Era sábado e nascemos!

Afetos Periféricos
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2 min readNov 20, 2018
Na foto, reunião de planejamento do projeto, onde passamos uma tarde de sexta inteira colocando todas as ideias no papel. No sábado, saímos à campo no bairro João XXIII, local onde Afetos Periféricos tomou vida // Foto: Yago Oliveira

Projeto pensado para trabalho final de uma disciplina de Fotojornalismo em um curso de Comunicação Social — Jornalismo no Ceará.

E seria apenas isso se, momentaneamente, não tivéssemos nos olhado e pensado “Ei, isso aqui é muito mais que uma disciplina, né não?”. E é. Afetos Periféricos surge em um momento turbulento na vida de três estudantes que, impulsionados pela vontade de vivenciar o fazer jornalístico, resolvem sair às ruas de bairros de Fortaleza, cidade onde moram-estudam-aprendem-dançam-bebem-choram-abraçam e tantos outros inúmeros verbos.

Resolvem sair às ruas em momento de pós eleições, de incertezas sobre o ano que virá — de medo silencioso que circula em uma das cidades mais perigosas do mundo. Mesmo não gostando de citar o último fato, ele é real. Fortaleza, capital do Ceará, configura como a sétima cidade mais violenta do mundo, segundo ONG do México. E o que isso significa? Que existem taxas, estatísticas, dados sobre crimes. Existem desigualdades, negligências, exclusão.

Existem Fortalezas que ninguém conhece, que fazem questão de esconder. Mas existe uma Fortaleza pouco reparada, ouvida com atenção. E ela pulsa. Uma Fortaleza que não pode ser medida, que não se encaixa em taxas, estatísticas ou dados, porque, grande demais, ela transborda em forma de gente. Ou Gentes, porque somos muitos e muito nos afetamos. O Afetos Periféricos não busca respostas ou soluções. Buscamos o entremeio dos processos expostos acima e estamos no entremeio do Jornalismo e outras áreas. Se o entremeio é o que nos interessa, esqueçamos o resultado, o fim.

O caminho são as ruas das periferias de Fortaleza, os personagens não estão listados — eles aparecem e nós abraçamos, assim como abraçamos o que somos: três jovens estudantes, inexperientes, perguntando constantemente o que é o Jornalismo. Mas, mesmo sem resposta concreta, encarando-o como uma ponte entre aquilo que somos, o que queremos nos tornar e o espaço gigante, enorme, ensurdecedor que existe diante das incertezas. Foi em um sábado que saímos pelas ruas do João XXIII, bairro da periferia de Fortaleza, para desenvolver a primeira parte do projeto. Foi lá, também, que percebemos a grandeza do Afetos Periféricos.

Era sábado e nascemos!

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