Tudo o que vai mudar no Google daqui pra frente

Adri Fernandes
adrifernandes
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8 min readMay 5, 2021

O que as mudanças do Google tem a ver com o seu negócio?

Foi-se o tempo em que o mercado do marketing e propaganda era sinônimo apenas de criatividade. Com a chegada do digital, os bons profissionais passaram a trabalhar prioritariamente com estratégias de performance e, por isso, precisam estar sempre atentos às alterações de algoritmos realizadas de tempos e tempos pelas principais plataformas.

Hoje, quero destacar as principais mudanças anunciadas pelo Google. Afinal, o que essa gigante da tecnologia está planejando para os próximos meses e como isso pode afetar a publicidade do seu negócio? Vem comigo!

1) FIM DOS COOKIES E CHEGADA DOS FLOCS

O Google anunciou que vai interromper, em 2022, o uso de cookies de terceiros em seu navegador Chrome, seguindo os passos dos concorrentes Firefox (Mozilla) e Safari (Apple).

De acordo com dados da StatCounter em 2020, o Chrome era utilizado por mais de 60% dos internautas no mundo e, aproximadamente, 80% dos usuários no Brasil.

Você deve estar se perguntando: e como isso vai me afetar? Bem, os cookies são recursos tecnológicos usados por praticamente todos os sites para monitorar atividades de navegação. São pequenos arquivos que servem para te rastrear na internet, ou seja, para registrar dados como os sites que você entrou, as palavras que digitou, o que pesquisou e até por onde seu mouse passou. Com base nesses dados, é possível, por exemplo, oferecer anúncios mais personalizados e identificar padrões de navegação.

O Google anunciou o fim dos cookies alegando a necessidade de preservar a privacidade dos usuários. É claro que existe a preocupação dos próprios internautas com seus dados, mas há também uma pressão cada vez mais forte de órgãos do governo sobre os métodos e a segurança de dados dos cidadãos.

No Brasil, por exemplo, desde que entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em 2020, todo site que você acessa abre uma janelinha perguntando se você aceita ser rastreado por cookies, já reparou? Essa é uma exigência da legislação que dá, em teoria, mais controle ao cidadão sobre o que acontece com seus dados na internet.

Embora a finalidade dos cookies não tenha sido originalmente a da propaganda, eles têm grande relevância no mundo do marketing digital. Afinal, quando sabemos o comportamento do usuário em diferentes sites, temos maiores chances de identificar seus hábitos e preferências e, com isso, ser mais assertivos no contato com potenciais consumidores. Grande parte do crescimento da publicidade, na última década, se deve à aplicação e à utilização de cookies.

Depois dos cookies… os Flocs!

A principal alternativa ao fim dos cookies está sendo desenvolvida pelo próprio Google. O método chamado Flocs, acrônimo para Federated Learning of Cohorts (Aprendizagem federada de grupos), visa agrupar internautas com interesses e comportamentos similares de forma anônima.

Assim como os cookies, os Flocs registram o comportamento do usuário na web, mas apenas dados anônimos — como o idioma ou o modelo do celular, mas nada que o identifique pessoalmente. Essas informações são agrupadas em nichos de pessoas com interesses semelhantes. O intuito é que os dados desses grupos sejam oferecidos aos sites e empresas de marketing, mas nenhuma informação individual, como email, telefone ou endereço, seja compartilhada.

A iniciativa já vem sendo testada pelo Google que acredita que a técnica será uma boa alternativa sem ferir a privacidade dos internautas.

Sim, já é possível se preparar!

Estamos a um ano do fim dos cookies de terceiros no Chrome. Por isso, é importante estar preparado. Como? Fazendo testes e experiências.

O Google prometeu para este mês o acesso de anunciantes a uma alternativa para testes em uma nova versão do Chrome que vai dar aos usuários a opção de substituir, ligar ou desligar os cookies para sua coleta de informações.

Então, caro amigo, é hora da mão na massa. É preciso participar ativamente dos testes para ter uma ideia do que virá pela frente e qual o impacto disso nos negócios. Se possível, já comece a pensar em alternativas. Aqueles que deixarem essa etapa para depois, podem ter impactos significativos em suas vendas e podem amargar surpresas nada desejadas.

2) EXPERIMENTOS DE VÍDEO NO GOOGLE ADS

O Google anunciou que está adicionando uma nova ferramenta de experiências de vídeo no Google Ads, o que permitirá às marcas testar e comparar diferentes abordagens, para melhorar e refinar sua “pegada” de marketing de vídeo.

Essas experiências podem ser uma grande ajuda para melhorar o alcance da sua marca e seus esforços promocionais. A nova ferramenta também promete ser uma ajuda na tomada de decisões, o que pode aprimorar os resultados do seu negócio no YouTube.

Segundo o Google, esses experimentos são fáceis de configurar e fornecem resultados rapidamente — o que vai ajudar a todos nós, do mundo do marketing, a agir.

As experiências de vídeo serão adicionadas ao painel do Google Ads — na guia “rascunhos e experiências”. Nesse local, você poderá criar novos experimentos de vídeo para testar qual de seus anúncios em vídeo é mais eficaz no YouTube.

Com um experimento de vídeo, você pode testar diferentes anúncios em vídeo com o mesmo público e, em seguida, usar os resultados do experimento para determinar qual anúncio repercute mais em seu público”, diz o Google.

Isso pode ajudar as marcas a otimizar seus gastos com publicidade e gerar melhores resultados.

3) CURADORIA DE NOTÍCIAS

Quantas das notícias que você leu hoje vieram do Google? Quantas delas eram confiáveis? Atualmente, são os algoritmos das big-techs (Google e Facebook) que decidem, em grande parte, como as informações de qualidade chegarão aos leitores.

Recentemente, o Google anunciou que vai pagar para que notícias selecionadas de sites jornalísticos apareçam no destaque do app Google Notícias. É uma guinada importante na postura da gigante das buscas e na batalha pelo fim das fake news.

A história é um pouco longa, mas vou tentar resumir. O Google já havia se posicionado contrário à regulamentação de cobranças, com o início das discussões sobre o tema, no ano passado, na Austrália.

Quando entidades do setor de comunicação pressionaram pela remuneração, o Google reagiu dizendo que isso seria “prejudicial ao combate à desinformação ao limitar acesso a uma variedade de fontes de informação”. E disse que os sites jornalísticos já tinham um “volume sem precedentes de leitores” que podiam ser monetizados por meio de anúncios.

Meses depois, quando o parlamento australiano estava prestar a votar a nova lei, a empresa subitamente voltou atrás e correu para fechar contratos com os principais meios de comunicação australianos.

Agora, o Google anuncia que decidiu estender a prática mundo afora, e a curadoria de notícias deve começar a funcionar na Austrália, no Brasil, na Alemanha e na França.

Google e Facebook são responsáveis, sozinhos, por 60% a 80% de toda a verba de publicidade online brasileira, segundo estimativa da Associação Nacional de Jornais (ANJ).

4) EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO EM PRIMEIRO LUGAR

O Google anunciou para junho deste ano a chegada do Page Experience, uma grande atualização que promete priorizar os sites que oferecem uma boa experiência ao usuário e punir as páginas que não preencham as medidas de UX (User Experience) um conjunto de parâmetros relacionados a como um visitante interage com um site. O que isso significa? A experiência do internauta será um fator de ranqueamento e o seu site precisa estar preparado para isso!

Fatores como velocidade de carregamento, boa responsividade mobile e navegação segura ganham pontos na experiência do internauta. A partir de agora, esses parâmetros deixam de ser importantes apenas para os usuários e tornam-se determinantes para os algoritmos.

Para o e-commerce, é importante ficar de olho nessas mudanças, uma vez que a redução de tráfego orgânico também significa menores chances de conversão e vendas.

O Google Page Experience irá privilegiar três aspectos conhecidos como Core Web Vitals, tendo como principais pontos:

Velocidade de carregamento

Os sites com melhor classificação devem oferecer uma boa velocidade de carregamento da página, em um tempo inferior a 2,5 segundos.

Em 2018, o Google afirmou que os carregamentos que levavam mais de 3 segundos tinham uma taxa de 53% de abandono de carrinho, principalmente quando o usuário utilizava um dispositivo móvel (tablets e smartphones).

Fique atento à velocidade do seu site. Se ao clicar em um produto do seu e-commerce, o usuário verificar que a página não abre ou demora é bem provável que ele desista de comprar. Quanto mais rápido o seu site carregar, melhor será a experiência do internauta.

É fundamental também verificar se há hiperlinks de redirecionamento com erros. Esse é um tipo de quebra na programação que prejudica a classificação do seu site.

Interatividade

A interatividade deve oferecer várias possibilidades de engajamento ao usuário, como curtidas, compartilhamentos e comentários nas principais redes sociais.

Aposte também na produção de conteúdo relevante para o melhor ranqueamento do seu site. Afinal, o consumidor de hoje está cada vez mais interessado em informações, e não em anúncios invasivos.

Para os sites que já investem no marketing de conteúdo, a dica é aprofundar as informações, os artigos e materiais oferecidos. Na sociedade da informação, a disponibilização de conteúdo relevante pela internet é moeda de troca.

Estabilidade do layout

Outra dica importante: aprimore o design do seu site. É importante que os elementos do layout não saiam do lugar enquanto o usuário navega, principalmente quando ele usa dispositivos móveis, como os smartphones. Isso é o que chamamos de estabilidade visual — que evita que o usuário clique acidentalmente em um botão ou link que não queria.

O Google continuará avaliando a compatibilidade das suas páginas com os dispositivos móveis, isto é, a responsividade do site, bem como a segurança do seu endereço.

Então, não se esqueça de garantir a proteção contra vírus e invista pesado em medidas para evitar a ocorrência de crimes cibernéticos. Hoje em dia, o Google já pune sites que não usam o protocolo HTTPS, que criptografa os dados dos usuários.

Banners e pop-ups em excesso também prejudicam a experiência do usuário e devem ser evitados.

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