Luz, a Matéria Prima da Fotografia

Marcelo Dantas
Aela
Published in
8 min readMar 28, 2018

“Faça–se a luz!”

Gênesis, 1

Hoje em dia muito se fala em fotografia. Vejo muitos profissionais discutindo sobre composição, equipamentos e muitos outros assuntos. Mas percebo que poucos falam e conhecem o ingrediente mais importante: LUZ, a matéria prima da fotografia.

Se voltarmos as origens da palavra fotografia que deriva do Latin, perceberemos que seu significado é Photos (Luz) e Graphien (desenhar). Juntando os significado temos Desenhar com a Luz.

Ter um conhecimento bem desenvolvido acerca de como a iluminação funciona e de que maneiras podemos explorá-la é de suma relevância na arte de fotografar. Com o domínio desse elemento você conseguirá criar a imagem que deseja, com a mensagem que quer comunicar e o clima que deseja transmitir.

Mas para isso você precisa entender o que é a Luz e como ela funciona. Por isso, nesse artigo darei uma introdução para ajudá-lo a iniciar a sua caminhada.

O QUE É A LUZ ?

Luz é uma energia que se desloca em ondas. Ondas, como todos sabemos se movem através de um meio, que pode ser o ar ou água.

Vamos dar um exemplo real para facilitar o entendimento. Imagine aquelas ondinhas que fazemos na piscina ao entrarmos, seria a água que se move? Na verdade, a água fica parada, as ondinhas nada mais são do a energia gerada com a nossa entrada na água.

As ondas de luz são diferentes das ondas de água porque não precisam de um meio pela qual elas precisem viajar. Na realidade, o melhor lugar para a luz se deslocar com total EFICIÊNCIA é o VÁCUO, para ficar mais claro, o espaço sideral é o lugar em que a luz viaja com maior facilidade, porque segundo os cientista, ele é o que de mais próximo se conhece de um vácuo perfeito. Outros elementos, como o ar e a água apenas criam arrasto retardando o percurso da luz. A Luz viaja no vácuo a uma velocidade de incríveis 299.792.458m/s , fazendo dela um dos fenômenos mais rápido do Universo.

As ondas de Luz são constituídas de energia elétrica e magnética. E como toda forma de energia eletromagnética o seu tamanho é medido em comprimento de onda; que vêm a ser a distância entre dois pontos correspondentes, em ondas sucessivas. O comprimento de onda da luz que podemos ver varia entre 400 a 700 nanômetros (que é um milionésimo de milímetro ou um bilionésimo de metro).

Lembrando que o espectro visível é somente uma parte pequena de toda a extensão do espectro eletromagnético, aonde também podemos encontrar ondas de rádio, micro-ondas, infravermelhos, raios-x, Ultravioletas e Raios Gama, que são tipos de ondas diferenciadas pelo seu comprimento.

DE QUE A LUZ É FEITA?

A matéria-prima que compõem a luz chama-se fótons. Na verdade quando vemos alguma luz a olho nu, estamos vendo incontáveis fótons movendo-se pelo espaço como ondas eletromagnéticas. Esses fótons, são produzidos por fontes de luz e refletidos nos objetos. Sim, mas como funciona a luz, como ela se dá. Vamos lá:

¨Um átomo de material tem os elétrons orbitando em seu núcleo. Diferentes matérias tem diferentes números de elétrons orbitando em seus átomos individuais. Quando os átomos são estimulados ou energizados, geralmente pelo calor, esses elétrons mudam para uma órbita diferente se revertendo gradualmente. E neste processo são emitidos Fótons, que é a luz visível, que tem um comprimento de onda ou cor específica. Se houver fótons suficientes e a frequência for dentro do espectro visível, nossos olhos percebem essa energia como luz e nós conseguimos ver. Então, qualquer sistema que produz luz, seja ele uma lâmpada caseira ou até mesmo o vagalume, o faz energizando átomos de alguma maneira.¨ fonte: Livro Luz perfeita de Bill Hurter

E COMO A LUZ SE COMPORTA?

Como falei antes, a menos que ela esteja viajando no vácuo, outro meio irá alterar como ela se comporta. Quatro diferentes situações podem acontecer com as ondas de luz quando elas atingem um meio.São elas:

  • Podem ser refletidas ou dispersadas. Quando elas encontram um espelho, por exemplo, elas são refletidas; já quando atravessam um objeto translúcido, como as nuvens ou um tecido como nylon, o mesmo material usado na construção de hazy lights, elas são dispersadas (mais conhecidas como luzes suaves);
  • Podem ser absorvidas. Quando encontram um superfície que as absorvam, como acontece com os isopores ou estúdios pintados de preto, para que as luzes emitidas pelos flashes ao baterem nas paredes pretas não retornem para o objeto fotografado;
  • Podem ser refratadas. Como acontece quando as luzes passam pelos vidros e líquidos;
  • Ou ainda, elas podem ser transmitidas sem nenhum efeito sobre elas;

Também podemos ter mais de um desses resultados acontecendo ao mesmo tempo, como quando fotografamos um objeto feito de parte reflexiva, translúcida e ainda com uma parte que absorva (material) a luz. Isso é muito comum quando com fotos de jóias e produtos, pois muitas vezes eles são compostos por vários tipos materiais diferentes. É aqui que está a chave para entendermos a iluminação em um ambiente de fotografia.

REFLEXÃO

Uma das características da luz que é de extrema importância na fotografia, são as ondas de luz refletidas. Porque, quando a luz atinge uma superfície que é reflexiva em um ângulo que pode ser igual ou oposto (por exemplo, a luz do sol atingindo um espelho), o resultado se torna previsível.

Na verdade, onda refletida sempre ocorrerá em uma superfície lisa e será refletida em um ângulo igual e oposto ao qual a onda de luz atingiu a superfície.

Resumindo em termos simples, o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. Então, levando essa regra para a fotografia, você deverá sempre ficar atento ao iluminar superfícies reflexivas, para eliminar reflexos e pontos especulares indesejados.

Saber dessa regra é muito importante no momento de se fotografar jóias, bebidas, metais reflexivos, pois você entenderá que para iluminar um objeto reflexivo a luz frontal não será a melhor opção de set de iluminação.

DISPERSÃO ou DIFUSA

A dispersão é um tipo de reflexo, mas de uma superfície mais áspera. Pelo fato dessa superfície ser desigual, as ondas de luz incidentes refletem em vários ângulos diferentes. Um exemplo disso, é quando usamos a famosa placa de isopor para rebater a luz e preencher uma parte do objeto ou pessoa a ser fotografado.

Outro exemplo, são as superfícies translúcidas que deixam passar um pouco de luz, mas dispersam uma quantidade também, como os Softboxes, Hazys, Sombrinhas Difusoras e painéis Difusores.

A luz ao passar por esses objetos é descartada na dispersão, e as ondas são transmitidas em ângulos diferentes, produzindo um fenômeno que chamamos de luz difusa.

ABSORÇÃO

É quando a luz não é nem refletida, nem transmitida por um meio, ela é absorvida. E como se dá essa absorção? Ela geralmente resulta na produção de calor, mas não de luz. Como acontece com as placas foam de lado preto, tapadeiras pretas, porque eles absorvem a luz que chega neles.

A INTENSIDADE DA LUZ

Outra característica da luz tem a ver com a intensidade. Sabemos que a iluminação de uma fonte de luz cai consideravelmente conforme a distância que ela se afasta da fonte, ou seja, quanto mais longe da fonte (emissor) mais fraca ela fica.

A luz de fontes que não sejam o Sol* decai em sua intensidade, esse fenômeno nós conhecemos como a Lei do Inverso do Quadrado da distância, que diz que o aumento ou a redução da luz em um modelo ou objeto é inversamente proporcional ao quadrado da distância da fonte de luz no modelo ou objeto. Ou seja, se dobrarmos a distância da fonte de luz no modelo ou objeto, a iluminação será reduzida para um quarto da intensidade original.

* O SOL E A INTENSIDADE DA LUZ

A inverso do Quadrado aplica-se para todas as fontes de luz, mas não é particularmente relevante para o Sol. Isso porque a Terra se torna insignificante em relação a qualquer mudança potencial na nossa distância relativa do Sol. Para efeitos práticos o Sol é infinitamente brilhante. Sendo a única fonte de luz na qual não se esvanece quando quando a distância aumenta em relação a fonte.

A COR DA LUZ

E para finalizar falaremos da cor da luz. Quando olhamos para a fonte de luz visível, ela parece ser incolor ou branca. Mas na verdade, é uma mistura de cores que percebemos como a cor branca. Mas como sabemos disso? Simples, para visualizar isso basta passarmos a luz branca por um Prisma, dessa forma obteremos o famoso arco-íris de cores, que nada mais é do que os componentes individuais do espectro visível.

Mas, mesmo nossos olhos percebendo a luz visível em sua maioria como branca, poucas fontes de luz, na verdade, são neutras em sua coloração. Algumas têm alguma dominante de cor, seja amarelado das lâmpadas caseiras incandescentes ou a coloração esverdeada de muitas lâmpadas fluorescentes. Nós podemos medir a cor da luz em graus Kelvin (K), conhecida como temperatura de cor.

Tudo bem, Marcelo, você falou da luz na fotografia, mas o que isso tem a ver com photoshop?

Eu diria que tudo, pois se você souber fotografia e como a luz se comporta de forma fotográfica, você saberá aplicar esse conhecimento quando for manipular um retrato, criar uma composição, ou ainda, criar um cenário/Matte Painting (se quiser saber mais sobre essa técnica leia aqui) e até mesmo criar um concept para game.

Não foram poucas as vezes que vi erros primários, pois o artista não sabia o básico de direção de luz. Um exemplo disso que estou falando, foi de uma sombra do mesmo lado da fonte de luz, isso é impossível. Se você tem uma luz a direita do modelo a sombra será projetada no lado oposto, nesse caso na esquerda. Mas isso, se deu simplesmente pelo fato de que o artista nunca estudou fotografia.

Então, se vc quer ser um bom artista digital e criar excelentes trabalhos com o photoshop, aconselho a você que além de estudar o software também estude fotografia e iluminação fotográfica.

Nos vemos no próximo artigo, até lá!

fonte : A luz perfeita, Guia de Iluminação para fotógrafos — Bill Hurter

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Marcelo Dantas
Aela
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Educator Aela.io | Digital Marketing & Strategy Consultant for Companies | Digital Artist