Quanto é possível ganhar com UI UX? Parte 02 — Freelancer

Felipe Melo Guimarães
Aela
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7 min readOct 25, 2017

Em Agosto, escrevi um artigo falando sobre as possibilidades de ganhos na área de UX e UI Design, com bastante foco em carreira.

Apresentei uma média dos salários na área, desde profissionais do nível Júnior até Sênior, tanto no Brasil quanto em outros países.

Neste artigo de hoje, eu quero focar mais no trabalho como freelancer, e nas possibilidades de ganho, principalmente no mercado internacional, trabalhando remotamente.

Através do trabalho remoto, você pode ter ganhos altos na profissão independente da cidade onde mora. Isso pode ser uma grande vantagem, pois cidades menores costumam ter o custo de vida mais baixo, portanto você pode atingir um bom padrão de vida.

Primeiro, vamos mostrar quais são as possibilidades de trabalho. Depois, falaremos como conseguir conquistar espaço nesse mercado, que está em constante crescimento e cheio de oportunidades.

A gente já falou algumas vezes desse assunto aqui, mas hoje quero focar mais na parte de valores e ganhos mesmo.

As possibilidades de trabalho como Freelancer

Basicamente existem três grandes áreas nas quais você pode ganhar dinheiro como um profissional freela: venda de produtos, freelancer diversificado ou fixo e freelancer alocado.

Venda de Produtos

A venda de produtos é muito simples, engloba tudo o que pode ser “empacotado” para venda. Por exemplo, você pode criar temas e templates de sites e colocar a venda em plataformas como o ThemeForest, uma biblioteca de temas para WordPress.

Outra possibilidade é criar pacotes de fontes, ícones e outros materiais gráficos e colocar a venda em sites como Threadless, MyFonts,Creative Market e bancos de imagens como Dreamstime, ShutterStock, entre outros.

As possibilidades de ganho dependem de vários fatores, mas colocando como exemplo um tema vendido a 50 dólares no ThemeForest, por exemplo, fechando 50 vendas por mês. Você pode ter ganhos de pelo menos 1.500 dólares mensais, no mínimo, tirando a taxa da plataforma, que varia entre 12,5% a 37%. Isso daria pelo menos uns R$ 4.500, nada mal, não é? É claro que para o seu tema ser aceito na plataforma ele precisa seguir às regras da mesma.

Freelancer Diversificado Internacional

Muitos sites de crowdsourcing e outsourcing de design e programação são mal vistos pela classe, pois acredita-se que são prejudiciais aos profissionais por praticarem valores muito baixos.

Realmente, nos modelos de concorrência, não vale a pena brigar por preço com profissionais que cobram valores realmente muito baixos, de países como a Índia, por exemplo.

A primeira dica que eu dou aqui é para você não brigar por preço, mas mostrar a qualidade do seu trabalho. Os profissionais brasileiros são muito bem vistos no mercado internacional pela sua criatividade e pela qualidade do seu trabalho.

A segunda dica, é focar em Design de Interface, pois estão aí os melhores projetos, com possibilidades melhores de ganho.

Nos sites UpWork (falamos um pouco dele no artigo “A internacionalização do design de interface”), Freelancer, Workana, entre outros, há uma quantidade imensa de projetos, então, com bastante paciência, você pode encontrar projetos bacanas com ganhos razoáveis, começando em 20 dólares por hora. Se você conseguir projetos para fechar pelo menos 20 horas semanais, pode fechar o mês com uma média de 1.600 dólares, o que daria mais de 6.000 reais na cotação de hoje.

Freelancer Fixo Internacional

Já em outros sites como Crossover (divulga e seleciona vagas para grandes empresas) e TopTal (contrata e paga freelancers para grandes empresas), é possível sim ganhar mais, mas é claro que a seleção para essas vagas é um pouco mais difícil. Precisa ter um portfólio muito bom, experiência anterior e claro, inglês de alto nível para participar das etapas e entrevistas.

Os ganhos desse tipo de vagas geralmente começam na faixa de 40 dólares por hora, e a demanda de trabalho depende da sua disponibilidade.

Se você estiver disponível 40 horas por semana, terá trabalho, e também ganhos, que podem começar na faixa dos 6 mil dólares por mês, ou seja, mais de 22 mil reais por mês. É claro que é possível ganhar mais, até 100 dólares por hora, o que daria 60 mil reais por mês, mas obviamente isso não vai acontecer da noite para o dia e é um caminho longo a se trilhar.

Veja nossos demais conteúdos sobre a Toptal:

Freelancer Alocado

No Brasil, o freelancer alocado é o profissional do tipo PJ (pessoa jurídica), situação em que, geralmente, o profissional fica no cliente ao longo de um projeto, com um valor fechado. Isso rola muito em São Paulo, e mesmo com os custos de vida da cidade sendo razoavelmente altos, os ganhos são muito bons.

O trabalho de freelancer alocado internacional é realmente para a “nata” do mercado, mas é nesse tipo de trabalho onde realmente se ganha muito bem, principalmente na Europa e América do Norte. Nesse caso, geralmente é necessário ter visto de trabalho para o país onde é a vaga.

Essas vagas cobiçadas são trabalhos para grandes projetos, que podem durar até um ano e são para profissionais de nível altíssimo, como leads e seniors. Tenho visto diversas vagas com esse perfil oferecerem de 350–500 libras por dia (isso daria hoje por volta de 2.000 reais por dia), full time, contrato de seis meses, por exemplo. Sim, isso existe (e é muito comum em UK)!

Tá, mas por onde eu começo?

Eu sei que você provavelmente deve ter lido esse artigo e ficado com uma pulga atrás da orelha pensando que talvez isso não seja para você. Calma, você pode, sim, conseguir levar uma vida tranquila como freelancer, com sucesso financeiro e boa realização profissional.

O profissional brasileiro tem aquela clássica síndrome do vira-lata, não se vê com bons olhos frente ao mercado internacional. E eu digo que você está totalmente errado!

O designer brasileiro é bem valorizado internacionalmente, pelo seu perfil proativo e criativo. Tem gente que cobra menos? Sim, mas eles não têm a nossa qualidade de entrega. Tem profissionais de alto nível nos países de primeiro mundo? Sim, mas eles nem sempre têm a nossa versatilidade de fazer de tudo um pouco na hora do aperto.

Crie sua identidade e sua marca

Você precisa se vender como empresa e deixar claro para o mercado que seus serviços estão disponíveis. Então, é bem importante comprar um domínio, montar um site com seu portfólio digital, deixar tudo bem atualizado.

Aproveite para utilizar todas as redes sociais possíveis para divulgar o seu trabalho, assim como plataformas como Behance e Dribbble, pois são excelentes vitrines digitais.

Inglês avançado/fluente de verdade!

Antes de tudo, se você ainda não começou, comece hoje mesmo a focar no seu inglês.

Não adianta colocar no seu currículo que você tem inglês avançado ou fluente se o seu nível é básico. Os recrutadores vão bater o olho no seu currículo, na sua cover letter e pode ser que já descartem ali mesmo se o nível da língua for ruim.

Nas entrevistas por Skype, eles não vão avaliar suas habilidades na língua, mas seus conhecimentos em Design, sua capacidade de resolver problemas e apresentar soluções, claro, tudo em inglês! A língua não pode ser uma barreira para você mostrar a sua capacidade profissional.

Tenha um ótimo LinkedIn

Se você passa horas e horas do seu dia na timeline do Facebook, pode abandonar esse hábito já e começar a gastar seu dia no LinkedIn! Atualize todas as suas experiências profissionais, seus projetos, peça recomendações (de preferência em inglês), siga os influenciadores e se possível publique artigos.

Eu já recebi diversos contatos e oportunidades excelentes por meio do LinkedIn, e também conheço algumas pessoas que também conseguiram, então isso é bem importante. Faça disso um hábito, para manter seu perfil sempre bem atualizado.

Aproveite para escuta nosso episódio 11 do Aelacast — LinkedIn para Designers, com diversas dicas para quem quer turbinar seu LinkedIn e crescer mais profissionalmente.

Prepare seu Currículo, Cover Letter e prepare-se para entrevistas

Só essa parte daria um novo artigo, que pode ser assunto para um novo post mais pra frente.

Além de criar um currículo bem feito visualmente, conciso e direto ao ponto, você precisa ter várias versões dele. Uma versão de currículo para cada perfil de vaga, pois os recrutadores internacionais se interessam por profissionais com skills bem específicas, ao invés de perfis mais generalistas.

Além disso, você precisa organizar o seu portfólio por temas. Na área de UX e UI, além da parte visual das interfaces, o que as empresas querem saber é como é o seu processo. Desde a parte de criação e de pesquisa, quais são as etapas que você percorre até chegar ao resultado final.

A cover letter, conceito quase inexistente no Brasil, é como se fosse uma carta de apresentação para a vaga. Você vai se apresentar, dizer como soube da vaga e explicar porque acredita que se encaixa no perfil. É algo simples, em torno de 2 a 3 parágrafos. Entretanto, é preciso criar uma nova, para cada vaga que você for se candidatar.

Quando você começar a participar de processos seletivos, precisará estar pronto para as entrevistas. Peça a ajuda de um professor de inglês ou até de alguém de fora do Brasil, para que faça perguntas relacionadas à área para você pelo Skype. Se pessoalmente já é difícil, imagina em outra língua e com uma conexão meio instável? É preciso estar preparado!

Você vai precisar se preparar, comece o quanto antes! São muitas etapas para se fazer mesmo. Se você ainda está na faculdade, ou ainda está começando na área, não tem muitos projetos no seu portfólio, não se preocupe. Você pode começar pelos sites de outsourcing, criando pequenos projetos, pode criar suas próprias interfaces para projetos pessoais ou sugestões para aplicativos conhecidos.

As oportunidades existem e estão em abundância, pois o mercado internacional está carente de profissionais de alto nível em áreas como Design UI e UX, Service Design, Design Thinking entre outros. Não deixe o tempo passar e as oportunidades esgotarem.

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Felipe Melo Guimarães
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Design Leader, Educator & Mentor | Creative Consultant for Tech Companies | Founder Aela.io