#4— Da repressão ao diálogo

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2 min readMay 24, 2020

A resistência do antissemitismo de raiz histórica

Por Ana Luíza Cardoso e Laura Remesso

O movimento Bnei Noach surgiu a partir de um desejo do Rebbe de Lubavitch de propagar o conhecimento das 7 leis universais aos não judeus / Foto: Reprodução

Nascida em família católica, Camila Ya’akov sempre se questionou sobre suas raízes. Escutou desde nova que seu bisavô materno era judeu e, por essa razão, há dois anos realizou pesquisas para saber sua real linhagem religiosa. “Sempre me contavam histórias relacionadas a ele, então fui atrás e descobri que era verdade. Com as pesquisas, comecei a me relacionar com o judaísmo e percebi que me adaptei só a essa doutrina dentre todas as que tive contato, porque minha educação em casa era baseada nas Leis de Noé”.

Segundo dados do IBGE, obtidos no censo de 2010, o Brasil possui a segunda maior comunidade judaica da América Latina. Além disso, se não fosse a Inquisição, o país teria mais judeus do que Israel e a Alemanha, de hoje, juntas. Os descendentes, em sua maioria, se converteram ao catolicismo para fugir das ameaças. Ameaças essas que a Camila ainda sofre nos dias atuais. A jovem faz parte do grupo de brasileiros denominados como Filhos de Noé ou Bnei Noah, que seguem o Noaidismo, uma vertente do judaísmo. Nelas, a diferença está atrelada as leis. O judaísmo segue as leis concebidas por Moisés e o Noaidismo se firma nos princípios estabelecidos nas Sete Leis de Noé. “Na rua ninguém identifica que eu faço parte do Noaidismo, porque me visto normal, mas nas redes sociais até ameaçada de morte eu já fui. E quem mais ataca são os próprios cristãos, que dizem que preferimos Barrabás do que Cristo”, destacou a jovem de 29 anos.

Tradução das Sete Leis de Noé / Foto: Reprodução

Por fim, Camila culpa a ignorância pelo índice de violência justificada pela fé. “Intolerância com o que é intolerável a gente compreende, mas com religiões, cor de pele e sexualidade não tem como entender. Pra mim, na maioria dos casos, é ignorância, desconhecimento e estupidez mesmo”, avalia ela.

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