Tendências da tecnologia para os próximos anos e o impacto no Design

Felipe Melo Guimarães
Aela
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5 min readOct 23, 2017

Como acontece todos os anos, o Gartner Institute revelou suas previsões de tecnologia para o futuro próximo para as empresas e usuários. Os analistas da consultoria, que é mundialmente reconhecida por conhecer muito bem o mercado de tecnologia, revelaram suas previsões para 2018 e além.

O ansiosamente esperado relatório revelou muitas coisas interessantes, e o que eu não pude deixar de notar é o quanto essas tendências podem impactar profissões ligadas a produtos e interfaces, como Design e Programação.

Muita gente acredita que, em algumas previsões, os analistas do Gartner “forçam a barra”. Porém, eles são bem conhecidos por acertarem em tendências gerais do mercado de tecnologia.

Eu sempre gosto muito de falar que ser designer é resolver problemas. E o mercado está deixando isso muito claro com o crescimento das áreas de Design Thinking, Design de Interação, User Experience, Service Design, Design Sprint, entre outras inúmeras. Com essas tendências surgindo no horizonte em um futuro muito próximo, fica muito claro que essas áreas específicas do design só tendem a crescer.

Inteligência Artificial

Em uma das previsões de tendências, o Gartner afirma que, em 2020, a Inteligência Artificial deve transformar a criação de empregos, gerando mais de 2,3 milhões de vagas ao mesmo tempo que vai eliminar 1,8 milhão de vagas. Além disso, o crescimento da IA poderá gerar mais de 2,9 trilhões de dólares em valor para os negócios e recuperar mais de 6,2 bilhões de horas em produtividade de trabalho.

O que isso quer dizer? Sim, muitas vagas de trabalho e até mesmo muitas profissões serão extintas por conta dos avanços da AI. Não precisamos pensar no futuro para ver essa realidade, basta telefonar para seu banco ou operadora de TV a cabo para ser atendido por um robô. Ok, nem sempre é fácil fazer eles nos entenderem, mas já é uma realidade.

Esteja ciente de que trabalhos que exigem lógica e perfil analítico, não apenas telefonistas e atendentes, poderão ser substituídos por algoritmos e bots. Mas, a previsão de vagas a serem abertas em virtude dessa tecnologia mostra uma tendência muito grande de transformação do mercado.

Aliás, outra previsão do Gartner é que, em 2021, mais de 50% das empresas irão gastar mais investindo em bots e bots de conversa (chatbots) ao invés de apps tradicionais. Hoje, os chatbots e assistentes virtuais são a face da IA e isso deve impactar todas as áreas onde há comunicação com os humanos. Esses bots conseguirão transformar a forma como os apps são criados e até a interação dos usuários com a tecnologia.

Segundo os analistas da consultoria, o uso apropriado da interação dos bots poderá melhorar o engajamento de funcionários e consumidores. Ou seja, muitos postos de trabalho serão fechados e darão lugar aos bots, entretanto, muitas vagas serão abertas para aperfeiçoar a experiência dos usuários que vierem a interagir com esses assistentes virtuais, Alexas, Cortanas, Siris, entre outros.

Internet das Coisas (Internet of Things — IoT)

De acordo com as previsões do Gartner, em 2020, 95% dos novos produtos eletrônicos terão a tecnologia IoT, ou seja: habilitados com conectividade, gerenciáveis pela nuvem ou por smartphone, com módulos de implantação simples.

Com esse tipo de tecnologia emergindo, os consumidores em breve terão acesso a muitos produtos com monitoramento, gerenciamento e controle bem sofisticados, e o interesse e demanda só vão crescer. O instituto ainda orienta que todas as indústrias devem se planejar para implementar tecnologia IoT em seus produtos para consumidores finais e para empresas.

Hoje, já existe uma boa quantidade de dispositivos simples que possuem esse tipo de tecnologia, como circuitos de câmeras de segurança, smart TVs, eletrodomésticos inteligentes, termostatos, entre outros. A grande revolução deve acontecer quando o uso industrial da IoT se popularizar, com todo tipo de dispositivos conectados em setores como agricultura, manufatura, medicina, varejo, logística, transporte e outros serviços públicos.

Aliás, os riscos da introdução da IoT também existem, principalmente quando se fala da segurança dos dados dos usuários. Dessa forma, se tornará extremamente importante existirem regimes regulatórios de segurança e de atualizações, além de estudos constantes sobre a experiência do usuário para melhoria das interfaces e das interações.

Busca visual e por voz

Aqui está a previsão que considero mais interessante desta análise do Gartner! Em 2021, as marcas que otimizarem seus sites para busca por voz e busca visual poderão experimentar um aumento de lucro no comércio eletrônico na casa de 30%. Eles criaram essa previsão com base no dado de que as pesquisas por voz são o tipo de pesquisa por mobile que vem crescendo mais rápido. Hoje, as transações em navegadores mobile e em apps são praticamente 50% de todas as transações no e-commerce.

Outro fato interessante é que os investimentos de gigantes como Apple, Facebook, Google, Microsoft estão investindo muito em IA e machine learning. Isso deixa bem claro que nos próximos dois anos suas tecnologias de busca visual e por voz vão acelerar rapidamente. Eu sugiro que você dê uma olhada em todas as tendências que a consultoria prevê e comente aqui o que achou!

O futuro do Design

O que você diria se hoje fosse em uma entrevista de emprego e ouvisse a famigerada pergunta “Onde você se vê daqui a 5 anos”? Eu sinceramente espero que após ler este artigo, você tenha mudado as suas percepções. Muito mais do que estudar o uso de ferramentas, novas tecnologias e técnicas, eu considero extremamente importante pensar em sua carreira como algo que acompanha e prevê essas mudanças no futuro.

Ainda haverá espaço para o Design que remete à arte, que enche os olhos e peças que embelezam qualquer campanha? Talvez. Mas o lugar mais importante ficará cada vez mais reservado para o Design que resolve problemas.

Será que nesse futuro, não muito distante, as interfaces dominantes serão visuais? Será que alguém ainda vai desenhar telas ou desenhar interfaces de sites e apps?

Finalizo esse artigo deixando essas perguntas no ar para avaliarmos e discutirmos o futuro da nossa profissão. O que você acha? Deixe sua contribuição nos comentários!

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Felipe Melo Guimarães
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Design Leader, Educator & Mentor | Creative Consultant for Tech Companies | Founder Aela.io