Livro impresso ou digital?
o dilema entre praticidade e aquela coisa boa que é livro físico
Eu tenho recentemente conseguido voltar a um hábito que há algum tempo estava esquecido sob uma miríade de pretextos: ler.
Sempre gostei de ler e lembro de fazer caminhos mais longos entre minha casa à Rua Nilo Peçanha, 934 e o colégio Prieto Martinez que ficava a cinco minutos a pé só para dilatar o tempo de leitura no trajeto.
Brincadeira pueril de limitar o tempo de leitura com as passadas do caminho. A medida que a estória ia ficando melhor, o passo ia ficando menor e mais lento.
Recentemente eu tenho descoberto todo um novo universo de conhecimento ao qual eu ignorava completamente graças a uma série de pessoas que surgiram até mim pela internet, notávelmente Rafael Nogueira, Bruno Garschagen, o Dio do Bunker do Dio e a lista segue, pois eles apresentam novos autores e o processo recomeça.
História, economia, ciência política e (quem diria para alguém de TI) filosofia. A lista de interesses só faz crescer e a sensação de só saber que nada sei a cada dia cresce.
Pelo que vi dando uma googlada rápida para achar algumas imagens para ilustrar este post, longa é a lista de posts que tratam do assunto. O vídeo acima é muito bom e bem divertido.
Todos, sem exceção usam de uma análise utilitária para tentar chegar a uma resposta. É justo, e por ela os ebooks ganham de disparada.
Minha solução para o dilema: livros impressos são para colecionar e os digitais para manusear e ler.
Eu me peguei pensando isto hoje no ônibus ao ler um livro de mais de 600 páginas em um dispositivo fininho, leve, com dicionário embutido e que de quebra me deixa grifar textos, adicionar notas e marcar páginas.
É prático? Muito! Disponibilidade imediata na compra, inclusive, quando se compra um impresso na Amazon, eles enviam os primeiros capítulos via digital para você poder já iniciar a leitura enquanto aguarda pela entrega.
A noite dá para ler sem acender a luz do criado mudo e não atrapalhar o sono da esposa (o que melhora o relacionamento de forma significativa 😅).
Recentemente eu decidi ler Maldita Guerra, do Francisco Doratioto, que discorre sobre a guerra do Paraguai, sem os revisionismos históricos que assolam a história do Brasil, principalmente quando ela não soma ao golpe republicano de 1889.
Inexiste a opção para ebook e tive de me contentar em comprar a versão impressa. Quando o recebi e o peguei em mãos, folheei, dei aquela fungada nele e isto me lembrar como é bom um livro de impresso.
O livro físico tem charme e valores intrínsecos que transcendem toda a praticidade das mídias digitais
Sim, sob todos os aspectos práticos os ebooks ganham, e de disparada. Só resta então o apego ao livro impresso ser de origem puramente emocional.
Algo neles deve fazer com que nos sintamos bem da mesma forma que plantas, animais domésticos e madeiramento em nossas casas assim o fazem.
Quem sabe não é o eco do velho sonho de montar uma biblioteca doméstica.
Aquele maravilhoso mosaico de cores, formas e nomes, composto dos mais diversos volumes dispostos diligentemente estante a estante.
Talvez uma forma de externar para qualquer um que adentre nossa casa as nossas conquistas como leitor, sendo cada tomo um troféu.
Quem sabe sejam eles a síntese da esperança de que, por sua presença física, estes livros acabem cooptando nossos filhos, filhos dos filhos, etc. a virarem leitores assíduos.
Se assim for, de certo queremos com este pequeno patrimônio a base de celulose influenciar nas decisões de leitura deles, e desta forma vê-los a ler os nossos eleitos, os quais passamos uma vida toda escolhendo e que foram nossos pontos de apoio ao criar todo o conhecimento que nos define.
Realmente, parece que o carinho para com nossos livros impressos é muito mais da ordem emocional do que sujeito a objetividade.
E com você?