A importância da linguagem simples para a acessibilidade de materiais didáticos
Sem linguagem simples, não há tecnologia assistiva que consiga deixar materiais didáticos digitais realmente acessíveis
Como linguista e profissional da educação, com base no curso Educação Inclusiva e Educação Especial: Fundamentos Legais e Conceituais (UFSCar), defendo dois fatores para criar materiais didáticos acessíveis. O primeiro é cada vez mais comum com quem trabalha com materiais didáticos: conhecer e usar tecnologias assistivas. O segundo é mais importante, mas menos lembrado: usar linguagem simples.
Por meio de materiais digitais e com textos alternativos, estudantes cegos ou com baixa visão podem controlar o tamanho da fonte, usar softwares leitores de tela, ou mesmo imprimir em braile. Além disso, alunos surdos não-alfabetizados podem usar ferramentas de tradução para Libras.
Esses recursos são cada vez mais comuns, mas não suficientes. O material também deve ter uma hierarquia clara de informações, com subtítulos e marcadores. Suas frases devem ser curtas e objetivas, em sintaxe padrão (sujeito, verbo, objeto). A linguagem deve ser toda denotativa, com vocabulário simples, sem metáforas. Afinal, sem isso, os softwares leitores de tela ou de tradução para Libras não conseguem transmitir a mensagem de maneira clara. De nada adianta textos alternativos rebuscados, que não transmitem com clareza o que está na imagem ou no gráfico. Autistas, em especial, enfrentam dificuldades com textos complexos e metáforas.
Sem linguagem simples, não há tecnologia assistiva que consiga deixar materiais didáticos digitais realmente acessíveis.
Para saber mais:
- Curso gratuito “Primeiros passos para uso da linguagem simples” (ENAP)
- Curso gratuito “Basics of Inclusive Design for Online Education” (Coursera)
- Site da associação internacional de linguagem simples
- Site do Movimento Web para Todos