"Pharrell is saving adidas, not Kanye"

JP de Oliveira
Agência Binky
4 min readMar 9, 2016

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Se você se dedicou ao seu cursinho do FISK, como eu, você leu certo: É o Pharrell que está salvando a Adidas, e não o Kanye.

Esse foi o título de um post feito há menos de uma semana em um dos maiores portais do mundo quando o assunto é streetwear: o Hypebeast.

Mas será que é justo comparar Pharrell com Kanye em relação à arrecadação?

Antes de mais nada, deixe de lado seu preconceito. Não só em relação à música mas também em relação ao caráter dos artistas. Até porque, se você for analisar com um prévio (e pertinente) ódio do Mr. West, vai ser complicado, já que todo mês ele nos presenteia com algum absurdo ou delírio.

Agora que estão prontos, vamos lá!

Kanye de rolé com seu Yeezy 2.

Em 2013, Kanye West mete o pé da Nike xingando muito no Twitter. Motivo: Não recebia royalties dos seus produtos, como por exemplo, Michael Jordan recebia. Sim, ele se comparou com o cara que salvou o mundo num jogo de basquete contra alienígenas.

Pipa voada desse naipe não fica tanto tempo à deriva. Na mesma hora a Adidas jogou a marimba e resgatou.

Parecia que os planetas estavam se alinhando, pois na mesma época, três dos melhores designers de tênis da Nike (tive o prazer de conhecer o Mark) estavam também na Adidas.

Chora Nike! (Brincadeira, te adoro)

O resultado? Bem…

Não importa o site ou loja, é sempre SOLD OUT.

Um dos modelos, quando foi lançado na Adidas da Oscar Freire (SP), gerou tanto desejo que a confusão na fila de compradores acarretou no cancelamento do evento. É, meu filho… tiveram que chamar a polícia. E, quando finalmente puderam lançar, o estoque desses calçados descolados de quase 1 mil reais se esgotou em um único dia.

Foto: http://sneakersbr.co/

Chega de Ye, agora vamos falar de P.

Em 2014, Pharrell Willians assinou um contrato com a marca das três listras. Uma jaqueta ali, um tênis acolá… tudo muito bem feito, naquela excelência que já conhecemos do artista.

Até que…

…ele pegou um dos modelos mais clássicos e icônicos - não só da Adidas mas de toda a cultura dos sneakers -, o SUPERSTAR, disponibilizou em 50 (cinquenta!) cores diferentes e jogou avanço nesse mundo de meu Deus, por menos de R$300.

Resultado dessa brincadeira: mais de um bilhão de dólares para os cofres da marca, só em 2015 - segundo o portal The Business Of Fashion.

Os dois rappers não são o Mc Bin Laden mas giraram muita postagem e muito comentário. Sendo todas as tretas, obviamente, de autoria do Mr. West, que arrumava confusão zombando da Nike e seus atletas como LeBron e Jordan em suas próprias músicas.

Apresentados os cenários, vamos à conclusão.

De um lado, um clássico da cultura Sneakerhead, disponível em uma cacetada de cores e num preço justo. No outro, tênis de edição limitada, com um design nunca visto antes, usando materiais que acabaram de sair do laboratório, num valor de mil reais pra cima. Já entendeu, né?

É óbvio que o SUPERCOLOR do Pharrell vai ser mais lucrativo. Essa comparação não faz sentido.

Seria justo se fizessem dois do modelo Superstars, um assinado pelo Kanye e o outro pelo Pharrell, com mesmo preço e igualdade na publicidade e pontos de venda. Pronto. Aí sim temos uma luta justa.

Ainda acho que o Pharrell iria ganhar por ser mais popular, e pelo fato da imagem do Kanye ser cada vez pior. Mas convenhamos que o que tem surgido desse homem tem esquentado demais o “game” e levado a marca do Sr. Adi Dassler à um outro nível. O nicho dos viciados em tênis tem enlouquecido e corrido atrás de um mínimo spoiler dos próximos modelos e colorway dos Yeezys.

Fim de papo.

Mas… ainda restou uma pulga atrás da orelha aqui.

Se algo pode salvar a Adidas, com certeza é um herói.

A Nike tem LeBron James, a Under Armour tem Stephen Curry (ameaçando demais o 2nd place da Adidas no mindshare dos pisantes)… e a Adidas?

Sem dúvidas, Pharrel e Kanye são heróis para muitos, dado o contexto de superação, pois não nasceram em berço de ouro etc. (Convenhamos que Kanye se enquadra mais no arquétipo do Fora da lei, né?) A Puma, por exemplo, tem trabalhado muito bem com Rihanna. Mas estou falando do atleta, do centro, business, raiz e foco de todas essas marcas citadas.

É evidente a pretensão da mídia especializada em criar polêmicas onde não faz sentido ter. E, é essencial o apoio de embaixadores como músicos e formadores de opinião para uma marca que deseja ser influente.

Mas se não é o Pharrell, quem vai salvar a Adidas?

James Harden?

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JP de Oliveira
Agência Binky

34 anos, carioca, designer, casado com Agnes Camargo e tutor da dupla Bruno & Marrone.