Como Me Tornei Product Designer — Entrevista com Jairo César

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17 min readDec 14, 2022

Este artigo foi originalmente publicado no site da Aela. Para uma melhor experiência de leitura acesse o artigo original.

Entrevista cheia de insights com o Jairo, nosso aluno do MID, que atuava como freelancer em Design antes de migrar para Product Design.

Neste bate-papo, o Jairo nos conta sobre sua jornada profissional, como decidiu mudar de área e também como usou os estudos e aprendizados da Aela para alavancar sua carreira como freelancer e elevar seu preço pela qualidade das suas entregas.

Conta para gente um pouco do seu histórico, quem é o Jairo, e o que você já fez?

Oi Felipe, é um grande prazer conversar contigo. A gente passa tanto tempo te seguindo e aprendendo tanta coisa. É sempre um prazer muito grande o discípulo estar perto do mentor.

Bom, meu nome é Jairo, eu tenho 44 anos e atuo como designer há uns 15 anos, mais ou menos.

Sou casado com uma psicóloga que me tem como cobaia (risos), sou pai de um casal de filhos e recentemente tenho estudado bastante e migrei para a área de UX agora no último ano. Um dos resultados da pandemia.

E tô aqui para conversar sobre tudo que possa ajudar outras pessoas.

Você já trabalhava há algum tempo com Design. Por que você decidiu se jogar mais para o lado de UX e Product Design? Qual foi o “trigger” para você?

Eu gostava bastante da área de criação publicitária quando estava em voga, bem no comecinho do digital. Fiz bastante trabalho assim e por um acaso que eu descobri a área de estratégia.

Estava lendo uma revista, sem muito objetivo, lendo à toa mesmo, e tinha um artigo sobre isso, pensei: “nossa, estratégia de negócio, é uma área bacana.”

E o que tem a ver isso com propaganda?

E aí eu comecei a me aprofundar. Eu achei interessante, mas não havia trabalhado ainda em nenhum projeto com isso.

Mas depois isso me perseguiu. Eu entrei na faculdade, comecei a cursar propaganda e marketing. Gostei muito mais da área de propaganda e eu sempre tentei entrar no mercado nessa área de criação, pelo lado de planejamento e sempre acompanhando com design.

Isso era o comecinho do design digital, quando não existia rede social, ainda era bastante aquela coisa de sites institucionais com apelo, um impacto visual bem forte.

Eu atuei bastante nessa área e depois percebi que tinha um espaço muito grande nos bastidores do desenvolvimento de web. Era muito interessante. Comecei a trabalhar com isso e naveguei durante muito tempo nessa área, atuando como webdesigner mesmo.

Eu tinha as características de um web developer, aquela pessoa que gerenciava o site, toda a infraestrutura. Mas acabei focando no design. Não sei se muita gente conhece, mas eu sou da época do Flash.

Eu vi o Flash nascendo e eu vi o Flash morrendo; e eu falo pra todo mundo: “olha, eu consegui ganhar bastante dinheiro com Flash, consegui desenvolver muita coisa.”

E sempre fiquei com esse viés criativo da criação estratégica. Claro que sempre com um background em estratégia e chegou um momento na minha vida profissional que eu pensei: “acredito que eu posso fazer um curso, eu quero vender um curso de internet.”

Eu comecei a estudar um pouco, e a minha estratégia era: “eu preciso ter uma boa base teórica, mas eu preciso mostrar que eu tenho essa base teórica e por conta disso, eu vou revisitar todos os grandes autores de design.

Aí, por incrível que pareça, eu caí no podcast da Aela. Foi a primeira vez que eu escutei sobre a experiência do usuário. Aí eu maratonei todos os episódios e falei: “eu não acredito que existe uma área assim, que envolva estratégia e planejamento neste nível e que dá suporte para o design como um todo.”

E aí, quando eu terminei o último episódio, eu fiz a inscrição no MID e pensei: “Bom, agora é um mundo sem volta.”

fases do processo de ux design mostrando em tópicos: descoberta, desenvolvimento e solução
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

E foi quando eu comecei a atuar como um designer um pouco mais estratégico. Eu não peguei uma oportunidade direta porque eu atuava bastante como freelancer. Então, boa parte do aprendizado da Aela, eu depositei nos meus projetos, o que fez com que o meu trabalho elevasse a qualidade e consequentemente eu cobrava mais caro, tinha mais receita disso.

E aí chegou uma hora que eu não queria mais ser freelancer. Eu queria uma oportunidade, de estar dentro de uma empresa, para entender como funciona o negócio e não pegar somente uma parte do Design, e não ter acesso a todo o planejamento disso.

Eu consegui uma oportunidade numa empresa como UX mesmo. Todo o aparato, ferramental de design e de estratégia de planejamento, eu comando hoje.

Isso é só uma pequena bio né, tem muito cabelo branco, muito tênis gasto aí nessa jornada.

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Para quem não sabia, a Aela começou como um podcast. E depois foi crescendo como empresa e infelizmente tivemos que parar com o podcast. Mas logo estaremos com novos episódios — não é à toa que estou aqui com microfone novo.

Foi um aprendizado porque eu não sabia nada sobre experiências. Eu tinha escutado alguma coisa sobre acessibilidade, e assim, eu não tinha profundidade nisso.

Inclusive até aconteceu uma coisa muito curiosa, esses dias eu vi uma pessoa que é diretora de produtos, e quando o assunto “acessibilidade” estava em voga, o Flash foi muito massacrado. Eu era um dos defensores do flash na comunidade e lembro que eu brigava com essa pessoa.

A gente tinha MSN (RIP MSN — The Microsoft Network) um do outro, e a gente debatia mesmo, defendendo cada um seu lado. E aí eu encontro essa pessoa, e vejo que ele é diretor de produto e seguiu uma trajetória muito boa. Éramos totalmente opostos, e hoje estamos no mesmo barco.

Eu achei bem interessante. Quem me deu esse encontro foi o Aelacast. Eu pensei: “Nossa, isso aqui é um mundo de oportunidade.” É com muito carinho que eu lembro do Aelacast. Eu marquei todos os episódios.

E conta mais como foi trabalhar com essa questão de aplicar os conhecimentos do curso nos seus freelas. Como foi aumentar seu preço por conta disso?

imagem retirada do portfolio do Jairo, mostrando os problemas relacionado ao produto que ele encontrou na fase de descoberta.
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

Eu descobri o WordPress na plataforma de blog, e eu descobri aqueles construtores, que são os builders. Eu achava muito bacana a possibilidade de você arrastar e criar layout.

Então eu comecei a desenvolver alguns sites, eu e o Diego, mas quando você vende o site, você vende o site todo. O sonho do designer é só trabalhar o visual. Naquela época não existia Figma, não existia ainda o XG de uma forma bem estabelecida e difundida.

Eu vi que com os aprendizados da Aela eu já podia começar a implementar isso; não precisava estar dentro de uma empresa, eu podia aplicar boa parte do conceito e boa parte do escopo do design dentro desses produtos.

E aí eu fiz um teste. Eu estava numa comunidade de marketing aqui no Brasil e uma pessoa falou que estava precisando de um designer que tivesse noção de negócio também.

E eu pedi pra ele me explicar mais sobre o que seria essa noção de negócios. Conversamos sobre número, conversão, sobre boas práticas. E eu falei: “olha, eu consigo. Se você me der uma orientação e me der um bom briefing, eu consigo navegar nisso e a gente pode fazer um teste.”

Eu cobrei bem barato porque era um teste. Eu fiz uma One Page, não era Landing Page ainda, para o setor de turismo. E deu muito certo. A pessoa adorou o resultado, me disse que o negócio precisava disso. A minha parte, que era o intermediário de desenvolvimento e gestão de tráfego, propaganda, também se adequou.

E aí ele começou a passar mais. Eu lembro que no terceiro ou quarto projeto, que eu já estava desenhando, todo o site, toda a estrutura de edição, toda aquela condução para a tomada de ação, seja para venda, seja para um atendimento. Eu já estava projetando com isso e aí eu fui elevando o valor nas entregas.

O engraçado que assim, toda vez que eu falava: “olha, o preço para esse tipo de projeto vai ser um pouco mais elevado.” A pessoa já disse que não precisava negociar comigo, que era só eu passar o meu valor. E não é nenhum tipo de soberba, longe disso, mas dentro do razoável. Isso aqui tenho que cobrar tanto. E eu estou com o cliente até hoje.

Até hoje a pessoa me pede. Hoje eu sou CLT, mas quando chega algum projeto mais robusto, ele entra em contato, perguntando se tenho tempo. Se for alguma coisa que eu consigo fazer final de semana, a gente sempre fecha alguma coisa. Hoje mesmo estou atendendo o projeto dele.

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Tem gente que não quer fazer produto, tem gente que gosta de fazer site ou Landing Page e é um ótimo mercado. Hoje em dia tudo é possível, vai da pessoa escolher o que quer.

É muito possível. Eu lembro que a última agência que eu passei era de marketing e eu estava introduzindo algumas coisas de experiência do usuário lá. E eu fiz uma apresentação super simples, mostrando basicamente que o valor do design não era só no visual. Mostrei tudo que acontecia antes disso. Eu coloquei tudo numa apresentação.

Bem no dia da apresentação, tinha um fornecedor de desenvolvimento lá na agência e essa pessoa ficou muito interessada, me fez várias perguntas, porque não conhecia nada daquilo.

Eu lembro que mostrei o design da Nespresso, um protótipo do MID que eu estava fazendo, que era o antigo N1 (nível 1 da formação Aela). Abri o Academy (plataforma de ensino da Aela) e mostrei a minha ideia inicial, o que eu implementei, e como o mentor me devolveu, e como eu cheguei no resultado do projeto depois de quatro aprovações.

Aí terminou o horário de expediente e a pessoa me ligou perguntando se eu não queria trabalhar com ele. Eu não aceitei, porque ele era fornecedor da agência, mas achei muito legal como despertou o interesse dele.

Muito legal. É uma forma de evangelizar, de mostrar para as pessoas o que a gente pode oferecer, como funciona e que isso gera resultado.

Enriquecendo a proposta do nível ainda (nível 1 do MID), a gente tinha um dashboard naquelas versões, e eu também consegui um freela por conta daquele dashboard que eu fiz.

Eu mostrei as implementações e a pessoa gostou tanto que falou que tinha um projeto parecido, com as mesmas características, e eu fechei esse trabalho também por conta do N1.

Nós estamos sempre fazendo updates, você pegou duas versões diferentes da nossa formação. Como você se organizou para estudar nesses diversos momentos, enquanto atuava como freelancer?

Não sou uma pessoa modelo de planejamento. Não posso falar que eu tenho tudo extremamente bem pautado de tarefa diária, vida social e de trabalho.

Mas chegou uma hora que eu precisava. Não sei se você vai lembrar. É o ponto de coragem. Você tem que ter uma ousadia e assumir o risco e dar o passo.

Isso aconteceu quando vocês fizeram a virada da versão da Aela, porque antes a gente tinha aqueles níveis dos cases. Naquela época o N1 tinha quatro propostas, tinha que fazer duas e eu fiz quatro, porque eu queria fazer todas.

imagem do portfolio do Jairo, mostrando vantagens competitivas e informações de características do produtos.
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

Quando virou a nova versão da Aela, que o nível 1 veio mais aprimorado, eu bati um papo contigo sobre fazer o N1 de novo ou ir pro nível 2, e você me deixou muito aberto na decisão. E aí eu decidi fazer o N1 do zero, fazer tudo de novo.

Só que decidi fazer diferente, me aprofundar mais, rabiscar mais, fazer uma boa pesquisa. O que eu não sei, eu pergunto e o que eu sei eu vou fazer da melhor forma possível. E aí eu fiz o N1, que inclusive está no meu portfólio.

Muita gente olha pra ele e fala:”Jairo, eu quero fazer igual.” E eu sempre digo, você está fazendo a parte bonita aqui. Mas tem um pouco de coragem e ousadia, algumas madrugadas em claro eu passei justamente para eu ter um bom case.

E eu acho que o ponto de virada foi justamente esse. Eu falei pra mim mesmo, preciso me dedicar e ser ousado, sabendo de todos os riscos.

Foi uma virada bacana. Eu vi o benefício de um empenho. Acho que esse foi o ponto da virada, quando eu decidi fazer uma imersão mesmo, estudar de fato. E com isso eu acabei percebendo o que pra muita gente passa batido: aquele feijão com arroz bem básico, porém bem feito, dá muito resultado.

Quando eu colhi o primeiro resultado, eu falei, é por aqui que eu vou.

Fantástico. A dedicação sempre se paga; quer entrar nessa área? Quer virar um bom produto design? Tem uma fórmula mágica para você: sentar e estudar.

imagem do portfolio, mostrando suposições e validações, duas com farol verde que foram validadas, e uma em vermelho não validade.
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

O pessoal vê o meu case, eu fiz o site então está online. E eles acham muito legal, perguntam como eu cheguei nesse ponto.

Eu pergunto, vocês viram quantas horas foram dedicadas, as 60 horas que estão lá? Tem que se dedicar. E você tem que fazer, se quer realmente se destacar, e extrair valor.

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E a gente já mapeou essas 60 horas, teoria e prática, essa é a média, porque tem os mentores acompanhando, o vai e vem dos projetos. Não tem outra forma de você aprender design de uma maneira bacana, sem ser assim.

Controle de ansiedade também. E não dá para enganar, a gente fica ansioso mesmo. Se você não tomar conta, é prejudicial. Tem que controlar, faz parte.

A ansiedade traz várias pegadinhas. Por exemplo, se você faz uma entrevista de emprego e a pessoa te faz a oferta, às vezes você nem reflete direito pra ver se tudo aquilo faz sentido para você.

descobertas da desk research no processo de ux design, imagem do portfolio do Jairo
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

E tem que passar. Se você não passar por isso, não vai aprender a lidar. Faz parte.

Você poderia ficar como freela, mas decidiu que queria CLT. A pergunta é: como aconteceu isso?

Não está descartado voltar. Mas foi uma decisão estratégica, voltada para o aprendizado. Hoje eu tenho uma situação confortável que me permite isso.

Tudo, claro, foi construído. Mas eu tive que tomar essa decisão para elevar a minha entrega. Se eu quiser, por ventura, lá na frente, ser um consultor ou alcançar uma senioridade com mais profundidade, eu tenho que conhecer mais o negócio.

Eu percebi que o rápido aprendizado disso seria ir para CLT. Porque eu estaria dentro de um negócio mesmo, estaria vendo como é que funciona.

Hoje eu tive uma call com o meu time e eu expliquei para eles, que nem sempre a gente vai sair desenhando. Nem sempre o nosso produto, o design, é algo visual, e esse tipo de coisa a gente só aprende estando dentro do negócio, vendo como é a dinâmica.

Uma empresa quer vender serviços, só que junto com isso há diversos problemas a serem administrados. E esses diversos problemas, muitas vezes precisam de recursos para você resolver. E se for gastar, como é que você gasta? De que forma? E o prazo? Qual vai ser o impacto disso?

Então eu percebi que eu conseguiria ter esse aprendizado encurtado e otimizado dentro de um negócio.

Eu não sei se eu tive sorte, mas não acho que seja o caso. Mas eu tive um bom approach, peguei uma vaga que me proporcionava isso. Então foi uma decisão difícil, não é uma realidade que todo mundo tem condições de fazer.

Mas o meu aprendizado só seria melhor aproveitado se eu estivesse numa posição de CLT.

Então, é uma questão estratégica. Durante um tempo, eu prefiro estar dentro de um negócio para poder ter minhas habilidades potencializadas, amplificadas. E pode ser que eu volte a ser freela, porque é um mercado muito atrativo ainda. Então tudo vai depender de como vai ser performance, em quanto o tempo eu vou alcançar esse meu objetivo.

Se eu tivesse que “metrificar” onde é o meu patamar, é ser uma pessoa que consiga compreender bem de um negócio, com o mínimo possível, a ponto de poder desenvolver soluções que realmente resolvam problemas de mercado. Eu acho que como freela eu poderia alcançar isso. Poderia conquistar. Mas com essa estratégia eu acredito que alcance na metade do tempo. Sabe? Ou até um pouco mais cedo.

Ontem tivemos um coffee time na comunidade, você assistiu a gravação? A gente falou justamente sobre isso, sobre essas decisões estratégicas.

imagem mostrando as personas definidas por Jairo, casual gamer e pro player.
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

Então, tem um colega de profissão que me falou que estava numa posição um pouco diferente, e que ganharia um pouco mais, coisa de dois, três mil reais a mais, e ele me perguntou por que eu não fazia a mesma coisa.

Eu falei que era uma visão estratégica, porque eu sei o que eu quero. Passou um tempo e eu perguntei para ele sobre o Instagram que eu tinha visto da empresa dele, se era ele quem tinha feito. E ele disse que sim, porque a empresa tinha pedido. Então tem decisões e decisões. Ele realmente pode estar ganhando mais, mas tem trabalhos que você vai fazer às vezes, que é outra vibe, é um outro segmento.

Então, hoje eu estou focado extremamente em Product Design. Poderia ganhar mais, incluindo social media no meio. Mas hoje eu estou extremamente focado em Product Design e a minha oportunidade permite isso.

Provavelmente a hora que você escolher voltar a ser freela, você vai acabar se vendo mais como um consultor e é bem incrível os níveis de ganho em relação à salários.

analise de competidores por jairo cesar
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

É uma questão de parar para pensar um pouco. Faz muita diferença separar, nem que seja cinco minutos. Para quem não corre nem um quilômetro, andar 100 metros é muita coisa. Então a pegada é mais ou menos essa.

E como foi o processo para você após a decisão de ser mais estratégico? Como foi esse processo de buscar vaga e conseguir uma oferta?

analise da pagia atual do case por jairo cesar
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

Olha, se você não tem um case de portfólio, você não tem nada. Você pode ter o melhor currículo. Você pode ser o melhor visual designer. Mas se você quer entrar nessa parte de negócios, sem um case, isso vai ficar difícil.

Todo mundo fala dois, mas um bem feito já faz muita diferença. E eu lembro que uma vez você disse numa mentoria:”Olha, tenha dois bem feitos.”

Aí eu resolvi fazer um bem feito. O meu nível um, que é aquela Landing Page de conversão, eu peguei de um tema que eu gosto, que é de games, eu fiz de um mouse e eu falei assim: Cara, eu vou me dedicar. Eu vou fazer disso aqui um case, que depois que eu entregar, eu vou transformar isso numa página, de modo que as pessoas possam entender qual foi o meu processo.

E aí eu fiz, comecei. Olha, não é fácil, mas eu tive que pautar. Eu fui na internet, eu peguei um, não é bem script e também não é um template. Mas é uma documentação, que uma pessoa que é sênior design falou que usava nos sites dele. Vocês podem ir lá conferir que dá resultado.

Acho que são 13 folhas de word e ele pautava: aqui você vai tratar do problema e aqui você vai tratar do seu discovery, e aqui de como você extraiu seus insights. Eu usei essa documentação para fazer um pré-projeto do meu case.

Agora eu vou montar o projeto, vou colocar todas as minhas informações, separei imagens, separei informação. Eu refiz várias vezes porque estava longo. Eu tentei deixar o mais otimizado possível para uma pessoa que possa ler. Tem que ser rápida, tem que entender muito rápido o que é o meu projeto.

E aí, não satisfeito com isso, eu fiz uma apresentação dele, como se eu estivesse num pitch elevator. Explicando como cheguei no resultado, e os aprendizados durante o processo.

Quando surgiu uma vaga que eu me interessei, mandei esse projeto. E eles logo me retornaram, dizendo que gostaram do meu perfil e agendamos uma entrevista.

A gente teve uma conversa, apresentei o meu case, expliquei tudo. E no outro dia já recebi a proposta. Falaram que ia ser uma semana, mas no dia seguinte eu já recebi a proposta e aí eu aceitei.

E, por incrível que pareça, eu recebi uma “virtual promotion”, porque eu ia cuidar do site institucional do cliente e passou um mês, eu fui para o produto do cliente. Então eu consegui expor tudo aquilo, colocar na mesa tudo que eu tinha aprendido, as minhas convicções, o meu processo. E hoje eu atuo diretamente no produto do cliente.

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Parabéns de novo pelo seu sucesso. Quais são seus planos? Qual a sua estratégia para sua carreira e para o seu crescimento?

wireframe por jairo cesar
Projeto do MID. Fonte: Portfólio Jairo Cesar

Quando eu estava na agência, durante um ano e meio a fio, eu estudava sobre inovação em startups. De segunda a sexta, sempre às 09h00 até as nove e meia, eu estudava algo, ou era artigo ou era livro.

E eu sempre gostei do tema startup. Sempre achei legal. Lembro que em uma entrevista que a gente fez eu falei um dia queria ter uma startup. Hoje ainda não.

Mas um objetivo muito macro: eu quero ter foco, quero fazer parte de um produto muito relevante. Olha que ter tido uma atuação num produto tal, que fez, que teve um certo progresso no mercado.

Então hoje eu não tenho ambições pessoais. Eu não quero ter um estúdio, não quero ser um mega consultor, mas eu quero realmente aplicar aquilo que eu sei: transformar negócios. E, consequentemente, transformar negócio transforma o usuário.

Fazer parte de algo que realmente tenha relevância para a própria sociedade no geral.

Ontem mesmo escutei um podcast sobre a responsabilidade social do design. Isso é muito interessante. Não é fazer as coisas pra ganhar dinheiro. O dinheiro acaba sendo consequência. Então fazer parte de algo relevante é um objetivo que eu tenho.

Se você tivesse uma máquina do tempo e fosse voltar lá no ano passado, quando escutou pela primeira vez sobre User Experience, o que você falaria para o Jairo do passado?

Não tenha medo nem vergonha dos erros. Eu demorei muito tempo para entender que erro era aprendizado. Se você souber lidar bem com o erro, ele vira um grande aprendizado.

Então se eu pudesse voltar atrás, diria, não tenha vergonha dos erros que você cometeu, das coisas que não deram certo.

Se for por um lado mais de habilidade, falaria para focar no inglês, porque faz muita diferença. Aprendi isso tarde também.

Mas se são duas coisas que eu posso falar, é: tenha um certo cuidado com o que você erra. Eu gosto muito daquela frase do Thomas Edison, que é, eu descobri 300 formas de como não fazer uma lâmpada.

A falha vai acontecer mesmo que você não goste. Mesmo que você se proteja, ela vai acontecer. Então, tire proveito disso, é a melhor coisa que você pode fazer.

tipografia escolhida por Jairo Cesar em seu processo de UX Design
Projeto do MID. Fonte: Portfolio Jairo Cesar

Muito bom. Acho que uma das melhores formas de terminar esse papo, que foi ótimo, muito obrigado pelo seu tempo! Vamos continuar nos vendo pelas aulas da Aela!

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