Crítica — Green Book: O Guia

Em uma viagem envolvente, Green Book acerta no humor e nos brinda com mensagem sobre a cumplicidade

Andressa Mendes
Acabou em Pizza
3 min readJan 21, 2019

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Divulgação: Reprodução

Baseado no livro “The Negro Motorist Green Book” (1936) escrito por Victor Hugo Green um guia turístico para ajudar viajantes afro-americanos a encontrar hotéis e restaurantes que aceitassem pessoas negras — , o longa intitulado Green Book conta uma história de amizade, superação e aceitação.

Em Nova York, nos anos 1960, Tony Vallelonga (Viggo Mortensen) aceita um novo trabalho: levar o Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), um pianista negro e famoso em uma turnê pelo pelo sul dos Estados Unidos, utilizando o livro Green Book para orientá-los. Dirigido por Peter Farrelly e com o roteiro assinado por ele em conjunto com Nick Vallelonga e Brian Currie. Desde o início, fica claro o filme aborda também o racismo. Tony é julgado nos primeiro minutos por suas ações, ao deixar explícito seu preconceito. No entanto, é obrigado a superar as diferenças e embarcar nessa jornada. Conhecemos muito pouco a vida do Dr. Don Shirley, as revelações foram deixadas durante a viagem, que é o ponto alto do filme. O diretor sabe explorar muito bem os diálogos entre os personagens na estrada, revelando o lado mais íntimo.

Reprodução: Adorocinema

Recheado de conflitos que ambos passam durantes as estadias nas cidades, o longa nunca fica cansativo. É um aula de aceitação e superação, somos levados ao riso, choro e raiva em questão de minutos. Nunca foi fácil para o pianista, que mesmo alcançando a fama, tem que lidar com o preconceito e a solidão, um contraste com a vida de um homem branco que luta para manter sua família. Tony é uma pessoa admirável, sua transformação ao longo do tempo nos faz perceber que é possível repensar nossas atitudes. Carrancudo na maior parte do tempo, Tony nos brinda com seu carisma, fazendo de longe sua melhor atuação. Como não falar do talento de Mahershala Ali. Ganhador do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Moonlight” (2016), aqui ele vive um personagem contido, lutando em silêncio, porém, expressivo e capaz de prender nossa atenção.

Green Book tem uma direção de arte excelente. É possível ver os contrastes de cores, em estabelecimentos, paisagens e figurinos, mostrando que sempre existe um lado superior em cena. O filme tem humor cativante, é emocionante e delicioso conhecer as trajetórias e ver suas vidas mudarem. Um belo guia sobre uma história de superação e amizade.

Trailer do Filme

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