Como é a vida de um designer na Toptal

Jon Vieira
Aela
Published in
7 min readFeb 20, 2017

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Trabalhar de qualquer lugar do mundo, participar de projetos super interessantes com startups e grandes empresas do Vale do Silício, ser parte de uma empresa que promove o trabalho remoto e um estilo de vida com atividades e encontros ao redor do globo (alguns, inclusive, com atividades pagas pela empresa) e ainda de quebra ganhar em dólares americanos.

Para grande parte dos designers este é o cenário dos sonhos, e ele pode ser mais acessível do que você imagina!

Início de tudo

Desde quando iniciei meus trabalhos com clientes internacionais em 2011 eu procurei formas de estabilizar minha vida profissional como freelancer, pois não importa de onde seus clientes são, uma vez freelancer você sempre vai se deparar com os mesmos tipos de dificuldades: encontrar trabalho, gerenciar seu tempo e sua independência, cuidar das finanças, entre outros.

Chegado 2015, com uma carreira mais madura, passei me dedicar a trabalhos mais significativos, o que me levou a aplicar para dezenas de empresas internacionais. Foi aí que conheci a Toptal.

Mas o que é a Toptal?

A Toptal é uma startup do Vale do Silício que consiste em uma rede fechada de freelancers que atuam na área de desenvolvimento de software, design e finanças. Seu diferencial é ter como seus membros apenas os freelancers top 3% do mundo.

Os clientes são compostos por startups de vários lugares do mundo (com grande foco nos Estados Unidos e no Vale do Silício) e eventualmente empresas maiores pintam por lá, dentre as quais posso citar Google, Facebook, Airbnb e HP.

Para garantir que os freelancers estejam entre os top 3% do mundo, é feito um rigoroso (e desgastante) processo seletivo e uma vez parte da comunidade você só sai se não manter o profissionalismo (ou seja, se você quiser pausar seus trabalhos por tempo indeterminado, você tem esta opção).

Como funciona

Em termos gerais, os membros da comunidade têm acesso a um banco de jobs para os diversos clientes mencionados anteriormente. Estes jobs podem ser hourly (pagos por hora), part-time (por meio período — 20h semanais) ou full-time (por período integral — 40h semanais).

Você define seu valor / hora junto à Toptal e recebe o proporcional do que trabalha, sendo que nos engajamentos hourly você faz o acompanhamento das horas e nos jobs part-time e full-time você tem a garantia de receber pelo valor semanal respectivo ao tipo de engajamento.

O principal diferencial ao meu ver é que você têm profissionais dedicados a conectar os freelancers aos clientes, o que além de garantir um fluxo de trabalho muito bom, proporciona um gerenciamento de conflitos muito eficiente, pois toda e qualquer dificuldade é tratada com a equipe da Toptal, e não diretamente com o cliente. Ou seja, se um cliente der dor de cabeça e você quiser descontinuar o job, você trata isto diretamente com a Toptal, ou se um cliente não pagar, a Toptal assume a bronca e você não fica desamparado financeiramente.

Do lado do cliente também existem algumas garantias que não vem ao caso aqui, mas o que importa é que a empresa se coloca como o meio de campo entre as duas pontas de forma muito profissional.

Quais são as vantagens

Lembrando os pontos que citei no início do artigo:

Trabalhar remotamente de qualquer lugar do mundo que desejar

Você pode trabalhar de forma totalmente independente e fazer seu horário, com total confiança por parte da empresa.

Criar um portfolio internacional diversificado

Você pode atuar em inúmeros projetos na área de design de interface (UI e UX) com chances de poder efetuar trabalhos para renomadas empresas de tecnologia.

Ter qualidade de vida

A Toptal não incentiva o ritmo frenético de trabalho (veja que os trabalhos full-time são de no máximo 40h semanais).

Além disto, a empresa promove atividades de co-working, road trips e retiros em que profissionais podem trabalhar juntos e participar gratuitamente de workshops, hackathons, palestras e atividades de lazer em locais ao redor do mundo.

Em setembro de 2016 aconteceu o Toptal House em Portugal, com direito até a práticas de surf, tudo por conta da empresa (os freelancers selecionados apenas pagaram as despesas de viagem).

Ganhar em dólares americanos

O que já era bom quando iniciei em 2011 com cotações perto de R$ 2,50 ficou ainda melhor durante a crise de 2015, com cotações próximas aos R$ 4,00.

Profissionais podem facilmente iniciar ganhando valores a partir de USD 40 / hora e aumentar conforme se sentir confortável (conheço quem cobra USD 90 / hora).

Faça as contas e veja se não vale a pena.

Existem desvantagens?

As dificuldades que algumas pessoas enfrentam neste tipo de cenário — sendo muitas parte da vida de freelancer em si, não exclusivamente da Toptal — eu não poderia chamar de desvantagens, mas para efeito de conhecimento:

• Processo seletivo hard-core

Você não achou que todos aqueles benefícios viriam de mão beijada, não é mesmo? O processo seletivo é bem longo, seletivo e difícil. Falarei mais a respeito logo a seguir.

Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades

Gerenciar sua independência, seus horários e trabalhar remotamente sem um patrão ou chefe no seu pé, pode ser um desafio para alguns no início. Pode parecer fácil, mas requer disciplina.

• Você é responsável pelo seu sucesso

Não é porque você entrou para a comunidade que os jobs vão cair no seu colo. Você não vai disputar com indianos cobrando USD 2 / hora, mas você tem que correr atrás de aplicar para os jobs e ser um bom vendedor de suas habilidades.

• Todas os pontos negativos de se trabalhar sozinho / remotamente

Apesar da empresa promover atividades que visam amenizar este lado, você ainda passará grande parte de seu tempo trabalhando por conta própria, possivelmente sozinho (dependendo de seu setup). Isto pode ser uma dificuldade para alguns.

Ok! Como entrar para a Toptal?

Bem, nem tudo são flores. Entrar para uma empresa deste nível requer que você seja profissional em nível senior que tenha um excelente portfolio na área de design de interfaces.

O processo leva semanas e é bem complexo, requer um excelente nível de conversação e escrita em inglês e leva todo mínimo detalhe a sério (eu já tive colegas reprovados por simples erros de digitação no portfolio).

Se você não está preparado para ouvir críticas ou é um designer que deixa passar detalhes, nem perca tempo aplicando. Se seu inglês é nível intermediário, é melhor você se aprimorar primeiro.

Outro fato importante é que se você não tiver um portfolio no perfil de design de interface / interação — UI / UX / IxD / Product Design, e não estou falando de websites, mas de aplicações interativas e produtos digitais — não importa para que marcas você trabalhou ou quantos anos tem na bagagem, você não terá sucesso.

Tenho colegas que trabalharam para multinacionais e nomes globais que não passaram no processo e se quiserem aplicar de novo vão ter de esperar meses (ou até anos, dependendo de quantas tentativas frustradas). Por mais que isto possa soar confuso e ferir o ego de alguns, o ponto é que ter o perfil correto fala muito mais alto que o tamanho de seus clientes. Candidatos menos expressivos, mas com um bom portfolio adequado à vaga, têm muito mais chances.

O objetivo não é desanimar os interessados, mas deixar claro que todos aqueles benefícios que citei não vêm de graça, e sem um preparo muito bom a reprova é certa. Por isto, uma sincera auto-crítica é essencial, a fim de que você consiga se preparar da forma correta.

Poxa, que balde de água fria!

Fique calmo!

Existem inúmeros fatores que irão definir se você, leitor, terá ou não uma carreira bem sucedida. Mas eu sou a prova de que com um objetivo bem definido, uma boa estratégia e muita determinação qualquer profissional pode ir longe e alcançar patamares superiores, e longe de mim achar que estou entre os top 3% do mundo!

Com trabalho e dedicação é possível adequar seu perfil às oportunidades que estão por aí, mesmo que não seja na Toptal.

Existem inúmeras oportunidades internacionais aguardando pelo candidato ideal — veja em meu LinkedIn em quantas oportunidades me envolvi somente entre 2015 e 2016, tudo isto ainda morando Brasil!

Se você deseja migrar para Product Design ou já é da área e quer se preparar de forma pratica para esse mercado de design internacional, veja:

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Jon Vieira
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Product Designer, currently @ Facebook VR/AR