#1 — Da repressão ao diálogo

ana
aespiral
Published in
3 min readMay 25, 2020

A aversão insistente às minorias religiosas

Por Ana Luíza Cardoso e Laura Marina Remesso

(Reprodução: Plenarinho)

Há quem sinta na pele, há quem sinta na mente. Os traumas, independente de quais forem, ficam marcados para sempre naqueles que sofrem ou já sofreram com a discriminação. Enraizado em nossa sociedade, o preconceito está mais presente em nosso dia a dia do que imaginamos e se apresenta das mais diversas formas e pelas mais diversas razões. Sua maior motivação? As diferenças.

Em um país tão plural e com um Estado Laico estabelecido no papel, o Brasil ainda carrega em sua história a intolerância religiosa, caracterizada pela ausência ou falta de vontade para reconhecer ou, ao menos, respeitar as crenças alheias. Segundo dados coletados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), em 2018, em todo o país, foram registradas 210 denúncias de discriminação contra religiões em geral. Essa é uma demanda ainda pouco discutida, mas que demonstra necessitar de atenção ao nos depararmos com os geradores dessa rejeição: o julgamento de superioridade de uma religião à outra, a falsa sensação de soberania de pensamento, a ignorância, racismo, entre outros. Muitas são as motivações, mas pouco se enxerga, de fato, a necessidade dessa aversão.

Já em Tubarão, a preocupação com esse tema resultou na criação de uma lei para fomentar a tolerância religiosa. A Lei nº 87/2016, de autoria do vereador Paulo Henrique Lúcio, busca realizar um acoplado de atividades que visam auxiliar o avanço do respeito entre todas as religiões, mas principalmente no conhecimento mais afundo das com matrizes africanas. Aspecto importante quando observamos as estatísticas. Pois, nesse caso, os números coletados pela LAI preocupam quando observamos a questão das africanas, cujas denúncias de intolerância aumentaram 7,5% em comparação com o ano anterior.

No entanto, o fato de ter uma crença diferente não é o único motivo para gerar preconceito, a ausência dela também provoca reações negativas. Este é o caso de André Motta, que no auge dos seus 16 anos começou a se questionar sobre as crenças nutridas dentro de sua família e, consequentemente, fora dela. “Sempre fui de questionar bastante coisa. Não gosto de seguir algo sem entender um porquê ou motivo. Assisti Cosmos, uma série de documentários científicos e vi as coisas de outras formas, vi que estava sendo influenciado”, contou o estudante, hoje com 20 anos e ateu. Depois desse período, ele começou a vivenciar o que outros ateus já vivenciavam: as pessoas utilizando termos repletos de ignorância para se referir a ele ou justificar os problemas que lhe aparecerem com a justificativa de que lhe falta Deus.

O fato é que a pluralidade religiosa existe e que, mesmo assim, as minorias continuam sendo as que mais sofrem nesse cenário. A Umbanda, a Nação Cabinda, o Noaidismo, a Assembleia Inclusiva e o Budismo foram retratados no decorrer desta reportagem, mas não são as únicas a sofrerem com repressões.

--

--