Constelação de Touro

Osvaldo Daumas
acerbumdulce
Published in
3 min readApr 21, 2019

Antes de começar a te falar qualquer coisa sobre a Priscilla a gente precisa primeiro olhar para a vastidão de um céu estrelado e observar um conjunto de estrelas que compõem a constelação de Touro, as Plêiades. Estrelas, que quando visíveis, queimam tão intensamente que podem ser observadas facilmente a qualquer hora da noite e nem mesmo as luzes das nossas metrópoles mais vertiginosas e poluídas conseguem apagar o brilho.

E a você amigo, vou lhe permitir ter uma visão com luneta. De visibilidade transparente. Que contudo não vai lhe conferir respostas e gostaria de dizer que apesar do que lhe digo aqui, tudo pode mudar. Da mesma forma que a gente nem sempre entende como o dia suprime a noite, ou a Lua levanta altiva, num rompante, sem deixar nem mesmo tempo do Sol se despedir. A verdade é que pessoas que buscam se entender são assim, num dia são uma, amanhã podem ser duas.

Priscilla é um misto de Bossa Nova e Rock’n’Roll, tem a leveza do carioca mas é fugaz como o paulista. É daquelas meninas que vai sentar com você de pés descalços, no chão de um apartamento semi-mobiliado e se questionar sobre as teorias de Lacan, se Platão realmente amou, qual o papel da espiritualidade e até quando a humanidade vai existir. Lhe digo que: duas garrafas de vinho serão pouco. Outrora é do tipo que te faz questionar como pode parecer tão fácil trajar um salto. Com tanta destreza, tanta imponência que para quem está a observar de fora é uma feminilidade ufanosa, que tramita entre o mundano e o inalcançável.

Mas não vamos aqui nos apegar ao que a gente percebe, estou lhe dando o privilégio de ver uma parte que poucos tem chances de observar, mas quem tem esse prazer não se cansa de descobrir. Porque Priscilla faz isso com a gente, mantêm a gente se questionando e tendo que reaprender tudo que a gente sabia sobre ela e num movimento constelar de mão dupla entender sobre nós mesmos.

E nesse mundo, onde a gente nem sempre tem certeza de nossas atribuições, Priscilla intende que ela vai aprender com os erros que nem se quer vai ter tempo de cometer, que vai compartilhar com você os que ela já cometeu, para que você participe de uma órbita onde compartilhar a vida é aprender junto, é entender que esses rumos são partes de um mesmo campo gravitacional onde eu, você e ela somos muitos, mas somos ao mesmo tempo os mesmos.

Priscilla é do tipo que vai te mandar flores num dia comum, por que quando ela ama ela não cabe em si mesma. Nessa dinâmica da fantasia de príncipe e princesa, Priscilla é o ladrão, que te surpreende pela janela aberta e ao invés de te roubar se entrega. Ela vai te recitar Bukovsky num dia de chuva em que o cheiro de café invade a casa e se mistura com tragos de cigarro que não tem marca de batom e fazer você se questionar sobre seus exageros e não dispor de discernimento dos seus controles. E é por esse motivo que eu espero que você não esteja buscando pelo pífio, essa seria uma receita desastrosa em rumo ao desapontamento.

As Plêiades na mitologia grega são sete e conhecidas como “as irmãs que choram”. Tem dias que Priscilla são dez em uma e ela vai sempre te fazer sorrir. E meu caro, apesar de tudo que lhe descrevo não sei se a mim compete a prerrogativa de te fazer entender o que eu vi e concluí. Espero somente que a você seja concedida a mesma sorte que a mim foi conferida.

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