A importância da linguagem simples para a acessibilidade de materiais didáticos

Sem linguagem simples, não há tecnologia assistiva que consiga deixar materiais didáticos digitais realmente acessíveis

Vinícius Cassio Barqueiro
Acessibilidade e Inclusão
2 min readJul 6, 2020

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Imagem de duas cabeças ligadas por um fio que sai embaralhado da cabeça esquerda e chega organizado à cabeça direita.
Imagem extraída do site da Plain Language Association International. Autor desconhecido. Texto alternativo atribuído à imagem.

Como linguista e profissional da educação, com base no curso Educação Inclusiva e Educação Especial: Fundamentos Legais e Conceituais (UFSCar), defendo dois fatores para criar materiais didáticos acessíveis. O primeiro é cada vez mais comum com quem trabalha com materiais didáticos: conhecer e usar tecnologias assistivas. O segundo é mais importante, mas menos lembrado: usar linguagem simples.

Por meio de materiais digitais e com textos alternativos, estudantes cegos ou com baixa visão podem controlar o tamanho da fonte, usar softwares leitores de tela, ou mesmo imprimir em braile. Além disso, alunos surdos não-alfabetizados podem usar ferramentas de tradução para Libras.

Esses recursos são cada vez mais comuns, mas não suficientes. O material também deve ter uma hierarquia clara de informações, com subtítulos e marcadores. Suas frases devem ser curtas e objetivas, em sintaxe padrão (sujeito, verbo, objeto). A linguagem deve ser toda denotativa, com vocabulário simples, sem metáforas. Afinal, sem isso, os softwares leitores de tela ou de tradução para Libras não conseguem transmitir a mensagem de maneira clara. De nada adianta textos alternativos rebuscados, que não transmitem com clareza o que está na imagem ou no gráfico. Autistas, em especial, enfrentam dificuldades com textos complexos e metáforas.

Sem linguagem simples, não há tecnologia assistiva que consiga deixar materiais didáticos digitais realmente acessíveis.

Para saber mais:

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Vinícius Cassio Barqueiro
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