Johnny English 3.0 — Crítica

Caroline Oliveira
Acabou em Pizza
Published in
3 min readOct 26, 2018

O terceiro filme da franquia é tudo o que você não quer ver

Reprodução: Divulgação

Johnny English 3.0 é o terceiro filme da franquia e chegas nas telonas brasileiras em novembro. A comédia, dirigida por David Kerr — reconhecido pelos seus trabalhos nesse gênero — é estrelada por RowanAtkinson (o eterno Mr. Bean). A história tem como ponto de partida um ataque cibernético que revela a identidade de todos os agentes secretos ativos na Grã-Bretanha, obrigando a Intelegência Britânica a recrutar os antigos agentes. Eis que surge Johnny English como a única esperança do serviço secreto.

A missão dele, com o auxílio do Bough (Ben Muller), é encontrar o hacker responsável pelos ataques cibernéticos que Londres está sofrendo. Como é marca característica de English, absolutamente tudo em que ele se envolve, dá errado. Teoricamente, a comédia estaria justamente nesses erros e trapalhadas dele, mas, o roteiro falha na graça das cenas e termina sendo o que chamamos de “besteirol”.

Sobre o roteiro, pouco pode-se esperar considerando um início tão clichê e batido como o apresentado. A história não apresenta nenhum elemento original e, tampouco, personagens carismáticos que fazem com o que espectador se envolva na trama. Aliás, o filme não poupa personagens caricatos e estereotipados. Exemplo é Ophelia, interpretada pela atriz Olga Kurylenko; a personagem é uma espiã russa disfarçada que, aparentemente, seria notável na sua profissão. Contudo, a cada encontro com English, ela é mostrada como uma incompetente igual a ele, com a diferença que não tem a sorte do protagonismo que mesmo ao errar acaba conseguindo obter seus resultados no final. A primeira-ministra, vivida pela Emma Tompson, tem uma atuação que poderia ser considerada medíocre tendo em vista o potencial da atriz. O auge da atuação de Emma acontece num confronto com Johnny, na qual a atriz expõe seus talentos dramáticos, cabendo ao espião apenas o silêncio. Ela é uma mulher que ocupa o mais alto cargo do governo britânico, entretanto, a figura criada pelo filme passa a impressão de uma governante desesperada e tola, capaz de cair no golpe mais fajuto.

Em tempos que o cinema oferece cada vez mais o protagonismo merecido às mulheres, Johnny English 3.0 segue apostando em elementos ultrapassados e personagens femininas que ficam em segundo plano, não tendo suas histórias contadas em prol de um protagonista que é desprovido de inteligência à medida que é arrogante.

A atuação de Rowan é exatamente o que se espera do personagem, que inclusive apresenta muitas semelhantes com as trapalhadas do Mr. Bean (série que consagrou o ator). Contudo, o longa está longe de ter os elementos que fazem da série um clássico que transcende gerações. O filme aposta numa aventura patética, com um vilão que não convence ninguém e que logo pode ser identificado como tal, acabando com qualquer mistério que o roteiro pudesse explorar. A melhor atuação, talvez, seja do Ben Muller. Apesar da amizade e respeito (não muito recíprocos) que nutre por Johnny, é Ben o verdadeiro cérebro da dupla e quem salva a maioria das operações.

O filme, aparentemente, busca criticar a tecnologia e a teórica facilidade com a qual ela pode ser invadida e utilizada para fazer os governos cederem ao desespero e pressão popular se jogando em corporações para gerenciarem seus dados cibernéticos. English representa no longa justamente o antiquado, o à moda antiga que não se dobra as novas tecnologias para executar sua missão. Nem essa crítica parece funcionar bem e acredito que ela vai justamente na contramão do senso comum e de como a tecnologia pode facilitar os processos (o que a maioria dos filmes de espiões já entendeu, aliás).

Johnny English é um filme de comédia que não faz rir. É um filme de espionagem que não tem ação ou mistério. É um filme dados cibernéticos e pouco utiliza os avanços da tecnologia. É tudo que um filme não deveria ser.

TRAILER

Uma pizza

--

--