dessas produções perdura. Não é diferente com o filme Tomb Raider: A Origem, inspirado no remake da histórica franquia de jogos que deu origem aos filmes de Angelina Jolie na pele da exploradora Lara Croft.

O que era um videogame complexo, dotado de uma trama psicológica envolvendo a aventura da inexperiente Lara Croft em uma ilha repleta de mistérios, virou mais um clichê hollywoodiano, abusando de sacadas batidas como o Deus Ex Machina, no qual o protagonista supera um obstáculo por intermédio do acaso. A trama é extremamente mastigada, ficando a cargo do espectador apenas assistir, e não interpretar nada do que é visto. A pressa do filme em cumprir à risca todos os passos da jornada do herói é vista em momentos como o prólogo, onde um voiceover explica detalhadamente algo que é dito em inúmeros momentos a seguir, o que, no fim, torna o enredo repetitivo e didático.

Um exemplo da trama clichê é o vilão totalmente esquecível Mathis Voggel (Walton Goggins). Um dos motores centrais do enredo é o conflito entre gerações na busca da resolução de um mistério envolvendo uma entidade da morte trancada na ilha, porém, a relação do vilão com o pai de Lara é totalmente mal contada, deixando pequenos diálogos para explicar um conflito importante. Assim, as motivações do vilão são apenas o término de seu serviço, para que possa voltar para casa, e os exemplos de sua maldade são mortes supostamente “frias” de sua parte.

Entretanto, mesmo sendo uma produção precária em termos de roteiro, Tomb Raider acerta no nível de referências ao game de 2013, dignas do Capitão América. O visual busca diretamente as cenas do game como inspiração, recriando momentos com perfeição, como quando Lara é ferida na barriga por um pedaço de metal, ou quando ela escolhe as suas famosas duas pistolas. No entanto, as referências, boas quando feitas, são restritas. A versatilidade de Lara como exploradora não foi retratada, restando a corrida e saltos como métodos mais usados, e os mistérios são resolvidos de forma rápida, como se o tempo do filme não permitisse algo mais detalhado. No campo dos efeitos visuais, o filme abusa da computação gráfica em lugares que talvez fosse mais interessante um efeito prático, porém as tomadas de luta têm coreografias impressionantes. Uma pena que tenham ficado perdidas em meio a um roteiro precário.

A Lara Croft de Alicia Vikander, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2016, é fiel e digna de ser comparada com as outras Laras das diversas mídias, porém, o roteiro e a direção não são um suporte bom para a sua atuação de qualidade, deixando a personagem deslocada em meio a tantos momentos de vergonha alheia. Logo, Alicia tenta ser a Lara da nova geração, mostrando uma personagem em desenvolvimento, lutando para evoluir em meio ao caos dos seus problemas, mas cai na maldição do fracasso das adaptações de jogos, evidenciando o quanto Hollywood precisa aprender neste campo de longas.

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