Crítica — Vida Selvagem

Um retrato realista e doloroso do cotidiano. Vida Selvagem marca a brilhante estreia do jovem ator Paul Dano na direção

Andressa Mendes
Acabou em Pizza
3 min readJan 21, 2019

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Reprodução: Divulgação

Do ator e roteirista Paul Dano, Vida Selvagem marca sua estreia como diretor. E que bela forma de dar início a uma nova carreira. Baseado no livro de Richard Ford, a história trata do cotidiano de uma família de classe média baixa norte-americana que vive em Great Falls, Montana, na década de 1960. Lugar onde Jerry Brinson (Jake Gyllenhaal) luta para sustentar sua família. Ao que parece eles são uma família perfeita, Jerry (pai), Jeanette (mãe) e Joe (filho). No entanto, Jerry perde o emprego, ao ponto de deixá-lo deprimido, causando, assim uma mudança no ambiente familiar. Devido a situação, sua esposa se vê pressionada a ajudar com as despesas.

Os papéis principais são compostos por Jake Gyllenhaal “O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e Carey Mulligan “O Grande Gatsby (2013), mas tudo é visto por meio dos olhos do filho do casal, Joe (Ed Oxenbould). Acompanhamos através dele, as transformações que a família sofre, desde da intimidade dos pais até provocações que vão crescendo ao longo do tempo. Sentimos juntos as alterações de comportamentos. A verdadeira força do longa é Jeanette, ela está espetacular. Vista como uma mulher educada e reservada, ela nos brinda com uma digna atuação. Ao assumir a responsabilidade dentro de casa, depois de Jerry se afastar, descobrimos um novo lado da personagem: livre e buscando resgatar sua antiga juventude.

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Por mais doloroso que seja para Joe, visto que, agora sua mãe não prioriza mais a família, Mulligan entrega um carisma estonteante e mesmo que pareça errado sua atitudes, compreendemos que suas novas escolhas foram fruto do destino. Já Gyllenhaal tem um papel consistente, mesmo aparecendo pouco em cena, o casal tem química, e contracena de forma brilhante quando os ânimos estão à flor da pele.

Com o ritmo lento, Vida Selvagem é uma obra minimalista. Encanta pela estética e pela riqueza da narrativa. É um espelho atual da humanidade, presa em seus pecados, delirando com suas frustrações. Joe, um menino inteligente, sem figura paterna para apoiá-lo. Uma esposa que faz da juventude uma forma de escapar da realidade, e um pai que precisa arcar com as responsabilidades. Paul Dano traz uma visão madura de um cineasta, a técnica e precisão vistas em cada cena são chocantes. Uma precisa composição de fotografia, Dano faz um longa realista, belo em destacar os possíveis rumos da vida e triste em abordar os danos provocados pelas escolhas. Vida Selvagem é um filme criado em cima das expectativas dos personagens, sobre o que esperar do futuro, e como amenizar o sofrimento.

Trailer Filme

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