Querer é poder? Como adotar em Cascavel

Rafael Helfenstein
Adota-se
Published in
3 min readMay 31, 2016

Em Cascavel, atualmente são cerca de 40 pessoas na fila de espera para adoção de crianças. O número parece relativamente baixo, mas, quando comparado ao tempo de espera que essas pessoas enfrentam até conseguir realizar todo o processo, a proporção desse número fica muito maior. Cascavel tem uma característica particular no que diz respeito às adoções. A cidade é sede de uma comarca que realiza um grande número de procedimentos. Em 2015, Cascavel foi a cidade com maior número de adoção no Paraná, foram 30 no total. Mas, de acordo com o juiz da Vara da Infância e da Juventude, Dr. Sérgio Luiz Kreuz, o número poderia ser maior se não houvesse tantas restrições por parte dos interessados, visto que, atualmente, são 48 crianças e adolescentes esperando para serem adotados.

“Por que a fila não diminui? Porque não está dentro do perfil que os pais desejam. A preferência é por crianças menores, de pele branca e sem irmãos”.

O juiz afirma que essa característica vem mudando, mas que, para uma conscientização total das pessoas que procuram adotar um filho, ainda vai demorar algum tempo.

“Esse perfil vem mudando com o tempo, ainda de forma lenta, mas está mudando. Primeiro pela demora: as pessoas, às vezes, reconsideram seu perfil quando veem que a espera vai ser muito longa. Segundo em razão de uma conscientização de que estas crianças também precisam de pai e mãe”.

Sérgio Kreuz diz que as crianças e adolescentes só vão para adoção após a destituição plena do poder familiar por decisão judicial em razão de abandono, negligência e maus-tratos.

“Quando isso acontece, vamos buscar casais aptos em nossa comarca para que a criança fique aqui. Caso isso não seja possível, procuramos no Cadastro Nacional de Adoção, primeiro no Paraná e, depois em outros estados. Se, mesmo assim, não houver interessados, encaminhamos o caso para a Comissão Estadual Judiciária de Adoção, em Curitiba, a qual vai procurar habilitados internacionais para fazer esta adoção. Se for encontrado, esse casal vem e aí faz todo o processo de adoção, que é totalmente transparente, seguro e só acontece quando não há brasileiros interessados. Muita gente reclama que a criança vai pra fora, mas aqui dentro nós não a adotamos”.

Quem procura pelo processo de adoção deve ficar atento a algumas questões. O Juiz da Vara da Infância e da Adolescência explica os procedimentos que devem ser tomados.

“Os interessados devem comparecer à Vara da Infância e da Juventude e trazer alguns documentos que estão listados no nosso site www.direitodascriancas.com.br. Em seguida, nossa equipe técnica faz uma visita aos interessados e observa se eles têm condições emocionais e materiais para a criança ou o adolescente adotado. Isso acontece para evitar que as crianças e adolescentes, que já passaram por um processo de desestruturação familiar, sofram novamente. É bom lembrar que adoções legais só são feitas via Poder Judiciário. Fora disso, é crime”.

Foto: Facebook

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