Explorando a Inovação Educacional no Japão: Afya rompendo fronteiras

Ithalo Hespanhol de Souza
afya

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A Afya, com o intuito de se manter na vanguarda da educação médica do Brasil, participou da Missão Técnica Internacional ao Japão, organizada pelo SEMESP (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior). Como representantes da Afya, estivemos eu, Ithalo Hespanhol de Souza, e nosso Diretor de Ensino, Luiz Claudio Pereira, na comitiva brasileira de 40 pessoas.

Dos dias 16 a 29 de maio, tivemos a oportunidade de explorar o uso de inteligência artificial e práticas inovadoras em educação. Nossa agenda incluiu visitas a diversas instituições de ensino renomadas, como a Tsukuba University, Tokyo University, Hiroshima University, Eikei University e Kyoto University of Advanced Science (KUAS). Além disso, fomos recebidos no MEXT (Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia do Japão) e na Cyberdyne, empresa líder em ciborgues para reabilitação humana frente a doenças diversas. A fim de compartilhar as principais percepções e aprendizados dessa experiência enriquecedora, traremos abaixo alguns pontos de destaque desse período em terras nipônicas.

Caminho de aprendizado: visita às Instituições

Nosso caminho de aprendizado começou com a visita ao MEXT, onde nos foi apresentado o cenário da Educação Superior japonesa, bem como a projeção deste cenário para os próximos 25 anos. Com uma baixa taxa de natalidade, a população japonesa está em um processo de envelhecimento, fazendo com que o percentual de jovens, de 18 a 24 anos, nas Instituições de Ensino tenha uma previsão de declínio de 20% (2024) para 16% da população em 2040. E não para por aí, o percentual da população em idade de trabalho também possui previsão de queda, de 59% para 50% em 2050. Diante desse preocupante cenário para o desenvolvimento do país, uma vez que a educação é parte essencial para tal, foram criadas políticas de incentivo para intercâmbio estudantil, tanto para estudantes japoneses, como para estudantes de outros países do mundo. O Intuito? Amplificar o potencial educacional e de desenvolvimento japonês com a contribuição de outros continentes.

Isso ficou muito claro nas visitas a todas as instituições. Nossa visita à Universidade de Tsukuba destacou a importância da interdisciplinaridade e da cooperação internacional. Fomos recebidos pelo Prof. Takahiro Morio e pelo Prof. Claus Aranha, brasileiro que participou do programa Ciências Sem Fronteiras e, após se graduar no Brasil, retornou ao Japão para fazer seu mestrado e doutorado por lá. Desde então reside e leciona na Universidade de Tsukuba. Takahiro e Claus nos apresentaram programas e iniciativas que utilizam inteligência artificial (IA) para criar ambientes de treinamento médico virtual. Essas simulações de alta fidelidade permitem que os alunos pratiquem procedimentos médicos em um ambiente seguro e controlado. Além disso, evidenciaram que a universidade enfrenta desafios semelhantes aos nossos em relação à adaptação dos professores às novas tecnologias, mas está avançando com programas de capacitação e inovação.

Imagem 1. Ithalo e Luiz no MEXT | Imagem 2. Registro da delegação brasileira e dos membros da Tsukuba University

No mesmo dia, seguimos a nossa jornada, agora, na Cyberdyne. Fomos recebidos pelo CEO, Yoshiyuka Sankai. A empresa é pioneira no desenvolvimento de dispositivos cibernéticos para reabilitação médica, como o exoesqueleto HAL (Hybrid Assistive Limb). Na tabela a seguir, demonstro alguns dos dados que nos foram apresentados em relação aos resultados obtidos com o HAL.

Resultados apresentados pela Cyberdyne comparando o potencial do HAL na reabilitação frente a outros métodos.

Esses dispositivos, tal como o HAL, permitem uma reabilitação mais eficaz, proporcionando aos alunos uma compreensão prática das tecnologias assistivas avançadas. A Cyberdyne exemplifica como a inovação pode ser uma força motriz para a evolução biomédica, abordando problemas médicos e sociais complexos com soluções tecnológicas.

Imagem 1. HAL-BB04 | Imagem 2. HAL-ML05 | Imagem 3. Luiz e Ithalo na Cyberdyne | Imagem 4. Comitiva do Brasil em visita a Cyberdyne.

Ainda em Tóquio, vistamos a Universidade de Tóquio, uma das mais prestigiadas do Japão, está na vanguarda da pesquisa em inteligência artificial. Fomos recebidos pela Diretoria da Graduate School of Frontier Sciences (GSFS) e pelo time responsável pela pesquisa em fusão nuclear. A universidade integra IA em diversas disciplinas, além de colaborar com empresas de tecnologia para desenvolver soluções inovadoras, como o projeto de reator de fusão nuclear (só existem três em estudo no mundo). Em nossa visita, apontaram as dificuldades na transição entre níveis de ensino, principalmente em motivar os jovens a seguirem o caminho das pós-graduações, um desafio comum também em nossas instituições.

Imagens da nossa visita a Universidade de Tóquio

Após uma agradável viagem de trem-bala, nossa busca por boas práticas educacionais, desembarcou em Hiroshima. Lá fomos recebidos pelo VP e Reitor da Hiroshima University, senhor Shinji Kaneko, que nos mostrou iniciativas de tecnologia em parceria com instituições privadas e o projeto de smart city em Higashihiroshima. Dali, seguimos para a Eikei University, talvez uma das mais surpreendentes da nossa visita. Mais recente e inovadora, incorpora IA em diversas áreas de estudo, com forte ênfase em humanidades digitais. A instituição aposta em parcerias com startups para desenvolver projetos de IA aplicados na educação, promovendo uma aprendizagem ativa e personalizada.

Viu-se nas visitas às salas e ambientes de estudo o engajamento e o prazer dos estudantes em estarem na Instituição.

Imagem 1. Diretoria da Eikei University e delegação brasileira. | Imagem 2. Fotos da nossa visita à Eikei University.

Última parada: Kyoto!

Após mais uma viagem de trem-bala, desembarcamos em Kyoto, mais especificamente, na Kyoto University of Advanced Science (KUAS), fomos apresentados a projetos que integram IA com biomedicina e tecnologias de saúde. A universidade desenvolve sistemas de diagnóstico assistidos por IA, que ajudam na identificação precoce de doenças. Também utilizam simulações médicas avançadas com realidade aumentada e virtual para treinar estudantes de medicina. Fomos também apresentados a pesquisas e desenvolvimento de dispositivos médicos vestíveis que monitoram a saúde dos pacientes em tempo real, fornecendo dados importantes para estudantes e profissionais de saúde. Essas inovações demonstram o potencial da IA para transformar a educação médica, tornando-a mais eficiente e personalizada.

Apresentações de algumas das iniciativas da KUAS frente aos avanços da IA e robótica.

Conclusão

A missão técnica ao Japão trouxe insights valiosos para que possamos aplicar nas Instituições de Ensino da Afya. Entre as principais lições, destaca-se a necessidade de integrar a IA no currículo, não como uma disciplina isolada, mas incorporada em diversas áreas de estudo e adaptada ao contexto de cada disciplina e curso. Desenvolver currículos que preparem os alunos para resolver problemas sociais complexos, promovendo um olhar transversal e interdisciplinar, também é uma lição importante. Além disso, é fundamental investir na formação contínua dos professores para que possam utilizar as novas tecnologias de forma eficaz e, assim, termos a melhor apresentação delas para nossos alunos. Tais ações podem ser impulsionadas por metodologias de ensino que desafiem os alunos e adaptem-se às suas necessidades individuais, utilizando tecnologias como realidade aumentada e virtual. Afinal, a mudança de currículo e sua construção também passa por uma mudança de como ele deverá ser apresentado ao aluno.

Por fim, a visita ao Japão foi uma experiência transformadora, mostrando como a inovação e a tecnologia podem ser aliadas poderosas na educação. As práticas observadas nas instituições japonesas oferecem um modelo inspirador para aprimorar a educação médica no Brasil, preparando nossos alunos para os desafios do futuro. Espero que, com este breve relato, eu possa ter levado vocês para o Japão com a gente, nesta jornada de busca eterna por mudar o mundo por meio da educação.

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