Eu gosto de PHP: é verdade esse bilhete

Camila Emilly
accellog
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5 min readSep 17, 2018

Se você clicou aqui porque se identificou com o título, não gosta da linguagem de programação PHP e tem argumentos prontos para defender seu ponto de vista, mas tem que trabalhar com a mesma devido aos sistemas da sua empresa, você está no lugar certo. Alguma vez na vida, já deve ter ouvido desenvolvedores reclamarem do PHP em razão da sua facilidade de programar sem padrões. Frases do tipo

  • “PHP é movido a gambiarra”,
  • “Você trabalha com PHP? Deve ser um péssimo desenvolvedor!”,
  • “Todas as linguagens de programação são ótimas, menos PHP. Aí já é forçar a barra”,

são frequentes no meio da programação, muitas vezes, por profissionais que nunca se depararam com a linguagem. Porém, o objetivo aqui não é enaltecer opiniões depreciativas, mas sim, trazer uma visão diferente sobre a onda de abordagem deplorável pairada sobre a linguagem PHP. O que acha de tentar melhorar a produtividade do seu sistema e não somente reclamar dele?

Para começar esse desafio, conheça um pouco sobre o passado dessa “temida” linguagem de programação

Segundo o site PHP, esta linguagem como é conhecida hoje, é na verdade asucessora para um produto chamado PHP/FI. Criado em 1994 por Rasmus Lerdof, a primeira encarnação do PHP foi um simples conjunto de binários Common Gateway Interface (CGI) escrito em linguagem de programação C. Originalmente usado para acompanhamento de visitas para seu currículo online, ele nomeou o conjunto de scripts de “Personal Home Page Tools” mais frequentemente referenciado como “PHP Tools.” Ao longo do tempo, mais funcionalidades foram desejadas, e Rasmus reescreveu o PHP Tools, produzindo uma maior e rica implementação. Este novo modelo foi capaz de interações com Banco de Dados e mais, fornecendo uma estrutura no qual os usuários poderiam desenvolver simples e dinâmicas aplicações web, como um livros de visitas. Em Junho de 1995, Rasmus liberou o código fonte do PHP Tools para o público, o que permitiu que desenvolvedores usassem da forma como desejassem. Isso permitiu — e encorajou — usuários a fornecerem correções para bugs no código, e em geral, aperfeiçoá-lo.

No decorrer dos anos, diversas outras versões da linguagem foram lançadas no mercado e hoje, o PHP é uma das mais utilizadas em todo o mundo. A facilidade de uso e da disponibilidade de especialistas a torna uma das primeiras escolhas para a criação de uma aplicação web nível empresarial. Grandes empresas de tecnologia como o Facebook desenvolveram seu primeiro produto em PHP. Muitas estruturas de e-commerce, como Magento foram construídas em PHP. Em outras palavras, PHP é uma linguagem de programação dominante no mundo do desenvolvimento de software. Para se ter uma ideia, de acordo com a medição do site de tecnologia W3Tech, a linguagem PHP está presente em 82% de todos os sites da web. Está vendo? Nem tudo não são flores, amigo.

Agora que você sabe um pouco sobre a história do “vilão” PHP, mas por que tanto profissional ainda o menospreza?

A resposta é simples: eles não conhecem o poder que tem nas mãos. Acontece que na maioria das vezes a limitação técnica sobre o assunto, a ideia superficial e o número alto de pessoas que o utilizam abrem margem para esse tipo de conclusão. Sem duvidas quanto mais popular uma linguagem, mais código ruim é possível obter, por contrapartida, também é possível encontrar mais códigos bons. O que não pode acontecer é julgar uma linguagem pela inabilidade de quem a utiliza. Para você ter uma ideia, conheça alguns dos motivos pelos quais essa linguagem é tão utilizada no mundo do desenvolvimento:

  • É mais fácil encontrar especialistas PHP do que especialistas de outras linguagens;
  • O custo de contratação de um desenvolvedor PHP muitas vezes é baixo;
  • A manutenção não é cara por causa da quantidade de talentos disponíveis no mercado;
  • PHP é, provavelmente, umas das linguagens de programação server-side mais fácil para aprender. Isso permite que as empresas contratem novos talentos e treine-os em conformidade;
  • Há toneladas de estruturas e CMS para trabalhar que são baseados em PHP. Exemplos são WordPress, Joomla, Magento, Drupal etc.

Então, o que fazer para melhorar o meu desempenho em PHP?

Se você chegou até aqui, conheceu um pouco mais da história da linguagem, notou que eu já não escrevo jargões que menosprezam a linguagem? Acho que estou vendo um resquício de compaixão.

Em qualquer linguagem de programação, se você não souber às boas práticas de programação seu código ficará legível somente para você. O desenvolvedor subsequente que fará a manutenção terá que possuir uma grande capacidade de dedução.

Mas como passar a melhorar os meus códigos?

O segredo é começar pela empatia. Não desenvolva somente para você ou para o usuário final, pense nos programadores que te ajudarão ou posteriormente, contribuirão no seu trabalho. Faça algo entendível.

O próximo passo é aprender mais sobre a linguagem, dedique seu tempo a verificar se sua tarefa de hoje pode ser feita de formas melhores, por exemplo, isso poderá otimizar o seu tempo depois. Aprender NUNCA é demais. Passe a conhecer e gostar do que trabalha.

O site PHP the right way listou boas práticas para a programação com PHP e acredito ser interessante listar algumas que podem ser úteis, lembrando que são somente dicas de boas práticas, não regras a serem seguidas. Vamos lá:

  • Use a versão estável atual (a mais recente no momento (14/09/2018) é a 7.1);
  • Siga (o mais próximo possível) um estilo de código comum para que desenvolvedores PHP possam misturar várias bibliotecas em seus projetos. O Framework Interop Group propôs e aprovou uma série de recomendações de estilo, conhecidas como PSR-0, PSR-1, PSR-2 e PSR-4.
  • Utilize paradigmas de programação como Programação Orientada a Objetos;
  • Faça uso de namespace em suas bibliotecas para não haver colisão de nomes de outras bibliotecas;
  • Utilize um depurador. O XDebug pode ser utilizado por várias IDEs para prover breakpoints e inspecionar os itens na pilha de execução;
  • - Utilize o sistemas para gerenciamento de pacotes no PHP, como o Composer ou o PEAR;
  • Conheça as práticas de codificação, comece do básico;
  • Utilize Design Patterns, pois eles facilitam bastante na hora de gerenciar seu código e permite que outros desenvolvedores entendam rapidamente como tudo está se encaixando.
  • Procure biblioteca para abstração de conexões a bancos de dados, como a PDO;
  • Passe a usar exceções para que os desenvolvedores fiquem a par do erro e encontrem uma solução mais rápida;
  • Comece a realizar testes automatizados, pois são uma excelente ferramenta para garantir que sua aplicação não irá quebrar quando você estiver fazendo alterações ou adicionando novas funcionalidades;
  • Utilize grupos confiáveis de ajuda, como: NomadPHP e PHPWomen.

Está vendo a quantidade de coisas legais que o PHP pode proporcionar? O que acha elaborar um plano para começar a praticar essas dicas no seu código?

Muitas dessas dicas são padrões no mundo das ferramentas de desenvolvimento, se você começar a utilizá-las poderá aplicar o conceito em muitas outras linguagens de programação. Este texto foi focado em PHP, mas não se limite caso sua ferramenta de trabalho seja outra. Como eu disse, aprender NUNCA é demais.

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Camila Emilly
accellog

Estudante de Engenharia de Software, desenvolvedora, amante de arte e tecnologia. Por que não unir a lógica e a emoção?