Crítica: Big Little Lies — Primeira Temporada
Melhor minissérie de 2017 é um grito de empoderamento e conta com atuações brilhantes
Produzida pela HBO, Big Little Lies é uma adaptação do livro da escritora australiana Liane Moriarty. A história baseia-se na vida de três mulheres: Madeline, Celeste e Jane, que vivem na cidade de Monterrey na Califórnia, e como suas vidas se aproximam diante do relacionamento dos seus filhos e de um assassinato que cerca a comunidade. A minissérie, porém, vai além disso, trazendo assuntos como bullying, traições e violência doméstica. O elenco conta com atrizes de peso, Reese Witherspoon como Madeline Martha Mackenzie no papel de uma mãe controladora, mas dedicada, Nicole Kidman como Celeste Wright, uma ex-advogada que largou tudo pelo marido e Shailene Woodley como Jane Chapman, que se mudou para Monterrey para deixar o passado para trás. A performance de Reese está mesclada entre a personagem Elle Woods de Legalmente Loira (2001) e a de Cheryl Strayed de Livre (2014). Reese traz uma camada de sarcasmos em suas relações pessoais, porém se vê em constante conflito. Nicole Kidman está aqui em sua melhor atuação, vivendo a vida perfeita — pelo menos aos olhos da sociedade — , ela na verdade sofre com agressões constantes do seu marido Perry Wright interpretado pelo excelente Alexander Skarsgård, que com sua longa experiência consegue dar um show de atuação passando a mais cruel sensação. Já Shailene mostra que tem muito mais a oferecer do que Divergente. Devo destacar também a atuação de Laura Dern como Renata Klein, ela está perfeita no papel de mãe durona e protetora e vem ganhando vários prêmios como atriz coadjuvante.
O elenco conta ainda com atores como Adam Scott, Zoë Kravitz e James Tupper, mas o que chamou a atenção são as performances das crianças Iain Armitage (O Pequeno Sheldon) como Ziggy Chapman, filho de Jane, Sarah Baker como Thea Cunningham e Darby Camp como Chloe Mackenzie, a filha mais nova de Madeline. Todos roubaram as cenas com interpretações dignas de prêmio.
A direção é do francês canadense Jean-Marc Vallée, conhecido pelo filme Wild (2014), protagonizado por Reese. Aqui ele consegue manter a qualidade dos seus respectivos trabalhos dando profundidade ao ambiente cidade-praia, com maior enfoque na paisagem com o visual claro e sofisticado. É possível sentir o ambiente em volta dos personagens. A trilha sonora é a cereja do bolo, cantores como Michael Kiwanuka: “Cold Little Heart” (música da abertura, muito boa), Leon Bridges: “River, Charles Bradley: “Changes” e uma versão de mais suave de “You Can’t Always Get What You Want” dos Rolling Stones, feita pela banda Ituana formam um arranjo perfeito entre as cenas.
A minissérie foi um grande sucesso de 2017 ganhou prêmios como Melhor minissérie ou filme de televisão no Globo de Ouro (2018), de melhor minissérie limitada no Critics’ Choice Awards (2018) e Emmy Awards (2017), Alexander Skarsgard e Laura Dern ganharam, respectivamente, O Globo de Ouro (2018), Emmy Awards (2017) e o Critics’ Choice Awards (2018), contudo quem se destacou foi Nicole Kidman levando o Globo de Ouro (2018) pela categoria de Melhor atriz em minissérie ou filme para televisão, Critics’ Choice Awards (2018) de Melhor atriz em filme televisivo ou série limitada e o Emmy Awards (2017) Melhor atriz em minissérie ou telefilme, categorias as quais disputou com Witherspoon.
Recentemente Liane Moriarty e a HBO confirmaram que a segunda temporada fazendo que a minissérie agora se torne uma série, a próxima temporada terá o elenco oficial. Big Little Lies é a perfeita mistura de Meninas Malvadas com Grossi Girl. Se você ainda não assistiu vale a pena conferir.
PS: Risco de se apaixonar pela trilha sonora.