Júnior, Pleno, Sênior, Paladino e Rambo

Israel Mesquita
Aela
Published in
6 min readAug 30, 2018

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A confusão de saber em que nível se está e quando partir pro próximo

Diferente de certos jogos, saber seu nível e a hora de evoluir pode dar uma dor de cabeça danada.

Esses dias tive meu review de 6 meses com a minha chefe, e no meio dos feedbacks, brinquei que meu objetivo agora era estudar e conseguir experiência suficiente para deixar de ser Júnior ao completar um ano na empresa.

Uuuuh!

Embora eu tenha dito isso como uma brincadeira, comecei a ficar com a pulga atrás da orelha:

  • Afinal… como eu vou saber que esse momento chegou?
  • Quais serão as minhas justificativas para pedir essa mudança de cargo e, consequentemente, um aumento de responsabilidades e salário?
  • Como não cometer a gafe de pedir uma mudança dessas antes do tempo, nem “papar mosca” e ficar estacionado no mesmo cargo?
  • Eventualmente, quando eu buscar outro emprego, como calibro a coragem para me candidatar a uma vaga desafiadora, tendo humildade para não tentar uma vaga totalmente acima das minhas capacidades?

Foi aí que eu comecei a pesquisar e encontrei ainda mais confusão. Que beleza!

Existem definições quase exatas pela internet, principalmente quando consideramos a realidade do Brasil (com aquela tradição de plano de carreira) e profissões mais cartesianas:

  • De Estagiário a Júnior, leva-se de 6 meses a 2 anos (isso considerando que se entre no mercado de trabalho ainda na faculdade);
  • De Júnior a Pleno, de 1 a 3 anos;
  • De Pleno a Sênior, mais uns 2 a 4 anos pelo menos.

O problema disso é a velocidade de como as coisas têm mudado, as novas oportunidades de absorção de conhecimento, as necessidades do mercado de preencher vagas (falta de mão de obra qualificada) e, é claro, a carreira em si.

Quando entramos na área de tecnologia (e aqui enquadro UX/UI Product Design), não consigo pensar em uma expressão melhor do que a que o Product Manager (e mentor) que trabalha comigo usa: “Fogo na Babilônia!

É cada vaga louca com cada salário surreal que a gente nem sabe o que dizer.

Nas minhas pesquisas, encontrei uma “metodologia” bem legal, onde o profissional deve ser avaliado por 3 fatores. Achei nesse post aqui em espanhol. Acaba sendo uma forma de avaliação mais genérica, mas funciona como um mapa:

Conhecimento

Aqui conta realmente o conhecimento técnico, aquilo específico da sua profissão, que faz você ter essa nomenclatura. No caso de um Product Designer, existem muitas skills específicas, o que torna tudo um pouco mais difícil. Até recebi esse link da minha chefe pra entender os meus conhecimentos nas seguintes áreas: http://thomasyung.com/labs/uxsundial/

Depois de fazer esse teste, você se sentiu Junior, Pleno ou Sênior? Honestamente, eu me senti meio estagiário aqui, até porquê, é bem abrangente. Ainda assim, foi legal poder listar várias coisas técnicas que eu preciso/quero aprender. Me deu um norte pra seguir.

Experiência

Ok, vamos supor que você sabe fazer entrevistas com os stakeholders e criar personas… mas quantas você já fez realmente? Quantos projetos de UX/UI você participou do começo ao fim, com clientes reais, desafios, deadlines, etc.

A experiência é a sua bagagem, aquela habilidade de bater o olho em projetos e situações novas e já ter uma base pra entender que caminho tomar. É algo que algumas pessoas consideram como “anos trabalhados”, mas a realidade é que é bem mais do que isso, já que é possível passar 10 anos no mesmo lugar, sem ter feito tantas coisas assim… aí vemos os famosos dinossauros, totalmente desatualizados, mas ainda assim, com cargos de Sênior ou Lead.

Quando você pega todo o seu tempo de experiência prática em empresas, fazendo tarefas da área, como você se considera? Quantas aventuras já viveu?

Maturidade

Provavelmente o mais difícil e, ao mesmo tempo, mais fácil de desenvolver, porque é algo que vem com a vida naturalmente com o tempo (ou deveria).

Relacionamento com equipe, lidar com pressão, liderança, habilidade de argumentar sem gerar conflito, não levar as coisas pro lado pessoal.

Ter maturidade é algo que, embora crucial, é deixado de lado muitas vezes. Especialmente quando falamos de áreas com escassez de mão de obra e exigências técnicas altas.

Sendo assim, para perceber o nível desse status em si, é preciso ter muito autoconhecimento, além de pedir feedback para seus superiores na empresa (se houver abertura) já que é umas maneira mais certeira de se analisar.

Gostei desse método de enxergar esse assunto, principalmente, pela percepção de que o profissional não é feito apenas das skills técnicas que têm, mas por um conjunto de fatores.

Talvez dessa maneira, a classificação se torne menos exata (se é que existe alguma forma mais exata de fazer) mas, ainda assim, pode trazer uma resposta mais satisfatória para nos definirmos.

Desse modo, acabei pensando, através desses três componentes, o que seriam os profissionais Junior, Pleno e Sênior. Dessa forma, essas são as minhas definições, então não considerem como verdade absoluta! Lá vai:

Junior: seria o profissional que já sabe alguma coisa, porque já passou pelo nível estagiário. Início de carreira, sangue, suor e lágrimas para absorver tudo o que for possível. Pode errar “à vontade”, dificilmente tem algum projeto crítico nas mãos e é constantemente acompanhado por alguém mais experiente, que vai dar as guidelines para o seu crescimento. Dificilmente vão cobrar muita coisa desse profissional, então o foco das exigências para ser contratado, se tiver alguma coisa, é no nível de conhecimento técnico. Pode ser cobrado alguma coisa disso e de maturidade, no máximo.

Pleno: já é um profissional que consegue fazer todo o trabalho, do começo ao fim. Com certeza não tem a melhor qualidade do mundo, mas o Pleno sabe fazer as coisas. Tem um nível técnico relativamente alto, uma experiência relevante e uma maturidade alta. É um profissional completo que provavelmente será bem cobrado por tudo o que erra ou deixa de acertar.

Enfim, o profissional Sênior é alguém que realmente já tem um nível altíssimo, tanto técnico, de experiência e maturidade (normalmente). É comum atuar treinando e tutorando profissionais mais jovens, ter trabalhos críticos pra empresa e, muitas vezes, liderar equipes, tomando a frente em projetos. Isso sem contar sua participação em inúmeras reuniões críticas, com tomadas de decisão para o futuro da empresa.

Pra terminar, uma das dicas mais valiosas que eu tirei desse estudo: A forma mais segura de pular para o próximo nível é perceber que já se está fazendo mais de 50% das tarefas diárias do próximo nível.

Ou seja, um profissional Júnior que já esteja com mais de 50% de responsabilidades/trabalhos que um Pleno teria, tem mais chances de se adaptar com sucesso e continuar se desenvolvendo se abraçar esse novo desafio.

Além disso, os melhores chefes costumam testar o profissional com uma pressão extra antes de constatar que ele está pronto para o próximo passo. Tente notar se não é seu caso.

No meu caso, embora acredite plenamente que ainda estou no nível Júnior, vejo claramente que minha chefe está me treinando pra chegar no nível Rambo. Tudo o que eu preciso fazer é continuar me esforçando (e sobrevivendo) pra chegar lá.

Uma máquina efetiva de destruição (ou construção) em massa!

E você? Também sente essa dificuldade de definir em qual nível está na carreira ou se está na hora de dar o próximo passo?

Abaixo vou deixar alguns links para quem quiser dar uma aprofundada no tema.

Até a próxima!

http://tutano.trampos.co/15650-diferenca-entre-junior-pleno-e-senior/

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