Da certeza para a clareza: 5 lições práticas da minha jornada com a Aerolito
Não consigo me lembrar muito bem do meu primeiro contato com a Aerolito, mas certamente foi um daqueles encontros que te fazem parar e pensar — “Como nunca tinha conhecido isso antes?”. Pra quem não conhece, a Aerolito se autodenomina uma “Futures Literacy Ecosystem”.
A Aerolito é uma “parada” que estuda futuros — Tiago Mattos
Que conhecer um pouco mais? Ninguém melhor do que eles mesmos pra explicar. Dá uma olhada nesse link pra conhecer um pouco mais.
Acompanho o trabalho da Aerolito há alguns anos e, com o tempo, passei a admirar a coragem e competência desse grupo que se permite tomar os riscos necessários para construir o futuro que acreditam. Passei também a me inspirar tanto na proposta de valor da empresa quanto na visão de mundo dos aeroliters.
A metodologia: 3 Ondas de Impacto
Tive a “dor e o prazer” — rsrs — de ser um dos primeiros certificados dessa metodologia no Brasil. Em 2020 a Aerolito decidiu abrir sua metodologia autoral de inovação. Um movimento arriscado e corajoso ao mesmo tempo.
Esse post ficaria grande demais se fosse explicar, mesmo que de forma resumida, tudo o que essa metodologia abrange. Portanto vou me contentar em deixar a explicação “completona” da Fernanda Prestefelippe aqui.
Dois lados da moeda
Eu tive uma experiência um tanto quanto “ambidestra” com a metodologia. Isso porque fui cliente e aluno ao mesmo tempo.
Como assim?
Trabalho com inovação na Klabin, e em meados de novembro decidimos contratar a Aerolito para um projeto de “3 Ondas de Impacto” no nosso mercado. Porém resolvemos incluir no mesmo pacote de contratação algumas vagas na primeira turma da certificação da metodologia. Dessa forma, me tornei cliente e também aluno da Aerolito ao mesmo tempo.
Sendo assim, na mesma semana que acompanhava as aulas, eu “brifava” Kim Trieweiler, Mariana Dora, Igor Oliveira, e demais integrantes do time de pesquisa da Aerolito, sobre o contexto do projeto a ser realizado na Klabin.
Essa “ambidestria” me trouxe muitos aprendizados interessantes. Vou discorrer por alguns brevemente aqui.
Lição 1: Bússola dos futuros
Ao experimentar um exercício prático sobre a Cacau Show no mercado de chocolates na terceira aula, percebi como é importante mapear muito bem o “Algo ao Centro”, pois isso impactaria em todo o restante do trabalho.
Enquanto ainda processava os aprendizados da aula, marcamos uma reunião de Kick-Off com a Aerolito para dar início ao projeto na Klabin. Como já sabia da importância de ter um “Algo ao Centro” bem claro, pedi ajuda para o daniel, um amigo e designer, para facilitar um Pré Kick-Off entre o nosso time de inovação da Klabin e “azeitar” o objetivo e expectativas do trabalho.
Em suma chegamos no dia do Kick-Off com muito mais profundidade do que esperávamos do trabalho, ou seja, com o “Algo ao centro” bem mais definido.
Lição aprendida: Pra quem não sabe pra onde vai, qualquer caminho serve. Tenha clareza do seu “algo ao centro”. Essa será sua bússola — Tayan Cordeiro
Lição 2: Diga-me com quem andas
Em uma das aulas, a Aerolito compartilhou um “caminhão” de fontes sensacionais usadas por eles nos projetos. Fontes como Fast Company, Harvard Business Review, The Verge e muitas outras.
Você já deve imaginar que inovar em uma empresa de mais de 120 anos, como a Klabin, não é fácil. E essa jornada passa necessariamente por estar muito antenado ao que acontece no mundo. Portanto eu decidi contratar o plano PRO do Feedly para organizar minhas notícias.
Minhas fontes de pesquisa subiram para outro patamar. E além disso foram essas fontes que serviram de base para meu desafio final como aprendiz da metodologia também.
Lição aprendida: Cuidado com suas fontes! Elas te guiarão no caminho da verdade — Tayan Cordeiro
Lição 3: Se permita!
Depois de mergulhar nas fontes e mapear dezenas de objetos do amanhã, seu cérebro automaticamente começa a compilar as possibilidade e a construir as “visões”. Porém biologicamente somos seres preguiçosos. Sempre buscamos naturalmente resolver nosso problemas com o menor esforço possível.
Apesar disso, o nosso desafio, como futuristas, é promover reflexões “mindblow” em nossos clientes. Portanto o futurista precisará desviar da armadilha do óbvio e enxergar além do provável.
A imaginação é um exercício. Como um músculo que você pode e deve fortalecer. Aprendi isso em minha jornada como aluno. Mas da mesma forma, a régua de imaginação do Tayan, como cliente da Aerolito, também subiu!
Desenvolver a capacidade de criar imagens de futuros me ajudou tanto a me certificar na metodologia, como a me tornar um cliente mais questionador e provocador.
Lição aprendida: Fuja do óbvio e se permita pensar no impossível! — Tayan Cordeiro
Lição 4: Ignore menos
Essa talvez tenha sido um dos conceitos que levarei para o resto da vida. Estou falando de diversidade, respeito e empatia. Me explico.
O mundo é grande demais para concebermos sua completude e complexidade sozinhos. Sempre teremos pré-conceitos no sentido literal da palavra, ou seja, conceitos prévios. No curso isso foi chamado de “lentes”. Cada pessoa tem um background, uma história e consequentemente uma lente pela qual vê a vida.
Pois bem. Essa “lente” embutida no nosso olhar sempre será a matéria prima dos nossos “sonhos”. Logo, é a partir dela que vamos definir os limites da nossa realidade. Logo, ela é a fonte das nossas crenças e valores pessoais e, portanto, a origem das nossas decisões e ações.
Isso significa que nossas lentes ao mesmo tempo que moldam nossa forma de ver a vida, também são resultado (consciente ou não) da nossa forma de ver a vida. É como se elas fossem o X e o Y da equação simultaneamente.
Isto é, nossas “lentes”, ao mesmo tempo que nos libertam para ver o mundo, também nos limitam a um, e somente um, ponto de vista. Portanto precisamos de mais lentes pra ignorar menos o mundo a nossa volta. Para isso precisamos buscar intencionalmente:
- Diversidade. Enquanto nossas lentes individuais nos limitam, num grupo diverso elas potencializam a visão coletiva.
- Empatia. Porque ver com lentes de outra pessoa é, em primeira analise, uma DECISÃO tomada conscientemente. E a partir dai um exercício constante de humildade.
- Respeito. Porque para colaborar é preciso respeitar as “lentes” alheias, e concebe-las como pontos de vista IGUALMENTE valiosos que o seu.
Lição aprendida: Não vão acontecer futuros melhores e mais inclusivos até que reconheçamos que o futuro para todos não pode ser imaginado por alguns — Pulp Bisht
Lição 5: Um PITCH de respeito
Por fim eu aprendi que todo bom projeto de “3 Ondas” termina com um PITCH de respeito. Esse PITCH é conhecido na Aerolito como “Aula”. Nada mais é que uma reunião de 4 horas que marca o fim do projeto.
Duas semanas antes de minha apresentação como aluno, eu assisti a “Aula” da Aerolito na Klabin, como cliente. Essa experiência foi muito rica porque me ajudou a concretizar a importância da “Aula” na metodologia.
É o momento “mágico” onde os olhos dos clientes precisam brilhar. E isso não acontece por acaso. Existe uma ciência por trás. Desde a sequencia de apresentação das visões até a forma de apresentar os objetos e trazer as reflexões.
A partir dai eu decidi “chutar o balde” do senso comum e criar um PITCH com a minha cara.
Foram 141 slides apresentados em 45 minutos. 4 visões. 8 Objetos do amanhã. E reflexões de perder a conta.
O mais desafiador foi criar uma linha mestra no storytelling da apresentação baseada em personas.
Criei quatro “personas internas” que me ajudaram a tangibilizar as visões. Cada persona tinha sua história e contava um pouco sobre parte do que eu sou. Tivemos portanto:
- Tay: O futurista sonhador
- Tayano: O engenheiro e designer
- Tayson: O corôa empreendedor
- Taiwan: O investidor consciente
Minha expectativa era surpreender a banca e me certificar (aparentemente meu plano “maligno” deu certo rsrs). E já que estamos falando de persona, não teve como não finalizar o PITCH citando o mestre sobre o assunto, Fernando Pessoa.
Lição aprendida: Não importa o que aconteça. Termine a maratona em pé! — Tayan Cordeiro
Diário de Bordo
Vou disponibilizar meu “diário de bordo” dessa jornada. Decidi disponibilizar ele “cru” mesmo, sem nem um tipo de revisão. Então caso decida se aventurar a lê-lo, não se assuste se encontrar erros de português, gírias da zona oeste de São Paulo ou frases sem concordância.
Você pode baixa-lo aqui.