Três Ondas de Impacto: a metodologia de inovação da Aerolito está de código aberto.

Fernanda Prestefelippe
Aerolito
Published in
6 min readSep 29, 2020

A Aerolito — empresa da qual eu faço parte — abriu sua metodologia autoral de inovação.

Durante o curso Aerolito Experience 2020 tivemos a oportunidade de apresentar, para mais de 350 pessoas, como aplicamos na prática nosso processo de pesquisa, processamento e construção de cenários futuros no ambiente de negócios. E para nossa felicidade, a resposta de quem assistiu a esse conteúdo não poderia ter sido melhor!

Eu trabalhei com a Aerolito lá em 2016. E de lá pra cá, muita coisa mudou. Tanto na empresa, quanto na minha experiência profissional. A pesquisa me pegou de jeito. Comecei a entender o quanto essa disciplina me empolga e, mais do que isso, quão poderosa é. Já a Aerolito desenvolveu sua metodologia própria de inovação e concebeu uma forma prática de ajudar as empresas a desenharem os futuros dos seus negócios.

O gostinho desse reencontro tem tudo a ver com esse post, pois desde que conheci as Três Ondas foi amor a primeira vista. Logo percebi o valor da metodologia e levantei a bandeira de torná-la acessível e aplicável para todos — independente da Aerolito. E assim, algo que já era incrível, ganhou outra envergadura. Outra importância. Outra perspectiva. E estreou não apenas como um conteúdo do curso, mas como algo que já nasce querendo se tornar um livro, uma certificação e tudo mais que essa metodologia tiver direito. E eu? Não poderia estar mais feliz em fazer parte disso.

Introduções feitas, chegou o momento de compartilhar um gostinho das Três Ondas de Impacto. E desde já deixar registrado os meus aplausos para o Kim, Igor e Tiago, que iniciaram algo realmente novo e inspirador.

A metodologia Três Ondas

Algo ao centro

Tudo começa por aquilo que chamamos de “algo ao centro”. Assim como em qualquer processo de pesquisa, é preciso definir um campo de atuação. Determinamos um segmento e, mais especificamente, uma empresa que será o ponto de partida de todo o trabalho.

O mais interessante é que, ao colocar uma empresa ao centro, começamos a construir uma série de perspectivas e desejos que serão fundamentais para o resultado final do trabalho. Uma empresa inserida em qual mercado? Alimentação? Moda? Transporte? Construção? E quais são os recortes que interessam para essa empresa? Embalagens? Delivery? Materiais? Sustentabilidade? E ainda, como essa empresa vê o futuro? Considerando o funil do futuro, como enxergam aquilo que é provável, possível e/ou plausível?

E tudo isso passa a orientar o mapeamento que virá a seguir.

Objetos do Amanhã

Parece óbvio, mas vale ressaltar: não é possível estudar o futuro com evidências concretas, já que estamos falando de algo que ainda não aconteceu. Portanto, da mesma forma que um historiador escolhe peças para um museu a partir de sua representação histórica e de sua contribuição para uma narrativa (e não necessariamente pelo objeto em si), um futurista busca indícios para compor um cenário futuro.

No projeto “A history of the world in 100 objects”, criado em parceria entre a BBC Radio 4 e o British Museum, Neil MacGregor conta a história do mundo por meio de 100 objetos. Partindo da coleção do próprio museu, foi possível dar voz aos objetos e enxergá-los como fragmentos de um discurso. E dessa mesma forma (guardadas as devidas proporções) queremos dar voz e significado a uma série de iniciativas inovadoras que, sem dúvida, podem nos ajudar a desenhar novas possibilidades.

Chamamos esses indícios de “objetos do amanhã”, e são iniciativas que envolvem inovações, tecnologias, ciências, experimentos, produtos e novos modelos de negócio. E cada uma dessas iniciativas contribui para a projeção desses cenários que vamos explorar.

As Três Ondas

A pesquisa começa a tomar forma a partir dos “objetos do amanhã”, que vão sendo separados e organizados em Três Ondas:

A Primeira onda refere-se às inovações, tecnologias, descobertas científicas, produtos e novos modelos de negócio que estão dentro do mesmo segmento da empresa que colocamos ao centro. Geralmente essas iniciativas estão no universo de empresas em formatos mais ~tradicionais~.

A Segunda Onda refere-se às inovações, tecnologias, descobertas científicas, produtos e novos modelos de negócio que estão fora do nosso radar, ainda que dentro do segmento mapeado. Podemos dizer que a segunda onda é o terreno das startups, pois apresenta formatos não tradicionais e/ou experimentais.

E a Terceira Onda refere-se às inovações, tecnologias, descobertas científicas, produtos e novos modelos de negócio de fora do segmento que estamos pesquisando, mas que possuem potencial de impactar transversalmente esse (e outros) mercados.

Seja em projetos próprios ou em parceria com empresas, a Aerolito investe bastante tempo nessa etapa de pesquisa, podendo chegar a 200 iniciativas/cases. E com todo esse conteúdo em mãos, a gente está preparado para iniciar a parte mais fundamental do trabalho, que é desenhar as visões.

Visões

As visões são o resultado de uma análise das influências de um conjunto de iniciativas atuando na construção de um possível futuro e, consequentemente, impactando o comportamento das pessoas e do mercado analisado.

Dessa forma, são criados cenários, através dos quais a visão da Aerolito (ou de quem estiver atuando como pesquisador) também está inserida. Não há nenhuma garantia de que esses cenários irão se concretizar de fato, pois toda a metodologia se baseia em visões e não previsões.

Clareza X Certeza

Chegamos ao que talvez seja o principal ponto de diferenciação das Três Ondas em relação a outras metodologias: enquanto elas nos levam para uma só recomendação ~fechada~, a metodologia das Três Ondas vai nos levar para possibilidades e questionamentos. Ou seja, atuamos no campo da clareza, enquanto outros atuam no campo da certeza.

É possível gerar conhecimento sobre tecnologias emergentes, sobre iniciativas que estão nascendo, sobre segmentos transversais com potencial de impacto, e acreditamos que tudo isso pode fazer muito mais pelos negócios (especialmente se potencializado por quem mais entende do seu negócio: você) do que uma única resposta para todas as suas inquietações.

Não há juízo de valor entre as metodologias — eu particularmente sou fã de várias que jogam no time da certeza — mas é extremamente contemporâneo e alinhado com os movimentos pós-digitais conceber algo que explora futuros, desenhando visões e possibilidades.

Por fim

Este post não tem a ambição de cobrir todas as nuances e profundidade que a metodologia Três Ondas possui — em breve a Aerolito se encarrega de trazer novidades em relação a isso. Pra mim, o importante é dividir com quem, assim como eu, se interessa e se empolga com o assunto. Voamos!

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Fernanda Prestefelippe
Aerolito

Actually, the best gift you could have given her was a lifetime of adventures. Instagram @feprestefelippe