Checklist Básico de Acessibilidade para Ecommerces

15 itens práticos para melhorar a acessibilidade de lojas virtuais.

Juliana Fernandes
Acessibílito
4 min readJan 28, 2018

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Ilustração de fluxo de uma compra pela internet, passando pelo estágio de acesso a internet até o recebimento do produto. Tirada de www.scdigest.com

Pra resumir a história: precisei comprar um inalador pros meus animais de estimação e experimentei fazer isso usando um leitor de tela. Foi traumático. Senti ódio, cansaço, frustração. Amaldiçoei todos os e-commerces naquele dia.

Conversei com amigos cegos sobre o que eles passam na hora de comprar pela internet e, juntando com minha maravilhosa experiência pessoal, saiu uma palestra sobre compras online e acessibilidade.

Aí vai um checklist básico para melhorar a experiência de usuários de tecnologias assistiva no e-commerce:

1. O menu é acessível via teclado?

Viabilize a navegação do menu pelas teclas TAB e setas.

2. Existem interações que dependam exclusivamente do mouse?

Se existem interações críticas que dependam de mouseover ou drag and drop para funcionar, elimine-as ou mescle a solução com uma alternativa que permita executar a ação também via teclado.

3. O título da página é esclarecedor?

O título da página não pode ser genérico. Deve deixar claro se estou numa listagem de resultados, detalhe de produto, atendimento ou seja onde for.

4. As imagens estão com alts significativos?

A descrição do alt deve ser rica o suficiente para ajudar o usuário do leitor de tela a captar detalhes do produto, formas de uso ou outras informações que o fazem enxergar o que está sendo vendido.

Dica de ouro: post texto alternativo: o guia definitivo, no Medium do Bruno Pulis.

5. A página tem cabeçalhos?

Os cabeçalhos / títulos devem possuir uma hierarquia lógica e transmitir com clareza o que vou encontrar se acessa-los.

6. A listagem de produtos pode ser filtrada facilmente?

Ofereça opções de filtro como preço, tipo de material, tamanho e outros para deixar a listagem mais assertiva e enxuta.

7. Garanti o mínimo possível de links para um mesmo destino?

Otimize a quantidade de links para diminuir o esforço de se chegar no lugar certo. Para quem navega via teclado com a tecla TAB, ter que passar por uma quantidade infinita de links desnecessários é sinônimo pesadelo.

8. Links e botões tem nomes que indiquem claramente o que vai acontecer?

O usuário precisa saber exatamente para onde vai e que tipo de conteúdo verá apenas pelo texto do botão ou link.

9. Os textos estão fora das imagens?

Informações de ofertas, preços ou quaisquer outros textos devem estar dentro do HTML, e não embutidos nas imagens.

10. O produto tem descrição?

Ofereça informações detalhadas sobre o produto que está sendo oferecido, como dimensões, conteúdo da embalagem, material, características técnicas, etc.

11. Tem cálculo de frete na página do produto?

Antes de iniciar o checkout deve ser possível saber se entregam na região do usuário e quanto vai custar. É frustrante para qualquer um descobrir que a compra é inviável só depois de todo o esforço.

12. Existem informações de pagamento na página do produto?

Assim como a questão do frete, saber se tem desconto à vista ou em quantas vezes dá para parcelar é essencial para saber se vale a pena continuar a compra.

13. Os campos de formulário estão associados a um label?

O label esclarece o que preencher em cada campo e reduz as chances de erro.

14. Tenho um tradutor digital de Libras?

Libras e português são línguas diferentes. Se você não souber inglês e acessar uma página nesse idioma, vai ter dificuldade de entender o que está lá. Funciona da mesma forma com pessoas surdas que não dominam o português, que não é sua língua nativa.

Ofereça um serviço como o Handtalk ou ProDeaf, que funcionam como um plugin que traduz automaticamente todo o texto do português para a Língua Brasileira de Sinais.

15. Foi testado com consumidores com alguma deficiência ou pelo menos validado com ferramentas de acessibilidade?

Validar com ferramentas é melhor que nada, mas não é assertivo como testar com consumidores reais.

E pra terminar:

Estamos em 2018, mas ainda precisamos lembrar os lojistas…

Pessoas com deficiência também são economicamente ativas. Assim como qualquer pessoa na sociedade, elas trabalham e tem poder de decisão sobre seu dinheiro.

Não resolver problemas de acessibilidade significa criar barreiras para que mais de 45,6 milhões de pessoas* exerçam sua autonomia financeira. Entre um e-commerce acessível e outro não acessível, em qual você acha que as pessoas vão comprar?

  • Dados do Censo Demográfico 2010.

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Juliana Fernandes
Acessibílito

UX, research, acessibilidade, plantas, ratos, livros, feminismo, veganismo e filmes de terror ruins.