#3— Da repressão ao diálogo

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2 min readMay 25, 2020

De Bará a Oxalá

Por Ana Luíza Cardoso e Laura Remesso

Batuque é uma religião afro-brasileira de culto aos Orixás / Foto: Reprodução

São onze os orixás cultuados no Batuque. Denominada como filha da Nação Cabinda, Solange Antunes, resume a religião em poucas palavras: muito difícil. Seu primeiro contato foi ainda adolescente, com um primo pai de santo, quando seu pai resolveu levá-la para frequentar sessões de umbandistas. Depois, levou alguns anos para retornar a sua fé em um momento de muita necessidade espiritual. “Entrei por urgência, não por vontade. No Batuque ou você entra por amor ou pela dor, e eu entrei pela dor”, confessou.

Com doutrina de matriz africana e originada na Angola, a Nação sofre imensas ações preconceituosas, tanto verbais quanto físicas. Com Solange não foi diferente. Ela conta que, durante seus 20 anos de adoração, passou por vários momentos complicados, principalmente com relação à sua família. “Minha irmã insiste em dizer que um dia eu vou encontrar Deus, ela quer que eu encontre o Deus dela e não aceita que eu já possuo um”. E fora do ambiente familiar também, por cultuarem o sangue em sacrifício a certas coisas, as pessoas têm uma visão hostil e preconceituosa. “Dizem: ah, lá vem o macumbeiro. Sabe, é difícil pessoas como eu contarem para outras pessoas, fora desse círculo, que somos filhos da Nação”.

Apesar de hoje ser completamente apaixonada pela crença que tem, Solange assume que existem pessoas boas e más na religião tanto quanto em outras. “Como em todas as outras, existem pessoas boas e pessoas más. Hoje, as pessoas de várias religiões têm esse olhar de que ‘a minha é sempre a melhor’. Pra mim, é pura ignorância”, frisou Solange.

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