Reading List — Entra ano, sai ano e ela sempre volta: a lista de livros que curtimos nas férias

Ana Julia Silvino
Aerolito
Published in
9 min readFeb 17, 2022

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Nem só de leituras sobre futuros vive a equipe da Aerolito. Nessa lista vocês vão conhecer um pouquinho mais sobre os nossos interesses pessoais.

O amanhã não está à venda | Ailton Krenak

Indicação de Vinícius Cassol

Krenak reflete sobre a pandemia a partir de sua ótica de líder indígena, ambientalista e filósofo. Questiona a ideia de “volta à normalidade”, uma “normalidade” em que a humanidade quer se divorciar da natureza, devastar o planeta e cavar um fosso gigantesco de desigualdade entre povos e sociedades. O modo como nos relacionamos com o planeta nos tornou vítimas de diversas pandemias e para que elas não surjam, é necessário que uma mudança radical seja experimentada em um futuro próximo.

The Culture Map | Erin Meyer

Indicação de Julia Caleffi

O livro fala sobre as diferenças culturais nos ambientes de trabalho e como é importante conhecermos outras culturas para entendermos determinados comportamentos e maneiras de agir. Através de um mapa, é possível identificar áreas problemáticas marcadas por disparidades culturais e também onde as culturas se assemelham umas com as outras.

As Bruxas da Noite: a história não contada do regimento aéreo feminino russo durante a segunda guerra mundial | Ritanna Armeni

Indicação de Fernanda Prestefelippe

As Bruxas da Noite é um livro que conta a história de jovens mulheres que, durante a segunda guerra mundial, atacavam os alemães com aviõezinho bem pequenos em meio a madrugada. As bruxas faziam parte de regimentos exclusivamente femininos. Eram chefiadas por mulheres, com mecânicas mulheres e encarregadas pelos armamentos. É muito interessante ver a perspectiva feminista (e extremamente atual) dessas mulheres desde aquela época — com o apoio do então feminista (pasmem) Stalin. Confesso que fiquei encantada com Marina Raskova — a grande liderança desse movimento. (PS: Recomendo muito procurar as fotos da época e das personagens oficialmente vestidas com os uniformes masculinos adaptados).

O Mito de Sísifo | Albert Camus

Indicação de Kim Trieweiler

Aproveitei as férias para reler um livro curtinho, mas potente, do Camus. Nele o filósofo apresenta um dos conceitos que eu acho mais interessantes, o do Absurdismo e fala sobre como a natureza humana anseia por um sentido nas coisas, um sentido que não necessariamente existe. Ele reapresenta o mito do rei grego Sísifo, que foi condenado pelos Deuses do Olimpo a rolar eternamente uma pedra até o topo da montanha, mas sem nunca conseguir chegar no topo, pois a pedra sempre rolará até a base e compara aos humanos nessa busca por sentido, sem nunca encontrar. O convite de Camus, no entanto, é para que não imaginemos Sisifo como um homem triste, mas feliz.

The Mamba Mentality: How I Play | Kobe Bryant

Indicação de Tiago Mattos

Kobe Bryant foi um dos maiores da história da NBA. Seu apelido era ‘black mamba’ — o que culminou no título do livro: ‘The Mamba Mentality’. Na minha modesta opinião, Kobe foi o jogador com melhor entendimento da parte invisível do basquete. Não apenas a tática, mas também as privações, o foco pré e pós partida, liderança, relacionamento com a mídia e branding pessoal. É uma leitura inspiradora e que nos lembra do óbvio: para chegar num nível de lenda, é necessário muito mais do que ser simplesmente um bom jogador dentro de quadra.

O Fim da Guerra: A Maconha e a Criação de um Novo Sistema para Lidar com as Drogas | Denis Russo Burgierman

Indicação de Timóteo

Nesse livro, o jornalista Denis Russo Burgierman põe uma mochila nas costas e viaja pelo mundo para analisar como cada país lida com o problema da maconha e outras drogas, organizando dados e apresentando modelos eficazes para solucionar esse problema no contexto brasileiro. É uma ótima leitura para entender a problemática da guerra as drogas no Brasil.

Horror Noire | Robin R. Means Coleman

Indicação de Naju

Pergunta: Por que não há pretos nos filmes de terror? Resposta: Porque, quando a voz cavernosa diz “corra!”, a gente faz isso.”

Horror Noire, uma monografia de mais de dez anos da Dra. Robin R. Means Coleman, é uma pesquisa investigativa acerca da experiência negra no terror norte-americano. Com um humor sutil o livro faz um diagnóstico do nascimento do bicho-papão negro no imaginário e questiona as representações estereotipadas às quais esses corpos foram submetidos historicamente. Além disso, corajosamente, Horror Noire traz uma proposição sobre o cinema de gênero: o que muda quando o terror é colocado nas mãos de artistas negros?

Essencialismo: A disciplinada busca por menos | Greg McKeown

Indicação de Tássia Junqueira

Em um mundo cada vez mais acelerado, com excesso de informações e inúmeras opções por aí, tomar decisões se tornou mais difícil e constantemente nos vemos sobrecarregados por tanta demanda e pensamentos que geram maior ansiedade. Aquele estresse que paralisa a gente muitas vezes, sabe? Quem não sente essa pressão cada vez maior ao viver nessa Era Digital rumo ao Metaverso? Foi buscando maior equilíbrio e inteligência nas minhas escolhas que cheguei até o livro “O Essencialismo”, em que sua principal mensagem é “fazer menos, porém melhor”. Tarefa quase impossível pra quem quer fazer tudo ao mesmo tempo e ainda não desagradar ninguém! Não nos ensinam nas escolas a saber dizer “não” sem constrangimento e nem como priorizar as coisas para termos mais foco e, consequentemente, maior qualidade em nossas entregas e de vida. Por isso, aprender a mentalidade essencialista tem sido muito importante pra mim que sou o típico perfil millennial que transita em diversos mundos, explora diferentes habilidades e quer viver ao máximo experiências únicas. Espero que te ajude na sua jornada também! Boa leitura (:

Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil | Sueli Carneiro

Indicação de Nayane Ramos

Sueli Carneiro é uma das principais expoentes no debate interseccional sobre raça e gênero no Brasil. Durante cerca de 10 anos, ela produziu uma série de artigos que foram publicados na imprensa, e este livro reúne pela primeira vez muitos deles, facilitando o acesso à compreensão das estruturas sociais, dos processos históricos e sociais brasileiros. Os artigos são quase como leituras curtas obrigatórias para um maior entendimento do pensamento social e da realidade desse país no qual nos inserimos.

Intoxicações eletrônicas — o sujeito na era das relações virtuais | Angela Baptista e Julieta Jersalinsk

Indicação de Mauricio Baggio

Este livro reuniu reflexões sobre os três grandes temas mais presentes no meu cotidiano nos últimos tempos: psicanálise, relações virtuais e educação/formação de crianças. O livro trás uma serie de textos e ensaios de psicanalistas sobre a constituição do sujeito a partir do que vemos crescer em um ritmo acelerado, as relações humanas mediadas por dispositivos eletrônicos. Se nos constituímos humanos a partir das relações com outros humanos, quais podem ser implicações — nas crianças — de estas relações estarem sendo cada vez mais mediadas por tecnologias em um ou mais níveis? Distanciando-se da lógica de horror ou fascínio pela temática, comum na atualidade acerca de assuntos polêmicos como este, o livro oferece ao leitor uma abertura a complexidade que o tema em questão merece.

Neste café filosófico , Julieta Jerusalinsky, organizadora do livro, fala sobre um de seus textos publicados.

O Capote e outras histórias | Nikolai Gógol

Indicação de Fernanda Lima

Este livro reune cinco contos de Nikolai Gógol, autor que desempenhou papel fundamental na literatura russa do século XIX — “Todos nós saímos do Capote de Gógol”, afirmou Dostoiévski. Para aqueles interessados em se familiarizar com a literatura russa este livro pode ser um feliz começo. Os três primeiros contos tratam da vida na cidade, já os dois últimos do misticismo no campo através do folclore ucraniano. O primeiro conto, O Capote, é uma análise satírica da burocracia, do abuso de poder e de injustiças sociais que podem ser identificados em qualquer sociedade, em sua narrativa prevalece um tom fantástico, quase absurdo. Humor, ironia e profunda melancolia marcam o estilo de Nikolai Gógol, nesta sequência de obras-primas.

Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar | Daniel Kahneman

Indicação de Andressa Muniz

Comecei a ler esse livro porque tenho interesse em assuntos que tenham relação com estudos da mente humana. Se você tem interesse em entender como pensamos com base em conceitos de neurociência e neuroeconomia este livro vai ser muito útil. Ele praticamente deixa claro, de uma forma científica, que somos naturalmente fáceis de fazer escolhas erradas, mesmo achando que estamos sendo o mais lógico possível. O livro pode parecer um pouco técnico em alguns momentos, mas isso não torna a leitura difícil, requer foco para pensar junto com o autor e absorver os conceitos, que serão passados à medida que você avança.

Cegueira Moral: a perda da sensibilidade na modernidade líquida | Zygmunt Bauman

Indicação de Julia Farias

Uma excelente reflexão sobre a atualidade. Nos faz pensar, entre tantas coisas, bastante a respeito de situações cotidianas de uma grande cidade e a forma como reagimos e o impacto que nos causam.

Torto Arado | Itamar Vieira Junior

Indicação de Laura Souza

Vencedor do Jabuti de 2020, Torto Arado é reflexo de um Brasil antigo não tão distante. O romance começa no início do século XX e fala da realidade de negros e quilombolas que se organizam em comunidades pra manutenção da subsistência a partir de um regime semiescravo, onde a dependência do senhor (dono das terras), se mantém pela falta de estrutura do estado que garanta os direitos de cidadania para a população. Foi escrito pelo autor Itamar Vieira Junior durante sua pesquisa de doutorado — momento em que o autor conviveu com muitas comunidades quilombolas no norte e nordeste do país. A partir desses estudos ele conseguiu captar as referências simbólicas que envolvem essas populações no ponto de vista religioso, místico e sobretudo na cultura da memória falada — que passa de geração em geração, junto dos mesmos problemas de abandono social. O retrato de um país atrasado, preconceituoso e elitista.

Esse livro é por vezes indigesto, mas não deixa de ser uma indicação brilhante das leituras do último ano.

Roube Como Um Artista | Austin Kleon

Indicação de Pedro Malta

Enfatizando que “você não precisa ser um gênio, apenas você mesmo” Austin aborda o terma da criatividade quase como um manual. Super ilustrado e fácil de entender, o livro tem como propósito auxiliar e mostrar caminhos para todos aqueles que querem melhorar seus métodos de criação sempre apontando que nada é original e todo trabalho criativo vem de algum antecessor como influência. É quase que uma escolha e leitura inconsciente para mim, porque vivo à base de criatividade e estou sempre em busca de melhorar isso. Recomendo super principalmente para quem estiver se sentindo preso sem sair do mesmo lugar.

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