O tsunami do bem: Descobrindo a potência da metodologia Três Ondas de Impacto

Janaína Tanure
Aerolito
Published in
9 min readApr 1, 2021

A descoberta

Conheci a Aerolito em 2018, e, desde então, venho progressivamente conhecendo, e admirando cada vez mais, o trabalho desenvolvido pela empresa. No primeiro semestre de 2020, me tornei efetivamente aluna em um de seus cursos, mas foi o finalzinho do segundo semestre de 2020 que me reservava uma grata surpresa, uma certificação em uma tal de metodologia Três Ondas de Impacto. Ao ver o anúncio, fiquei, no mínimo, curiosa para saber mais detalhes. Assisti a uma live do Kim e Tiago explicando em linhas gerais do que se tratava, e não precisou de muito mais do que isso para eu me decidir. E lá me fui participar da primeira turma de certificação na metodologia autoral de inovação da Aerolito: As Três Ondas de Impacto.

Ao final do intenso processo de certificação, iniciado em novembro de 2020 e concluído em fevereiro de 2021, a sensação de ter completado a jornada foi realmente incrível. Quando o mestre Kim me perguntou se eu topava escrever um pouco sobre como foi esse processo pra mim, não pensei duas vezes! Sabia que seria (como de fato foi) um prazer relatar essa jornada pessoal com a metodologia, e como foi minha experiência de conhecer e me articular nela. E meu amigos…que jornada épica!

Reconhecendo o território

O que de pronto me encantou na metodologia é que ela é simples, porém longe de ser simplista. Na verdade, não é nem um pouco complexo entender a lógica principal por trás da sua proposta, e do conceito dos seus quatro principais pilares: 1) o Algo ao Centro; 2) os Objetos do Amanhã; 3) as 3 Ondas; e 4) as Visões.

E é ai que as coisas ficam interessantes. É exatamente na clareza de propósito de cada uma de suas etapas, que reside a riqueza da metodologia. Como um tsunami em alto mar, ela é aparentemente calma em sua superfície, no entanto, basta mergulhar um pouco mais profundo, para perceber sua conformação de múltiplas camadas, com pujança, potência, poder e movimento, para muito além do determinismo que algumas metodologias de prospecção de cenários futuros se propõem a apresentar.

Ainda explorando a analogia do tsunami, uma força da natureza que possui um centro bem definido gerador do movimento, a partir do qual se irradia potência com impacto difícil de se prever, a metodologia Três Ondas de Impacto possui base sólida, com métricas e critérios bem definidos, mas com a característica de ser um sistema aberto, com extremidades open-ended, com potencialidade de impactar de diversas, e imprevisíveis, maneiras o seu receptor.

Eu diria que a metodologia me parece ser neta da criatividade e filha da disciplina. Pois congrega de forma harmônica a permissividade dos avós que deixa correr livre a imaginação, própria dos processos de ideação, e o rigor educativo dos pais, que orquestra a convergência dessa potência criativa para dentro dos contornos e métricas de uma senhora metodologia.

Como alguém que adora metodologias, essa potencialidade realmente me encantou, e me motivou ainda mais a mergulhar de cabeça nesse novo e desconhecido oceano. Com uma meta bem clara de não me afogar durante o processo!!! O bom é que havia excelentes capitães no leme e muitos passageiros empenhados, como eu, em completar o itinerário, se permitindo curtir cada etapa da jornada.

O Itinerário e o Mapa da Mina

Algo que vale a pena ser mencionado é a forma como foi estruturado o curso, que, a meu ver, favorece o aprendizado. Tivemos um intervalo de duas semanas entre a primeira e segunda etapa do conteúdo, onde fomos convidados a colocar em prática os pilares 1, 2 e 3 da metodologia. Fomos divididos em grupos menores de alunos, que recebeu um tema para ser trabalhado dentro de um mercado específico. Esse processo de experimentação já nos permitiu efetivamente “colocar a mão na massa” e, depois de duas semanas, ter bagagem mínima para um esclarecimento de dúvidas mais efetivo, além de um terreno mais sólido para partir para a etapa mais transversal e finalística da metodologia, a composição das visões de futuros. Algo que acredito que foi o “mapa da mina” e agregou muito valor nesse exercício inicial, assim como no desafio final da certificação, foi estarmos organizados em grupos, que nos permitiu realizar essa jornada “acompanhados”, trocando impressões, experiências, dificuldades e descobertas, tornando o processo ainda mais rico.

Entendo que um melhor proveito de aprendizado da metodologia é diretamente proporcional à carga de dedicação e esforço pessoal que são empregados ao longo do processo da capacitação. Não há como negar essa proporcionalidade. Acredito que os colegas que tenham ido a fundo nessa jornada, devem concordar comigo que sim, ela é uma metodologia trabalhosa e que exige tempo, energia e disposição para se atingir seu objetivo. Mas o resultado final é algo realmente inovador, provocativo e instigante. A metodologia encerra consigo o esforço e o critério da pesquisa exaustiva, o cuidado com a métrica, e a abstração da imaginação, para a construção de um estudo rico em potencialidades.

Preparando para zarpar

Como um sistema aberto, o encontro de cada um dos alunos com a metodologia teve suas particularidades pessoais. A “informação proprietária” é detalhada a fundo pela Aerolito, que abre, literalmente, o código fonte de sua metodologia autoral de inovação, ponto de partida para que cada um de nós pudesse se articular e estabelecer nossa forma de nos “apropriarmos” de suas ferramentas, cada qual a sua maneira. A abordagem é open source de ponta a ponta. São detalhadamente apresentadas desde as particularidades de cada etapa do método, até as fontes de pesquisa, dicas de apresentação e ferramentas de ideação.

E antes mesmo de adentrarmos a metodologia em si, somos cuidadosamente preparados e convidados a olharmos para nós mesmos, para reconhecermos quais são as lentes pessoais que orientam nossa visão de mundo, pois serão elas que serão o fio condutor da nossa articulação com a metodologia. Ainda, nos é sabiamente contextualizado que não existe neutralidade do pesquisador na construção de um estudo qualitativo sobre o futuro. O interessante é que, ao mesmo tempo que nos é liberada a “interferência criativa” no processo, é também reforçada a responsabilidade que temos ao conduzir uma pesquisa de construção de visões de futuro para um determinado segmento, pois, de uma forma ou de outra, não há como manter uma pretensa neutralidade em um processo que convida à cocriação de reflexões sobre o futuro.

Bem vindos a bordo!

Navegando em alto mar

Para o desafio final da certificação, fomos novamente dividimos em grupos, cada qual com um segmento da atuação humana. Dentro desses temas, cada aluno recebeu o seu “algo ao centro”, etapa 1 da metodologia, onde trabalhamos a empresa objeto da atenção do estudo e protagonista dos nossos holofotes futuristas. O interessante dessa primeira etapa da metodologia, é que somos orientados a estudarmos bastante o passado e o presente dessa empresa, para entendermos com profundidade o seu mercado e universos tangentes, para que possamos pensar com propriedade sobre possíveis futuros. Sim, com “s” no final. Toda a abordagem da metodologia é um convite à reflexão sobre possíveis, e desejáveis, futuroS, sem a pretensão de colonizarmos o futuro do nosso algo ao centro. A busca é pela transversalidade, diversidade e multiplicidade, com o cuidado de não cairmos nas teias de uma abordagem determinística.

Na etapa 2, é onde conhecemos e selecionamos os “objetos do amanhã”. Cases de tecnologias, inovações, iniciativas e negócios que, de alguma forma, trazem potenciais testemunhais que podem fazer o nosso algo ao centro refletir e repensar o seu negócio e mercado. E essa etapa é realmente insana! Porque, se deixar, tem potencial de virar um loop infinito que não acaba nunca!!! É tanta coisa interessante que você descobre que já existe no mundo, que dá vontade de continuar pesquisando e aprendendo sem hora para terminar. Mas como todo carnaval tem seu fim, uma hora a pesquisa tem que ser concluída, para seguirmos em frente nas próximas etapas. O processo segue então uma lógica de divergir, enriquecendo as possibilidades, para convergir, para tomada de decisão sobre o que fica e o que sai. Baita exercício de desapego (que nem sempre é fácil)! Essa etapa foi pra mim, particularmente, uma jornada a parte! Como é enriquecedor tomarmos consciência, de tempos em tempos, do quanto sabemos que não sabemos (sem entrar no mérito do que não sabemos que não sabemos), e como essa é uma busca que não vai, e nem deve, terminar nunca.

Ao entrarmos na etapa 3, nos deparamos finalmente com a distribuição dos objetos nas famosas três ondas. A primeira onda é importante, e necessária, pois é quase um estudo da concorrência. A segunda onda é ainda mais interessante, pois é onde nos deparamos com novidades incríveis que estão rolando no setor, que nem imaginávamos que já haviam “saído do papel”. Mas a terceira onda, essa sim é a estrela principal da peça, e precisamente a chave da transversalidade e riqueza da metodologia. A terceira onda te convida a extrapolar os limites do universo estudado, e te dá passe livre para a imaginação rolar solta: a potencialidade do “Imagina se…” é lindamente ilimitada! Imagina se essa inovação no segmento de hotelaria for adotada por um hospital para melhorar a experiência do paciente? Imagina se essa novidade no mundo dos games for adaptada para algum dispositivo que auxilie o monitoramento da saúde de uma pessoa, que por sua vez pode levar a uma mudança nos seus hábitos alimentares? Imagina se essa mudança no mundo do trabalho, impactar a forma como pensamos moradia, que por sua vez pode remodelar toda uma lógica no setor de turismo?

E para enriquecer ainda mais esse estudo exploratório, a metodologia nos convida a olharmos com lentes amplas, e holísticas, todos esses objetos selecionados e extrapolarmos deles tendências e sinais convergentes que nos leva a agrupá-los nas intrigantes e inéditas pós-categorias. Um conceito riquíssimo que nos conduz a um pensamento espectral, muito além de uma abordagem meramente categórica, para agruparmos objetos do amanhã pelas afinidades convergentes que apresentam, e não segregá-los pelas diferenças que nos levaria a simplesmente categorizá-los.

As potencialidades e múltiplas camadas que essas “despretensiosas” três ondas apresentam é realmente algo mindblowing. Não sei se tenho palavra melhor para definir.

E por fim, chegamos à etapa 4, para a construção das visões de futuroS. Algo que não é estudo prospectivo. Não é previsão de futuro. Não é ficção científica. É algo no meio, que busca construir clareza, em vez de apontar certezas. É, portanto, algo não categórico. É um exercício de imaginação de futuros plurais, e possíveis consequências no comportamento humano e no setor analisado, sem nenhuma garantia de que irão se concretizar. É, antes de mais nada, um convite à reflexão e à cocriação, propiciando que o encontro de cada pessoa com cada visão seja único, provocativo e open-ended. E sem a pretensão de abranger todas as possibilidades de futuros, porque, no final das contas, um estudo é sempre um recorte.

Registro da defesa do Desafio Final da certificação, com os queridos Kim, Mari e Fê na banca
Registro da defesa do Desafio Final da certificação, com os queridos Kim, Mari e Fê na banca.

Diário de bordo

Para nós, alunos, que tivemos a oportunidade de trabalhar com a metodologia pela primeira vez, é incrível observar como a evolução da expansão da consciência é rápida, potente e acontece em múltiplas camadas. De repente, você se pega estudando a fundo assuntos totalmente fora da sua zona de conforto, confabulando neologismos criativos para nomear as pós-categorias, imaginando visões espectrais de futuros, questionando conclusões lineares sobre o mundo, e abrindo uma benéfica caixinha de pandora para uma esfera muito além do “óbvio e previsível”. Uma rica jornada de desaprender, para aprender a reaprender. Quando me percebi estudando a história do vaso sanitário por mais de uma hora, interessadíssima nas projeções de inovações que estavam sendo testadas para esse item comum que todos nós temos em casa, sem ter a mínima ideia de como fui parar ali naquele site, dei uma larga risada e pensei “gente, acho que essa metodologia realmente me pegou de jeito!”.

Por fim, se eu pudesse escolher um único ensinamento, dentre os tantos que vimos ao longo da certificação, que me ajudou a entender (não a definir) a proposta da metodologia Três Ondas de Impacto da Aerolito, seria:

“Não pesquisamos para sabermos mais sobre o futuro. Pesquisamos para ignorarmos menos os futuros.”

Desembarque

Bom, essa foi minha jornada pessoal com a metodologia. Se você ficou, no mínimo, curioso, #ficaadica para subir a bordo em uma próxima oportunidade! Essa jornada poderá te surpreender!

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Janaína Tanure
Aerolito
Writer for

Bióloga, que atuou da pesquisa científica à administração pública. Inquieta por natureza, movida a desafios e eterna entusiasta lifelong learning.