#6 — Da repressão ao diálogo

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aespiral
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3 min readMay 24, 2020

Pela harmonia inter-religiosa

Por Ana Luíza Cardoso e Laura Remesso

Retiro de inverno no Centro de Estudos Budistas Bodisatva, em 2018 / Foto: Reprodução

Aluna do Lama Padma Samten e praticante do Centro de Estudos Budista Bodisatva — CEBB, Laura Cristina Germano enxergou no Budismo a oportunidade de olhar para dentro e começar uma busca interna sem fim. De acordo com tudo que já absorveu da religião e suas próprias convicções, ela acredita que o Deus que todo mundo conhece é uma plenitude que se reconhece. “Se existe essa potência humana de felicidade, liberação, alegria, amor ao próximo, essa essência… Se Deus é tudo isso, a gente encontra o mesmo no Budismo. A gente não fala de Deus, mas reconhece essa natureza”, defendeu.

O Budismo tem como berço a Índia e foi instituído por Sidarta Gautama, um príncipe repleto de privilégios que não deixava de lado seus questionamentos. Sua maior inquietação era o sofrimento humano e, por isso, deixou de lado as regalias e fugiu em busca de respostas. Após muito meditar, encontrou suas estruturas karmicas e desafios. Não se fixou no medo, mas atravessou e superou cada um deles até entender como foi construído o sofrimento humano e como sair dele. A partir disso, fez a promessa de ajudar a todos a se libertar desse sofrimento. Ficou conhecido como Buda, cuja definição se refere ao estado desperto da mente e, desde então, a religião tem adquirido adeptos em todo o mundo.

Laura afirma que o Budismo compreende à existência de diferentes posições de mente e que nessas várias formas de entender a vida há espaço para comportar toda diversidade religiosa. Ela, no entanto, crê que a intolerância nesse cenário se refere a estreiteza mental do ser humano. “Se eu sigo dogmas muito estreitos, eu cada vez vou excluir mais seres. É uma visão que vai ficando obtusa conforme crenças. Quando a gente senta pra sonhar juntos, a gente sonha coisas muito parecidas. Todo mundo quer ser feliz, quer ter abundância, ter boas relações, um ambiente seguro, paz. A gente não quer sonhar em exterminar o outro”.

A budista ainda ressalta que no CEBB ações em prol da tolerância são realizadas com frequência, onde a finalidade é fomentar essa união entre as religiões e andar junto. “A gente faz práticas inter-religiosas na escola que eu participo. Convidamos outras religiões para estar com a gente, pra sentar junto, conversar e ouvir cada um, para andar e olhar pra frente pelo que a gente tem em comum. Quando conseguimos olhar mais amplo, vemos que todo mundo tem essa natureza amorosa e igual, onde todo mundo merece ser incluído”.

Não só Laura, mas todos os personagens dessa reportagem acreditam em um contexto onde todos serão respeitados por serem quem são e por adotarem seus próprios caminhos. Há espaço para todos, desde que não se sobressaia o desejo de trazer sofrimento a outros seres. É necessário ter compaixão e transparecer da fé o melhor que ela pode entregar: o respeito.

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