Dicas práticas de acessibilidade digital

Como redigir textos, diagramar materiais, descrever imagens/gráficos e produzir vídeos acessíveis.

Vinícius Cassio Barqueiro
Acessibilidade e Inclusão
4 min readSep 22, 2020

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Imagem de um emoji amarelo com óculos escuros, sorrindo.

Dicas organizadas por Elaine Silva, Rodrigo Florenciano e Vinícius Barqueiro e originalmente publicadas em matéria do Insper de 21/09/2020, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.

Textos acessíveis

Escreva frases curtas e ordem direta

Ordem direta: sujeito, verbo e objeto. Isso ajuda algumas pessoas com deficiência intelectual, estrangeiros aprendendo português, pessoas que usam avatar de Libras, pessoas que usam software leitores de tela e pessoas em geral com dificuldade em compreender textos (o último relatório do INAF indica que 3 a cada 10 brasileiros de 15 a 64 anos de idade são analfabetos funcionais).

Evite figuras de linguagem

Evite figuras de linguagem em comunicações informativas ou orientações aos colegas. Quanto mais claro e direto, melhor, pois algumas pessoas compreendem metáforas de modo literal. Avatares de Libras e estrangeiros aprendendo português também podem ficar confusos com linguagem figurada.

Use vocabulário simples e em português

Temos o costume de evitar palavras repetidas, mas, pensando em acessibilidade, é mais indicado repetir a palavra algumas vezes e evitar sinônimos de difícil compreensão. A mesma indicação vale para palavras em inglês, nem sempre conhecidas por todos e de difícil compreensão para leitores de tela e avatares de Libras que se baseiam no Português.

Evite usar x ou @ para marcar gênero neutro

É muito importante buscarmos uma linguagem inclusiva, mas usos como “alunx” ou “alun@” confundem softwares leitores de tela, avatares de Libras e algumas pessoas com deficiência intelectual. Há outras alternativas acessíveis, como “estudante” em vez de “aluno, “docente” em vez de “professor” e outras palavras cujo gênero é neutro. Outro exemplo: em vez de “fale com o coordenador”, podemos usar “fale com a coordenação”.

Diagramação acessível

Alinhe o texto à esquerda e com espalhamento entre linhas de 1,5

É importante que haja espaço adequado e regular entre letras, palavras e linhas. Quando deixamos o texto justificado ou com espaçamento entre linhas simples (1 pt), pessoas com dislexia ou déficit de atenção ficam com mais dificuldade de leitura e compreensão.

Use as marcações de nível hierárquico

Em vez de atribuir manualmente tamanho de fonte e negrito para títulos e subtítulos de um documento Word, PowerPoint ou mesmo HTML, use as ferramentas de “Estilo” e marcações de HTML. Isso ajuda quem usa leitores de tela a ter maior clareza da hierarquia das informações, bem como ajuda quem precisa aumentar as fontes para enxergar melhor. Veja como usar “estilos” no Pacote Office.

Garanta contraste adequado de cores

O uso de cores próximas em gráficos ou elementos visuais pode atrapalhar a apreensão da informação, especialmente para pessoas daltônicas. Na dúvida, use um validador de contraste de cor.

Nomeie o hiperlink, em vez de “clique aqui”

Ao criar hiperlinks, é recomendado escrever o destino no próprio link. Por exemplo, em vez de “clique aqui para acessar o formulário”, usar apenas “Acesse o formulário”. Isso porque quem navega usando leitor de tela “pula” de um link a outro, então, se há apenas a informação “clique aqui”, a informação de destino se perde. Além disso, o “clique aqui” é uma linguagem pensada para usuários em computadores e não faz se aplica a quem está lendo no celular ou tablet.

Imagens acessíveis

Pessoas cegas ou com baixa visão que usam softwares leitores de tela podem não conseguir acessar informação fornecida com imagens ou gráficos. Para deixá-las acessíveis, é necessário descrever os elementos visuais. Isso pode ser feito no código (pelo recurso “alt”, lido apenas por softwares leitores de tela), ou de maneira explícita e visível a todos.

Descreva imagens

Descreva imagens de cima para baixo e da direita para a esquerda, no seguinte esquema: 1) formato (se é foto, ilustração, arte etc.); 2) descrever o sujeito da ação; 3) descrever o contexto, como uma paisagem, por exemplo); 4) a ação do personagem na imagem. Saiba mais sobre descrição de imagens.

Veja como fornecer descrição de imagens no Pacote Office, no Blackboard e em redes sociais: Facebook, Instagram, LinkedIn, Twitter.

Gráficos, tabelas e mapas acessíveis

Não dependa apenas de cores

Não dependa apenas de cores para distinguir informações em gráficos, tabelas e mapas. Isso porque nem todo mundo enxerga as cores da mesma maneira, por daltonismo ou por usar dispositivos em preto e branco. Confira dez dicas para deixar sua visualização de dados mais acessível.

Descreva gráficos

Descreva gráficos levando em conta seu propósito no contexto, no seguinte esquema: 1) tipo de gráfico (gráfico de barras, de pizza, dispersão etc.); 2) tipo de dado; 3) propósito; 4) link para dados brutos. Saiba mais sobre descrição de gráficos.

Vídeos acessíveis

Forneça legendas ou transcrição

Isso ajuda surdos alfabetizados no idioma do vídeo, pessoas aprendendo o idioma do vídeo, ou mesmo quem assiste ao vídeo em meio a barulho ou sem condições de ter o áudio ligado, como quem assiste no transporte público ou em uma sala de espera. Veja como colocar legendas automáticas no Microsoft Stream e no Youtube.

Outros recursos de acessibilidade em vídeos

Também é recomendado oferecer audiodescrição (narração que descreve para pessoas cegas o que acontece no vídeo) e caixa com tradução simultânea em Libras.

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Vinícius Cassio Barqueiro
Acessibilidade e Inclusão

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