Proteja o seu quilombo
Os resultados dessas eleições confirmaram o que já esperávamos para o futuro. O movimento negro sempre esteve à espreita, anunciou com antecedência e denunciou diversas vezes o que acontecia da Ponte pra cá. A ditadura nunca deixou o morro, sempre esteve presente. Considero que, de alguma maneira, é importante que tudo tenha se dado de maneira tão completa e escancarado também aos mais privilegiados a situação de todo país: a desgraça.
Tal qual Mano Brown, não tenho a menor intensão de passar a mão na cabeça de ninguém. O povo preto sofreu e ainda sofre todos os dias, inclusive na mão da dita esquerda, com batalhas desiguais, pautadas unicamente por pessoas brancas, priorizando questões terceiras e silenciando diversos apelos urgente — e aqui falo por mim, sabendo que diversas outras minorias também se fuderam demais ao longo da história. Bom, agora a água bateu na bunda e alguns estão desesperados com a possibilidade de ter que lutar, resistir, o que para nós é um modus operandi.
Aos pretos e pretas, especialmente, oro para que seja um momento de manutenção política e organização para novamente traçar estratégias para continuidade de nosso povo. Olhe no espelho e repita todos os dias: “sou alguém importante demais!”, pois não há nenhum outro povo que tenha sobrevivido há séculos de sofrimento e conseguido tomar a nossa proporção. Somos milhões, maioria no Brasil, grande parte da população mundial. Como foi dito por Erica Malunguinho, sempre perspicaz, nós precisamos voltar para o lugar de onde nunca saímos, para o nosso lugar de luta. Sejamos sinceros, com a vitória de Haddad também não estaríamos em uma situação ideal; melhor do que Bolsonaro? Com certeza, mas ainda assim, não seria o ideal, seria preciso fazer oposição independentemente dos resultados. Por fim, acredito que a gente deva se concentrar em estudar, ler e escrever para registro.
Passou da hora de estarmos unidos e organizados, fazem de tudo para que isso não aconteça, assassinam nossos líderes, se lembrem para sempre de Marielle Franco. Arrastam nosso povo no barro e, ainda assim, chegamos até aqui; assim como Nanã Buruquê, fazemos da lama o nosso lar.
Aos brancos e brancas, pra mim é poucas, ou estão conosco ou contra nós.