Lucas Rubio Ayres
Adeptos & Apaixonados
13 min readDec 25, 2017

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- TUMMMMM — Ecoa primeira batida.

- Pelo Sport nada? — irrompe no ar uma voz firme, convidativa.

- Tudo! — vem a réplica, num coro confiante

- TUMMM — faz a batida, suspendendo o ambiente.

- Pelo Sport nada? — a voz provoca novamente

- Tudoo!! — ataca o coro.

- Então como é, como vai ser e como sempre será? — conclama a voz, já animada, ansiosa. Dessa vez ela se junta ao coro, enquanto as batidas puxam o ritmo:

- Cazá, cazá, cazá, cazá/ a turma é mesmo boa / é mesmo da fuzarca / Sport! Sport! Sport!

O resultado se assemelha a um grito de guerra, um estribilho cheio de ondas e energias que se espalham por todo aquele ambiente. Os copos e os talheres das mesas enfileiradas tremem levemente, num tilintar sincronizado com a música. Nas paredes, não muito distantes entre si, vibram as bandeiras que as cobrem por completo, percorrendo sua extensão até o limite do “L” que formam.

Posicionando-se no vértice desse “L”, é possível sentir a pulsação do corredor que se forma entre as duas fileiras de mesas quadradas colocadas rente às paredes, e que acomodam cerca de 20 pessoas sentadas em cada uma. São elas o coro.

Ao fim desse estreito espaço, de cerca de cinco metros de comprimento, há uma televisão, instalada no alto, quase no limite do pé direito, à qual um desavisado apontaria como a detentora da atenção das quatro dúzias de pessoas que estavam viradas em sua direção.

Ocorre que bem ao lado do aparelho há um homem, de estatura mediana, ombros largos, barba e cabelos ruivos e cacheados que dão um aspecto circular à sua face. Ele está de costas para a televisão, que mostra imagens da Arena Pernambuco, em Recife. Ele está em pé, próximo de uma cadeira, que ao invés de abrigar sua bunda apoia um bumbo, cuja pintura da pele orna com a camiseta de seu operador. Seu nome é Walfrido Neto, o primeiro cônsul do Sport Club Recife, a voz que comanda toda essa fuzarca.

Walfrido em seu lugar tradicional no Consulado. (Foto: Lucas Ayres)

- É muito chato você chegar em casa num domingo e simplesmente sentar no sofá e assistir ao jogo. Aqui a gente tenta criar o máximo do ambiente do estádio, canta como se o jogador estivesse ouvindo. A gente é totalmente contra o fanático de pay-per-view, a gente gosta é de estar na arquibancada, de ter o clima do estádio.

De fato, só a saudação sportista já transporta o ouvinte até a Ilha do Retiro. E de clima de estádio Walfrido entende. Estreou nas arquibancadas quando tinha apenas cinco anos, nos Aflitos, casa do Náutico. “Fui, mas nunca torci para o Náutico”, ele responde rapidamente, refutando as acusações de vira-casaca.

Suas outras primeiras aparições no campo foram novamente na casa do rival. A mãe, Wilma, na época torcedora do Náutico e ex-atleta de salto em altura e em distância, levava o filho por paixão e por convicção dos bons frutos a serem colhidos a partir do envolvimento com o esporte.

O projeto parecia dar certo, dado o atendimento do filho, mas o menino dava sinais de que algumas arestas precisavam ser aparadas. “Ele falava para eu rezar e tirar o gol do Náutico”, lembra Dona Wilma. Começou a reparar que não compartilhavam o amor pelo mesmo clube. Tentou apelar para presentes, o que não deu certo.

- A única camisa do Náutico que minha mãe ousou me dar foi parar no Canal do Arruda — rememora o filho, aos risos. Naquele dia, o Timbu havia batido o Sport por 4 a 1.

Dois anos depois, o projeto da mãe voltava a caminhar, mas por outra rota. Ela se convenceu e levou o menino à final do Campeonato Pernambucano de 1992. O confronto era novamente Sport x Náutico, e foram para o lado do Sport.

- A partir daí eu virei Sport, minha mãe virou Sport, meu pai também, depois de muito tempo, e minha irmã também. Metade da família já era Sport, aí a outra eu mesmo corrigi — vangloria-se Neto, como é sempre chamado pela família.

Com a harmonia na casa, passou a estreitar sua relação com o estádio, sendo uma presença constante na Ilha do Retiro. Em 15 anos, compareceu, exerceu e se apaixonou perdidamente pelo papel de torcedor — e pelo Sport, claro. Com 22 anos, o futebol e seus ritos eram parte fundamental da vida de Neto. Foi natural, então, o passo que deu em direção à cultura futebolística.

- Em 2007, fiz parte da formação da Brava Ilha, que é a barra brava do Sport. Até hoje eu faço parte do núcleo da Brava, mesmo estado distante. Nosso modo de pensar é de não ter a camisa da torcida, e sim trazer a camisa do clube, que não está em busca de nenhuma vantagem para torcida, mas sempre para o clube. Pensamento no clube em primeiro lugar. Tudo pelo Sport.

A inspiração é no jeito de torcer argentino, de total entrega ao time do coração, cantando sem parar, por muitas vezes até alheio ao jogo. Abnegação que salta aos olhos. Aplicou o modus operandi hermano fielmente naquele ano. Gritou, pulou e torceu como se não houvesse amanhã. E de fato não havia, pelo menos no que diz respeito à sua presença na Ilha do Retiro.

- Eu vim para São Paulo em 2008. Foi muito difícil, mas até que foi um bom ano para começar.

E realmente foi. No ano em que migra para a cidade paulista, o Sport conquista a Copa do Brasil em cima do Corinthians, e tendo passado pelo Palmeiras nas oitavas-de-final, com direito a goleada. Nem é preciso dizer quem esteve presente nesses jogos, tanto no sudeste como no nordeste.

Porém, o que parecia ser um presente de despedida, um prêmio de consolação, acabou por virar uma oportunidade, um chamado para sua vocação. Durante a partida contra o Palmeiras em São Paulo, Neto conheceu Ribamar Filho, um analista de TI igualmente maluco pelo Sport. A amizade que criaram foi o ponto de partida para a história ser feita.

Ao chegar à rua Manoel Dutra, número 471, Bela Vista, em São Paulo, as instruções eram ir ao subsolo e aguardar. Entrando no estabelecimento ali localizado — que não poderia ter nome melhor: Rancho Nordestino –, passada a fachada de cantina de bairro tradicional, com todas aquelas mesas de madeira e o pequeno espaço que elas preenchem, uma despretensiosa escada se apresentava, guardada por uma parede alta, repleta de retratos, penduricalhos e outros cacarecos temáticos do Sport de Recife.

O sujeito que tira fotos e dá outras pintas de surpresa com aquilo tudo recebe olhares de “mais um” da garçonete, que tenta descer. Ela abre o caminho para um porão em formato de “L”, surpreendentemente mais arejado que o andar sob o qual se instala.

Além das mesas alinhadas na perna comprida do “L”, o espaço conta com mais umas cinco mesas, vinte e tantas cadeiras e uma geladeira própria. Conta, também, com um papel de parede rubro negro, com detalhes em dourado e diversos desenhos de silhuetas de torcedores do Sport em poses épicas.

Eles são encobertos por alguns quadros ao estilo da parede da escada, com destaque para um de cerca de 1,5 m x 1,5 m, expondo uma camisa do time de Recife, modelo 2015, toda cheia de assinaturas de jogadores do elenco daquele ano. Acima, pequenos porta-retratos com as bandeiras dos estados do Nordeste, com destaque para o de Pernambuco, afinal aquele era o Consulado do Sport Recife em São Paulo.

Todo dia de jogo, Petruska ajuda a transformar o porão do Rancho Nordestino.(Foto: Lucas Ayres)

O relógio aponta 15h, o dia é domingo, e todos sabem o que vai acontecer dali a uma hora, em especial Dona Wilma e Petruska, irmã de Walfrido, que iniciam a montagem do ambiente. Com um punhado de bandeiras e um entrosamento infalível, transformam rapidamente aquele subsolo de restaurante em um altar ao Sport Club Recife.

“Neto já vai chegar”, diz Wilma, entre idas e vindas com as bandeiras e um caderno, com o qual fazia uma lista de presença, assinada pelos sportistas que chegavam, cada vez em maior número. O atraso do entrevistado criou a ótima oportunidade de conhecê-lo pela ótica de quem mais o conhece.

- Neto tem uma paixão muito bonita pelo Sport — reconhece sua mãe.

- Se quer falar sobre torcedor ele é a pessoa certa — concorda a irmã.

As duas conservam uma imagem de um homem muito apaixonado pelo seu time e por sua torcida, numa relação quase recíproca, como se confirmou na sua chegada. “Olhe Neto!”, exclama uma voz; “Ó o cantor aí!”, brinca outra. Durante toda a entrevista, Walfrido seria cumprimentado diversas vezes pelos sportistas que lá chegavam, todos respondidos com um carinho fraternal do entrevistado.

- A gente aqui é uma família. Falamos a nossa língua, nos reconhecemos, cantamos não só a música que ouvimos normalmente, mas a música da nossa região. Aqui é um refúgio.

O ambiente confortável, familiar, veio graças à boa vontade e camaradagem de dois amigos, além, claro, de amor ao Sport. Depois de se conhecerem nas arquibancadas do Parque Antártica, Walfrido e Ribamar passaram a assistir aos jogos do Leão juntos, sempre que possível. Mas como ficar no sofá de casa não era programa para nenhum dos dois, foram se esgueirando pelos bares de São Paulo em busca das tevês sintonizadas no Sport.

- Passamos pelo menos um ano assim, de bar em bar, tentando ver todos os jogos. Meu amigo até falava para a namorada que ia assistir o jogo com o pessoal, mas ela sabia que o pessoal era só eu e ele mesmo.

Ribamar e Walfrido, lado a lado, à direita e acima, no começo da Leões de Sampa. (Foto: Leões de Sampa/Reprodução: Facebook)

Numa cidade que é lar de três times gigantes, e ainda com um Santos bem pertinho, a concorrência pelas televisões era grande e o convencimento pela transmissão do jogo do Sport, complicado. Fora as vezes em que conquistavam uma tela a duras penas mas aparecia algum grupo em maior número pleiteando um outro canal.

Perceberam que era necessário um número maior de pessoas para garantir seu programa esportivo. Em 2010, numa partida contra a Portuguesa, no Canindé, começaram a fazer uma espécie de cadastro, a listar os sportistas na arquibancada e articular um grupo no extinto Orkut. Dali sairia a Leões de Sampa, torcida organizada da equipe pernambucana em São Paulo, quase um braço da “Brava Ilha”, devido ao fundador em comum, Walfrido.

A mobilização deu certo e conseguiram uma parceria com o “Bar do Sacha”, em Pinheiros. Mesmo assim, a adesão não foi como esperada e o lugar era mais de “paquera do que de bola”, prejudicando o ambiente de estádio que Neto e Ribamar tanto queriam.

Resolveram, então, pedir ajuda ao próprio Sport Club Recife. Na época, ensaiavam migrar para o bar “Coisas do Futebol”, na Vila Madalena, um lugar mais apropriado, como revela o próprio nome. Neto falou por telefone com Felipe Figueira, diretor social, e Jorge Peixoto, diretor associativo, que ficaram de levar a ideia à presidência.

- Para minha surpresa, três meses depois — quando a gente liga a gente nunca espera o retorno do clube né? Sempre acha o clube uma coisa muito distante — houve o retorno e a gente ficou muito surpreso. “Ó, estamos lançando um projeto de consulado, e queremos que São Paulo seja o primeiro”. Ficamos super felizes. Aí teve a parte burocrática, de documentação. A exigência do Sport eram dez novos sócios, porque a ideia é que o consulado é não só para passar jogo, mas para fortalecer a marca do Sport também, e criar atrativos para as pessoas que estejam longe de Recife e que se associem ao clube.

Com a chancela oficial do clube e mediação da Leões de Sampa, nasceu em outubro de 2015, na rua Harmonia, 506, o primeiro consulado oficial do Sport de Recife. Seu cônsul, naturalmente, era (e ainda é) Walfrido Neto.

A benesse do apoio institucional fez o projeto pegar para valer. A inauguração teve presença do presidente da época, João Humberto Matorelli, seu vice (e hoje presidente) Arnaldo Barros, o técnico em exercício Paulo Roberto Falcão, jornalistas, sportistas, curiosos. Nas redes sociais do clube, os convites a visitas alcançavam torcedores de todos os cantos de São Paulo, e o CDF se enchia às quartas, domingos e quaisquer outros dias com jogos do Sport, que ainda vivia boa fase no ritmo do meia-atacante Diego Souza.

Nada parecia interromper a bonança de Walfrido, Ribamar e seu consulado. Nem mesmo o fechamento do “Coisas”. Até porque seu substituto era um lugar melhor ainda, o Rancho Nordestino.

- Essa parceria com Rancho Nordestino foi ótima, com comida nordestina, música nordestina, com os pernambucanos aqui e o Sport para completar. E, estando aqui duas vezes por semana, a gente se sente parte de um todo, de uma família de torcedores do Sport, pernambucanos, nordestinos, onde a gente pode falar a “nossa língua”.

Às 16h05 o jogo começou, mas não se ouviu o apito do juiz, os cantos da torcida, as besteiras do narrador ou qualquer outro som vindo da televisão. Mal se ouvia os próprios pensamentos. O bumbo de Neto batia constantemente, marcando músicas do Sport e outros sucessos regionais adaptados. “Qui nem Jiló”, de Luiz Gonzaga, foi a que fez maior sucesso.

A gente espera o Sport jogar/ e esquece que um dia perdeu/ Saudade inté que assim é bom/ pro cabra se convencer/ que é feliz por torcer/ É RUBRO-NEGRO . Este trecho em especial fazia os pernambucanos encherem o peito para cantar e espantar a saudade, como manda a música.

Percebe-se aí que os sentimentos de muitos ali vão além das esperanças de uma vitória ou o receio de enfrentar o Palmeiras, time paulista com quem o Sport mais rivalizou nos últimos anos. Para a maioria, provavelmente absoluta, havia uma alegria de ter um gosto de casa, mesmo que por algumas horas. Para Walfrido não era diferente.

- É uma terapia para a gente que vive em São Paulo, que é sim uma cidade acolhedora — tem suas questões de preconceito, a gente se sente às vezes um pouco excluído — mas é uma cidade que acolhe mesmo assim. Os novatos que vêm uma vez, na outra já começam a fazer parte da família do Sport. Por isso que vem tanta gente para cá, e a cada dia vai aumentando.

Beirando os 10 anos na cidade da garoa, o cônsul sente a saudade de casa aumentar a cada dia, ao passo que cria mais raízes na capital paulista, com a estabilidade do trabalho no Tribunal de Justiça, a mudança de sua irmã e de seus pais, os seis anos de seu filho Pedro e o três de consulado.

Como numa resposta, aumentou a frequência das idas aos jogos na Ilha do Retiro, o estádio do Sport. Se ia somente nos eventos mais decisivos, deixando os embates mais banais — se é que consegue considerar qualquer partida do Leão como banal -, para as viagens ao Rio de Janeiro, à Minas, ao Paraná. Mas se tem decisão, vai aonde for preciso.

- Teve um jogo contra o Vila Nova, em Goiás, em 2011, que o Sport estava em 8º lugar da Série B, na penúltima rodada, e precisava vencer e torcer por quatro resultados diferentes. Vencemos, os quatro resultados aconteceram e os 5 mil torcedores do Sport que estavam em Goiás ficaram loucos, invadiram o campo. Fui um dos que invadi, depois minha mulher até ligou falando que tava com vergonha porque eu apareci na televisão chorando no meio do campo. Foi muito emocionante e eu tenho a grama do Serra Dourada plantada no meu quintal.

Walfrido declara seu amor à câmera aos 12:24

Mais recentemente foi a Barranquilla, na Colômbia, ver a eliminação do Sport perante o Junior Barranquilla, pelas quartas-de-final da Copa Sul Americana. “Ver” talvez não seja a melhor maneira de descrever seu comportamento no estádio ou até mesmo em frente a tevê. Ele se entrega ao time.

- De 2007 para cá eu não consigo ver muito bem o jogo (risos), eu sei dos resultados, procuro ver de madrugada quando passa a reprise, mas não tenho conseguido muito não.

A briga do rubro-negro da Ilha contra o rebaixamento no Brasileirão dá um caráter de decisão a todos os jogos da reta final. Sente a demanda pela sua torcida aumentar e tem ido a mais jogos do que costuma. Além do mais, Pedro começa a seguir os passos do pai, se interessando mais do que nunca pela equipe pernambucana. Daí as idas frequentes a Recife.

O clima no consulado era de descontração antes de sair o primeiro gol do Palmeiras. Embalados pelas batidas de Neto, as garrafas de cerveja e pelo doce dos quebra-queixos, provocativamente dispostos em uma cumbuca em cima da mesa mais próxima da televisão, os sportistas deixavam o nervosismo de lado e adotavam a confiança.

Jean cobrou escanteio da direita e Bruno Henrique cabeceou no primeiro poste, de costas para o gol. A bola subiu e fez uma trajetória estranha que a levou para a rede do outro lado da meta do goleiro Saulo, substituto do eterno ídolo sportista Magrão.

O gol palmeirense descompassou as batidas, esquentou as cervejas e amargou os quebra-queixos. Os Leões de Sampa se entreolharam, tentando entender quem permitiu o volante do Palmeiras estragar a sua festa.

- Calma, gente, que vamos virar — enuncia Neto, firmemente.

O cônsul retoma as batidas, os presentes compram sua convicção e o ambiente arretado ganha uma sobrevida. Walfrido não tinha lá essa confiança na virada, que de fato não aconteceu (o placar terminou em dois a zero), mas fez o que tinha de fazer pelo seu consulado. As pessoas ali confiam nele, o seguem, o veem como um líder.

Suas atitudes condizem com o cargo. Além de cuidar da parte burocrática do recinto sportista, de puxar o ritmo da torcida, é ele quem organiza caravanas e caronas para jogos distantes, fazendo até vaquinhas ou rifas, se assim for necessário para as viagens.

Lidera não somente pela sua paixão pelo time, mas pela sua torcida também. Seu altruísmo vai além do apoio aos jogadores, seja nas arquibancadas ou no subsolo do Rancho Nordestino. Entrega-se à sua família, de sangue ou de camisa, aos torcedores, aos pernambucanos e nordestinos amargando que nem jiló em São Paulo. Cuida dos seus, como um bom familiar, um bom pai, um bom cônsul. O Primeiro Cônsul.

- Olha que legal, esse título ninguém mais tem, que nem o Brasileirão de 1987. Vários consulados, mas o primeiro é aqui comigo, em São Paulo.

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